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Emma

Eu não via o reitor com muita frequência, mas sabia que aquela voz era dela vindo da sala de Miller, ele fala sobre tudo estar resolvido e que Miller pare de se envolver em encrencas, mas o imbecil só faz comentários sarcásticos sobre isso. Eu também sabia que eles tinham uma aproximação, mas nesse nível dele limpar as merdas de Miller fora da faculdade já não tinha conhecimento. Será que eles são parentes?

Quando chegamos eu atirei a jaqueta dele em seu rosto e subi indo direto pro quarto, peguei no sono ainda chorando e agora já é noite, quase dei de cara com eles conversando quando ouvi as vozes e parei antes de chegar na cozinha onde ia buscar água.

— Quem era a garota com você? — pergunta o reitor e percebo mesmo sem tá olhando pra ele a curiosidade na voz dele.

Por um momento penso que o Miller não vai responder.

— Parker.

— Emma Parker? A que você atazana?

— Está surdo? — eu bem consigo ver ele olhando com tédio pro reitor.

— O síndico me procurou pra reclamar do barulho aqui. Pensei que você não tivesse mais pesadelos.

De novo fica mais um tempinho em silêncio.

— Foi só uma vez.

Ele não mentiu mesmo quando disse que sempre tinha pesadelos. Pela terceira vez na vida eu tenho pena dele. Ficar daquele jeito com frequência é de partir o coração. E pela terceira vez eu logo me recrimino por isso, mas se eu for sincera mesmo fico dividida. Não consigo esquecer como ele ficou naquela noite.

— Se voltar com frequência vai ter que se mudar — o reitor avisa.

— Não vai. Eu passei do horário e apaguei pra valer — a voz dele sai baixa mesmo que dê pra eu ouvir. Ele tava com vergonha de contar aquilo e talvez medo.

Não poder se entregar ao sono quando quer é péssimo, eu sei bem como é. Graças a ele. É por isso que o meu lado burro tem que aprender e não ter pena dele. Eu sei o que ele passa exatamente por culpa dele.

— Por que não volta a terapia, Miller? — sugere.

— Adiantou muito — ele debocha.

— Fez amigos. Não são os melhores, mas fez ao menos dois.

Olha que surpresa. Miller não tinha amigos antes.

— Já pode ir — ele diz.

Fica mais um instante tudo em silêncio.

— Por que não perdoa seus pais? Talvez seja o melhor e os pesadelos passem — a voz do reitor carrega pena — Você não é tão ruim quanto quer que as pessoas pensem. Por que não se esforça pelo contrário dessa rebeldia?

— Fora — ele quase grita.

— Uma última coisa. A menina Parker é a garota que tem vivido aqui? — ele não responde — Tenha algum limite, não sei até onde posso limpar suas bagunças, seus pais também podem cansar apesar de tudo. E ela pode muito bem cansar e fazer algo irreversível.

— Já fez — ele fala — Ela me odeia. Agora se manda.

Outro daquele momento silencioso que imagino os dois se encarando aí a porta é batida.

Volto pro meu quarto.

(...)

— Pedi pizza — não sei bem o motivo pelo qual não pulo de susto vai ver eu já tô acostumada com ele e essa sua mania.

Nas Mãos Do Badboy - 1º da série Nas Mãos Do Amor {COMPLETA 🔞 - BULLY ROMANCE}Where stories live. Discover now