Cap. V_ Os homens da Casa

4.5K 170 9
                                    

O afastamento emocional de Ivan acabou gerando uma lacuna de poder na família e Jonas parecia querer se aproveitar disso para aumentar sua capacidade controle sob aquele teto.

Além disso, meu tio já não era o único provedor do lar desde que Jonas tinha começado a trabalhar. Muitas vezes, inclusive, meu primo fazia mais dinheiro que seu pai.

Mesmo assim, Jonas não dava muitos detalhes sobre suas fontes de renda. Dizia que fazia uns bicos, mas as vezes ele esbanjava tanta grana que eu me perguntava se ele não estava mexendo com coisas ilegais.

A partir de então, Jonas passou a se achar no direito de mandar na forma como eu arrumava as coisas, na comida que eu fazia e até mesmo nas roupas que eu usava.

Mas eu me mantinha leal aos comandos de Ivan, o que deixava meu primo ainda mais possesso. Ele percebia que eu tentava agradar seu pai a todo custo e não gostava nada disso.

Me acusou de tentar substituir sua mãe. Passou a me chamar de viado e de bixinha.

Dava quase para ouvir sua cabeça maquinando um jeito novo de se impor sobre mim. Apesar de suas provocações insistentes, eu evitava o confronto a todo custo.

Para o seu desespero, eu pouco me importava com o que Jonas pensava de mim. Ignorá-lo era minha melhor arma para deixá-lo enfurecido.

Mas isso teria um custo e eu estava consciente de que a qualquer momento ele poderia escalar o nível de seus ataques.

Certa feita, Jonas apalpou minha nádega enquanto eu lavava louça na pia. Era um sábado de dia escuro, daqueles que a luz do sol parece uma extravagância.

Estávamos sozinhos em casa. As meninas brincavam na rua e tio Ivan provavelmente estava trabalhando - ou bebendo no bar.

Me afastei do seu toque num espasmo, mas certo de que Jonas havia me encostado sem querer.

Seu rosto, no entanto, exibia um sorriso de canto de boca sacana.

Ele estava visivelmente contente e isso por si só já era um mal sinal. Meu primo havia desbloqueado um novo modo de me diminuir e sua satisfação era evidente.

"O que é isso?", indaguei incrédulo com seu assédio.

"Qual é, priminha? Vai dizer que não gosta de um carinho na bundinha?", debochou, alargando sua boca carnuda num sorriso e ostentando um punhado de dentes brancos.

Quis empurrá-lo, mas sua imponência me amedrontava. Percebi, desde já, que sua estratégia era me diminuir extirpando minha masculinidade.

E tinha dado certo. Me senti vulnerável e inseguro.

"Eu vou contar pro seu pai, Jonas!", ameacei, tentando conter o nervosismo evidente na minha voz.

"E você acha que o velho liga pra você? Ele não tá nem aí pra você".  Eu sabia que era verdade que Ivan pouco se importava em me defender das provocações do filho, mas saí de perto e deixei ele falando sozinho.

Jonas pegou a jarra de suco na geladeira, colocou num dos copos que eu havia acabado de lavar e juntou-o a pilha de louça suja que se acumulava na pia.

"Volta aqui e termina o seu servico!", ordenou impositivamente, de um modo até então inédito.

Gastei um par de segundos calculando os riscos de cada possível reação de minha parte.

Ignorá-lo poderia enfurecê-lo. Acatá-lo confirmaria minha posição subalterna, aumentando sua prepotência.

Impaciente, ele insistiu, elevando o tom de voz: "Volta logo aqui, porra! Eu to mandando!".

Os Homens da Casa (GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora