Cap. VI _ A fera

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"Eu não quero saber de confusão no meu aniversário, gente". Foi Geisa, irmã de Jonas e aniversariante do dia, quem irrompeu daquela tormenta que vinha se desenhando entre pai e filho no quintal de seu lar.

De um jeito espevitado e sapeca, a fala da garota surgiu como uma clarão de ternura frente à brutalidade arrogante dos machos da casa.

Em seguida, ela colocou o pagode no volume máximo e me puxou para dançar.

Respirei aliviado quando os dedos de Jonas afrouxaram no contato com a minha bunda.

Dancei timidamente com Geisa só até que todos os olhares se dissipassem e eu não fosse mais o centro das atenções.

Depois, me retirei disfarçadamente e voltei para dentro de casa. Estava devastado, meu coração parecia querer sair pela boca.

Me recolhi no quarto que dividia com Jonas desde a infância. Minha vontade era deitar-me em minha cama e chorar silenciosamente, abafando meu pranto em meu travesseiro.

Teria que conter minha lamúria para que ela não fosse mais uma demonstração da minha fragilidade. Mas nem eu mesmo conseguia sentir pena de mim.

Lembrar da humilhação que meu primo tinha me feito passar suscitou em mim mais raiva do que tristeza. Olhei para a cama vazia de Jonas e senti um ardor se expandindo como um tumor no meu peito.

Um ardor tão descomedido que se apossou de mim e antes que me desse conta, eu já havia voado como um bicho em direção à cama do meu primo.

Minhas unhas agarraram seu travesseiro. Meus dentes atacaram selvagemente a fronha de poliéster.

Na minha mente, era como se eu estivesse desmembrando uma pequena presa. Rompi a carcaça daquele animal imaginário, mas ao invés de sangue e entranhas, voavam pedaços de tecido destroçados pelo quarto.

A capa do seu travesseiro estava amarelada e fedia. Tinha acumulado uma crosta de sebo por conta das tantas vezes que meu primo havia dormido sem tomar banho depois de voltar de suas partidas de futebol.

Eu mordia e babava com fúria aquela almofada que tantas vezes confortou os sonhos perturbados do meu algoz.

Estava completamente possuído naquele surto colérico. Sentia como se estivesse devorando, estilhaçando, dizimando uma parte de Jonas. Meu pênis crescia em contato com a sunga que eu ainda vestia.

Comecei a sentir espasmos em meu corpo ao ouvir barulho do tecido se rompendo em meus dentes. Estava gozando.

Havia espumas do travesseiro espalhadas por todo o cômodo. Minha sunga estava completamente imunda de porra. E eu estava com a boca cheia de retalhos e fiapos de tecido.

Mal tive tempo de relaxar depois de gozar, nem mesmo de tentar entender o que havia se passado comigo.

Rapidamente me levantei, recolhi as espumas que haviam voado pelo quarto e coloquei o meu travesseiro na cama de Jonas, na esperança de que ele não percebesse a troca.

De fato, o desgraçado era tão desordeiro e displicente com suas próprias coisas que nem percebeu quando dormiu com outro travesseiro.

Mas nem uma boa noite de sono foi capaz de acalmar os ânimos da casa. As coisas pareceram mais insustentáveis nos dias que se seguiram.

Parecia que a discussão no churrasco havia explicitado uma disputa que, até então, era quase velada.

Eu ficava feliz quando Ivan me defendia dos assédios do filho. Me sentia protegido e amado, já que por muito tempo meu tio tinha feito pouco caso das provocações que eu sofria de Jonas.

Os Homens da Casa (GAY)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon