Capítulo XV: era uma vez o governador

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Na manhã seguinte, metade da tripulação se encontrava em suas cabines se recuperando da noite anterior. Taehyung checou Jungkook, que ainda dormia, antes de subir ao convés.

Sorriu ao ver Singapura ainda ali, diante de seus olhos, e entendeu o que Seokjin falou sobre não querer ir embora.

Namjoon estava sentado nos degraus próximo a sua cabine com uma caneca fumegante que, pela careta que ele fazia toda vez que provava, Taehyung presumiu ser o café de Hoseok.

— Bom dia, capitão — falou se aproximando e Namjoon o agraciou com um sorriso.

— Bom dia, padre. Dormiu bem?

— Uhum — assentiu ocultando que na verdade tinha tido um pouco de dor no estômago pela quantidade exorbitante de cacau que tinha comido no porto. E mesmo que ele soubesse que a sua dignidade se encontrava esquecida, não custava nada preservar o pouco que lhe restou. — Disse que hoje vai visitar o governador — mudou logo de assunto.

— Sim, ele pediu para que eu o encontrasse — deu de ombros e olhou para a praia. — Acha que ele reconheceria você?

— Quem? O governador? — perguntou confuso. — Não vejo como.

— Você trabalha diretamente com a família real, talvez pudesse ser um rosto comum no palácio de Joseon.

Taehyung riu diante daquilo e Namjoon o olhou curioso.

— Nunca nem mesmo pisei lá. Eu só fui contratado para cuidar do príncipe por insistência do mesmo em ter alguém jovem por perto. Não sou nenhuma celebridade real ou coisa do tipo.

— Poderia ser, você tem esse jeito pomposo dos que integram a côrte real.

Taehyung ergueu o cenho e Namjoon sorriu ladino claramente em provocação.

— Está a me chamar de esnobe?

— Oh não — se corrigiu rapidamente recebendo um olhar afiado do padre. — Apenas... Hum... Gracioso? É bonito como um lorde.

Taehyung corou violentamente e desviou o olhar para os próprios pés.

— Não o sou — respondeu dando de ombros. — E meus modos são apenas porque aprendi que se ficar quieto ninguém percebe minha origem. Quando faço o contrário acaba como os inúmeros episódios de vexame aos quais já me prestei nesse navio — coçou a nuca rindo sem graça enquanto Namjoon o lançava um olhar calmo.

— Se ficasse assim tão calado seria uma perda para todos nós — o capitão se levantou e ajeitou a camisa do outro que agora dobrava as mangas longas deixando a mostra os braços finos. — Venha comigo e os outros homens ao almoço na casa do governador. Thomas é católico, aposto que ele adoraria ter a companhia de um padre.

— Talvez ele seja mais católico que eu — falou baixinho, mas logo notou o que falou corando e tapando a própria boca.

— Não perguntarei — deu de ombros vendo o outro um pouco aflito — , nunca o achei o melhor dos padres de qualquer forma — brincou vendo Taehyung ficar ainda mais vermelho.

— Eu... Eu me tornei padre por necessidade, não odeio o ofício mas... imagino que talvez me falte mesmo um pouco de vocação.

— E se não por necessidade, o que você seria?

Taehyung o olhou confuso, ninguém nunca lhe fez aquela pergunta.

— Nunca pensei sobre.

— Entendo, mas deveria pensar. — Taehyung apenas assentiu pensando que aquela era uma ideia absurda pra alguém como ele. — Virá conosco?

Protagonistas do Caos | TaeNamJinDonde viven las historias. Descúbrelo ahora