Cap. I _ O sonho

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Acordo suado, como há muito não acordava, ainda que esta não seja uma das manhãs mais quentes do ano.

Pesadelos eram constantes nas minhas noites desde o final da minha adolescência, mas esse sonho tinha sido diferente de tudo o que eu estava acostumado.

Ao invés da já conhecida sensação sufocamento e desorientação, eu acordo me sentindo fortemente abraçado pela coberta, que envolve toda a extensão da minha pele.

Mesmo o quentinho abafado do quarto, que normalmente seria incômodo, proporciona uma sensação uterina aconchegante.

Meu pau está levemente duro, mas supersensível ao toque. Fricciono-o contra a macia espuma do colchão, enquanto tento recapitular meu sonho: Jonas arfando na minha nuca.

Essa era a primeira imagem que me vem ao lembrar do sonho. Depois, lembro que estávamos deitados numa cama. O peso quente do seu corpo me pressionava contra o colchão. Mas não me senti sufocado, como da vez que ele, de fato, se deitou sobre mim.

No sonho, eu me sentia quase protegido pelo seu peso, como se nada mais pudesse me atingir embaixo daquele homem. O lençol do sonho era branco, exatamente como este que eu estou enquanto relembro meus devaneios noturnos.

Pressiono meu rosto contra o lençol e sinto o cheiro de amaciante de lavanda impregnado na roupa de cama. O tecido está tão macio, alvo e cândido que contrasta intensamente com meus pensamentos e desejos impuros.

Forçando um pouco mais a memória, me lembro que Jonas sussurrava algo no meu pé do ouvido. Não recordo exatamente suas palavras, mas tenho a sensação de que foi algo carinhoso. No geral, ele tinha sido bastante afetuoso em meu sonho, diferente de como me lembrava que ele tinha sido anos atrás, quando havia me sodomizado numa cela de prisão.

Era quase como se hoje, passados onze anos do acontecido, meu inconsciente estivesse romantizando a imoralidade que havíamos cometido.

Mas não me permito julgar o desejo. Continuo lembrando da versão amorosa e fantasiosa de Jonas, enquanto roço lentamente o pau no colchão. Não faço movimentos bruscos para não acordar aquela que dorme do meu lado na cama de casal.

Suprimo os suspiros pressionando o lábio inferior com os dentes. Não quero gozar de modo algum para aproveitar o máximo a lembrança daquele sonho caloroso. Se eu forçar um pouco a imaginação, consigo até lembrar de seu volume abrindo minhas nádegas.

"Ai Jonas", sussurro baixinho, tensionando a fronteira entre sonho e realidade. Dizer seu nome me deixou mais imerso naquela viagem sensorial, tornando tudo aquilo ainda mais palpável. "Aaah, Jonas", repito em forma de gemido enquanto me esfrego na cama, submergindo em êxtase e lembranças.

Os primeiros gemidos saem inaudíveis, mas os seguintes ganham em forma e volume. Estou testando os limites do aceitável, como se brincasse com fogo.

Minha noiva dorme há um palmo de mim, enquanto estou gemendo ao lembrar de outro homem. Por um segundo, desejo que ela acorde para me flagrar naquela situação, totalmente afetado e lascivo.

Cada vez que eu aumento o volume do gemido, é um pedido velado e inconsciente para que ela desperte e me veja naquele momento de entrega e vexame. Mas ela não acorda.

O que Jonas diria se me visse nessa situação agora?  Eu o conheço desde que me entendo por gente. Por termos crescido praticamente juntos, eu me acostumei a chamá-lo de primo. Mas a verdade é que não passamos de parentes distantes.

Nossas mães eram primas distantes - de segundo ou terceiro grau. De certa forma, pensar que não somos parentes de verdade minimiza nossa relação incestuosa, o que será reconfortante mais tarde, quando a consciência pesar.

Os Homens da Casa (GAY)Where stories live. Discover now