Capítulo XXV: era uma vez o final

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Namjoon tinha se esquecido de como uma cela pode ser desconfortável. Depois de tantos anos desde que tinha deixado de ser um prisioneiro de Joseon, muito o admirava que os aposentos dos presos continuassem na mesma precariedade. Não esperava ser recebido com flores, já que foi anunciado como um assassino perverso e ardiloso — sendo esse segundo adjetivo o favorito do capitão — , mas era um preso quase famoso, merecia pelo menos uma rede!

O maior problema de se estar preso era também o fato de que não podia ficar junto de seus dois "namoridos". Taehyung estava no palácio, junto de Jungkook e Yoongi, bancando o papel de padre desafortunado. Seokjin estava em uma cela que ficasse apontada para o Sol, como medida protetiva contra bruxos — nada eficaz contra bruxos de fato, mas um pouco eficaz contra humanos no geral porque o calor era terrível.

Hoseok estava na cela ao lado da de Namjoon, reclamando o tempo todo de que ele não tinha sido informado que teria que lidar com ratos durante a execução do plano.

Os piolhos de cobra, restante da tripulação, tinham sido deixados na Ilha do Leão, para que pudesse seguir o caminho que lhes convenha, com seu pagamento em ouro. Namjoon não ficou com a mente tranquila deixando os garotos a própria sorte, mas era o combinado e, se o plano de Joseon desse errado, o final da tripulação do Spine não seria bonito.

O plano se desenrolaria rapidamente, afinal de contas, Jungkook já tinha contado em uma carta o que teoricamente estava acontecendo, dando meios de completar o plano.

Prezada marinha de Joseon,

Meu nome é Jeon Jungkook, príncipe de Joseon, conde de Busan, último filho de minha linhagem. Fui capturado por flibusteiros cruéis na ilha de Xangai junto do padre Taehyung, responsável pela minha catequese.

Temos enfrentado horrores inimagináveis e todas as tentativas de fuga resultaram em torturas físicas e psicológicas.

No entanto, encontrei, também prisioneiro desses monstros vis, meu meio-irmão Yoongi. Esse pobre homem foi tirado de seus serviços a nação há muitos anos e forçado a ver seus companheiros morrerem sem poder ajudá-los. Desde então está preso nesse navio, junto desses flibusteiros.

Peço, no entanto, para que não encarem essa carta como um pedido de ajuda e sim um relato. Não ataquem mais o navio, não venham em nosso resgate. Esses homens possuem informações que podem livrar nosso amado país das garras daqueles que nos mantém reféns também há tanto tempo.

Prometo que retornaremos, levando esses homens para prisão e punição, mas também trazendo conosco um importante documento.

Em breve retornaremos como fiéis filhos de Joseon.

Com coração saudoso,

Jeon Jungkook.

Yoongi foi recebido no palácio com festa e banquete. Já não reconhecia mais os serviçais e pensou que muito provavelmente todos já deviam estar mortos.

A situação de Joseon enquanto colônia estava cada vez pior. Com os pedidos de impostos exorbitantes, a economia do império não era capaz de se reerguer, muito menos progredir. Era uma estratégia básica de colonização, mas ainda assim, aquilo enfurecia Yoongi.

Sua intenção com tudo aquilo nunca foi salvar Joseon ou qualquer bobeira sentimental como aquela. Mas depois de todos aqueles anos e depois de conhecer histórias de pessoas como Taehyung, que comeram o pão que o diabo amassou — ou que a igreja assou, no caso do ex-padre — vítimas da invasão inglesa, Yoongi passou a nutrir o segundo sentimento que mais motiva um homem: ódio.

Protagonistas do Caos | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora