Capítulo II: como a porra de um rei

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Quando Namjoon nasceu, a guerra ainda varria qualquer sinal teimoso de esperança das terras de Joseon. Chamar aquele embate de guerra era quase um equívoco quando o que realmente acontecia era uma massacre a sangue frio do povo coreano.

Sua mãe, uma empregada simples criada em uma casa de família, grávida de um dos patrões, decidiu que não deixaria que seu filho fosse criado na mesma miséria que ela ou enfrentasse os horrores da guerra e da fome.

Quando Kim Nami embarcou em um dos cargueiros do reino de Joseon com o filho no colo ela tinha um plano simples: se tornar cozinheira, criar o filho nos mares enquanto os terrores do ódio dos homens ainda caminhasse pelo continente, retornar com o dinheiro de seu trabalho e comprar um pedaço de terra para chamar de seu, para dar a Namjoon quando ele tivesse idade e juízo.

Mas seus planos se viram mudados quando ela acabou se apaixonando por um simples tripulante.

Pedro Moth era um britânico de origem tão miserável quanto a de Nami e tinha se tornado tripulante por um motivo parecido com o seu: a fuga. Mas os anos no mar acabaram endurecendo o coração do jovem britânico que perdeu toda a paixão que um dia cultivou por sua terra natal.

Kim Nami deu a ele algo que nunca tinha se atrevido a tentar antes. Eram amantes silenciosos, mal se entendiam, ela com seu inglês trôpego e ele com seu coreano inexistente. Mas se amaram, de forma febril e intensa, guardados pela proa do navio mercante de especiarias e ele havia desistido de seus planos de se juntar a pirataria para se tornar parte do plano simples da coreana.

Mas a peste veio também aos mares e Nami foi uma de suas primeiras vítimas. Moth se viu endurecido de novo diante do mundo, uma máscara de ódio lhe cobrindo a feição antes calorosa e qualquer um que olhasse com atenção aqueles olhos azuis aguados veria que ele não seria capaz de amar novamente.

O que o impediu de se entregar totalmente à loucura foi a promessa que fez ainda no leito de morte da amada de que cuidaria com a própria vida de seu filho, uma criança esperta que agora completava seus dois anos de idade. O batizou então como Namjoon Kim Moth, seu único que se tornaria com o tempo seu maior orgulho.

Se juntou a um grupo de flibusteiros e logo era um dos piratas mais conhecidos nos mares asiáticos e europeus e, quando em um ato de rebelião se apossou de uma escuna de vinte canhões, ele já era uma lenda.

Namjoon sentia falta do pai todos os dias. De suas histórias infindas sobre a bondade da mãe morta, sobre os terrores e as maravilhas da humanidade, suas longas lições de navegação, mas principalmente a sensação de se ter uma família.

Mesmo com toda a dor, nunca almejou a vingança, pois seu pai sempre lhe disse sobre a inutilidade da mesma. Mas prometeu ao corpo frio e ferido do pai que só descansaria quando tivesse cumprido com a promessa que ele mesmo não pôde cumprir. Porque Moth prometeu duas coisas a Kim Nami em seu leito de morte: que protegeria Namjoon e que libertaria sua terra das algemas britânicas.

E agora ele quem devia tomar a responsabilidade por ambas.

Por muito tempo ele não conseguiu pensar em nada que pudesse lhe tirar dali ou ao menos contribuir para que colocasse seu plano ousado em ação. Isso até dois meses antes daquele quando o boato de que o filho bastardo do rei tinha se juntado ao acampamento.

Yoongi tinha exatamente aquilo que ele precisava encontrar em um companheiro para uma empreitada como aquela que ele queria dar início: motivação e ódio, muito ódio.

Mas sua paciência vinha se esgotando enquanto via seu parceiro em potencial se curvar para aqueles malditos generais como um servo. Ele sabia que se não interferisse ele ia acabar consumido pela fúria reprimida e então seria tarde demais.

Protagonistas do Caos | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora