Cap. XVII _ A prisão (Parte2)

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Nessas ocasiões, eu me esforçava pra puxar assunto com Jonas.

Não que eu quisesse ser simpático com o meu antigo algoz, mas eu achava que o tempo passaria mais rápido se não ficássemos apenas nos encarando até a hora de eu ir embora.

Jonas, no entanto, pouco se abria comigo. Talvez ele estivesse bancando o marrento na frente dos outros presos, pensei.

Aguentei seu silêncio o quanto pude, até que um dia eu decidi confrontá-lo:

"Por que você nunca fala comigo quando eu venho te visitar? Eu te fiz alguma coisa?"

Esperei por uma resposta agressiva ou pouco amigável, mas sua fala veio surpreendentemente calma: "Não, Davi. Não é nada disso, primo".

"Então o que é? Você não me disse que queria ser uma pessoa melhor comigo? Eu não entendo porque você me ignora quando eu venho".

"Eu acho que... Eu só não queria que você viesse me ver aqui. Não quero que você tenha essa imagem de mim", esclareceu como se confessasse um segredo.

Só então percebi que ele estava com vergonha de ser visto naquela posição, enclausurado em um cenário desumano e decadente.

Fiquei sem palavras e então foi Jonas quem pareceu querer manter o diálogo.

"Você ainda tá comendo aquela puta na laje de casa?", perguntou em tom de deboche, como se tentasse mudar de assunto.

"Não, não faço mais essas coisas na laje". Não queria falar sobre isso, pois era Ivan quem estava comigo na laje momentos antes de Jonas encontrar minha calcinha. Lembrar das minhas aventuras sexuais com meu tio ainda me era dolorido.

Mas estava contente porque finalmente meu primo puxava um assunto comigo.

"Por que? As putas não te dedavam do jeito que você gosta?", o sorrisinho debochado brotou em sua face. Parecia que o velho Jonas estava ressurgindo bem diante dos meus olhos.

Eu não tinha como negar que gostava porque ele já tinha me visto de pau duro enquanto me dedava.

Só virei a cabeça e ignorei sua provocação. Fiquei em silêncio olhando os outros presos com seus parentes, mas agora ele estava especialmente desesperado por atenção e puxou outro assunto:

"Ei, aqui também tem muitas bichas, tá ligado?"

"É mesmo? Você já comeu alguma?", minha pergunta poderia soar como provocação, mas era uma curiosidade genuína.

Eu já estava suficientemente acostumado com o ambiente prisional para saber que, nas cadeias, só se consideram bichas os homens que se deixam penetrar. Estes perdem completamente seu status masculino e passam a ser tratados como fêmeas subalternas.

Os ativos não perdem sua masculinidade, até porque muitos detentos não têm direito a visitas íntimas (apenas homens casados podem receber visitas, de suas esposas) e precisam se aliviar com o que aparece. De modo geral, os estupros são proibidos pelas facções, então o sexo com as bichas tem que ser consentido.

"Ainda to me virando só com a mão, mas não faria mal dar uma aliviada num cuzinho...", aquilo me soou como uma proposta absurda, não havia nada que pudesse ser feito ali para aliviá-lo.

"Seu pai pediu pra avisar que não tinha os biscoitos que você gosta, então ele comprou outra marca", tentei desconversar.

"Você ainda esfrega as camisinhas dele no cu?", ele parecia decidido a entrar naquele tipo de conversa, mas eu fechei a cara e voltei a ficar em silêncio por alguns segundos, até que ele continuasse. "Foi mal, Davi... Me perdoa, namoral mesmo".

"Eu não entendo essa sua necessidade de me provocar".

"Eu achei que cê tava deboa com isso".

"Não tô deboa, não gosto de falar dessas coisas", estava prestes a me levantar a encerrar aquela visita antes do horário determinado.

"Oxe, por que não? Você fica se contendo, se segurando, ao invés de admitir o que você curte".

"Não tô me contendo, estou me resguardando. Mas você me provoca desde antes de saber que eu faço essas coisas daí".

"Eu te provocava pra chamar sua atenção, priminha...", ele sabia como eu ficava irritado quando ele me chamava assim. "Mas você sempre foi fissurado pelo velho, nunca nem ligou pra mim, daí eu comecei a implicar pesado pra ver se você me notava", continuou.

"Você quer mesmo me convencer que passou anos me azucrinando porque queria minha atenção?", perguntei nervoso com aquela justificativa absurda.

"Sei lá, mano... Eu achava divertido te azucrinar, mas também era uma forma de te lembrar que eu existo", respirou profundamente, como se tentasse colocar os pensamentos em ordem e continuou: "e depois eu comecei a sentir prazer em te deixar submisso..."

"Então você gosta de me ver acuado, amedrontado. É isso? Você sente tesão em me dominar? Isso faz você se sentir mais poderoso?", desatei a perguntar, na esperança de que ele finalmente fosse sincero comigo.

Mas ele parecia cansado de pensar no que falar, então soltou uma piadinha infame pra encerrar o assunto: "Pega na minha pica que eu te respondo isso tudo", falou apontando com os olhos para sua própria cintura.

Olhei pra ele incrédulo com sua incapacidade de ter uma conversa madura. Sabia que ele queria me deixar sem graça com aquela piadinha idiota.

Era isso o que ele esperava de mim, que eu fosse recatado e covarde, que eu passivamente evitasse o conflito.

O pátio estava muito cheio, aparentemente todos estavam ocupados com suas famílias, os guardas não davam conta de vigiar tudo e faziam vista grossa para várias infrações.

Então resolvi surpreendê-lo, mostrar que eu não era mais tão inocente quanto ele imaginava, que eu conseguia ser tão imprudente e inconsequente quanto ele.

Movimentei minha mão em sua direção e a coloquei dentro de sua bermuda, tocando diretamente seu pau. 

"Achou que eu não teria coragem?", indaguei, diante a sua cara de assustado com a minha reação.

Seu pau estava mole, mas logo começou a crescer e tomar forma envolvido pelos meus dedos. Minha cara queimava de vergonha, mas não tiraria minha mão até que ele pedisse.

Seus olhos reviravam como se há muito tempo outra pessoa não tocasse seu membro. Deixei a mão parada em torno do seu pau, só acariciando a ponta de sua glande com o meu polegar. Já estava completamente duro.

Ele estava sentado do meu lado, inclinou as costas pra trás e começou a mover levemente o quadril, chamando o mínimo a atenção possível, como se metesse na minha mão.

Algumas pessoas começaram a olhar, mas eu não queria ser o primeiro a desistir daquela insanidade libidinosa.

"Arrumem um quarto pra vocês!!", alguém gritou de longe. Tirei minha mão rapidamente, com o rosto queimando de vergonha. Meu primo mordia os lábios inferiores, tentando controlar seus desejos carnais.

"Semana que vem você volta sem meu pai!" falou enfaticamente, num tom de voz que soou mais como uma exigência do que um pedido.

Eu sai da prisão morrendo de vergonha, com a certeza de que nunca mais voltaria para não ter que encarar aquelas pessoas outra vez. O cheiro de sua jeba impregnou-se na minha mão, servindo como um lembrete do constrangimento que eu tinha passado no pátio do presídio.

Os Homens da Casa (GAY)Where stories live. Discover now