Interlúdio

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Parte 2: Paraíso e Redenção

"Do céu tombei ao caos em meus martírios sem saber para que subi tão alto..."
— Soneto LXXV, Alphonsus de Guimaraens

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Príncipe Sado foi o segundo filho do grande rei Yeongjon e assumiu o controle da Dinastia Joseon após a morte de seu meio-irmão Hyojang. Jangheon, também conhecido no ocidente como o Príncipe Sado, era a próxima pessoa na linha de sucessão ao trono e, apesar de sua posse ter causado algum desconforto geral, ele era o novo comandante daquela nação reclusa e em crescimento.

Porém, Sado não teve a oportunidade de governar. Aos vinte e sete anos foi morto de forma cruel, sendo confinado dentro de uma enorme caixa de arroz por sete dias inteiros, até que morresse de fome. Tudo a mando de seu próprio pai.

Entretanto, qualquer piedade que o povo de Joseon pudesse ter tido para com o príncipe se perdeu quando suas ações como comandante reverberaram sobre aquelas terras.

Nos primeiros anos de sua vida adulta, Sado caiu em terrível doença e, segundo registros, perdeu sua consciência por completo se tornando um homem insano.

Logo o comandante da dinastia passou a se recusar a usar suas roupas, causando horror e choque à criadagem do palacete real. No entanto, sua insanidade foi muito além do descarte das etiquetas sociais impostas a ele. Movido por uma fúria incontrolável, matou dezenas de serviçais a sangue frio por motivos torpes, chegando a decapitar um homem obrigando que sua esposa e outras mulheres da corte contemplassem a cabeça ensanguentada.

Uma de suas decisões ensandecidas foi a que trouxe dor, ruína e a quase destruição completa de Joseon.

Em uma viagem de caça, corriqueiras para ele, o príncipe cruzou seu caminho com o de exploradores britânicos, que contra as regras impostas por ele mesmo, caminhavam pelas terras da dinastia em busca de alianças políticas.

Em um ataque de ira ardente, Sado caçou todos os dezessete homens naqueles bosques que ele conhecia tão bem, como se fossem animais. Um desses homens, aquele que, ironicamente, foi o último a ser morto empalado por uma faca de caça com o brasão da família imperial gravado em seu cabo, era Alfredo da Grã-Bretanha, filho mais novo do rei Jorge III, comandante do Reino Unido.

Quando a notícia da morte humilhante de Alfredo chegou ao continente europeu, as ações do príncipe Sado e da corte de Joseon em enterrar o corpo do filho do rei como indigente, causou grande revolta nas forças militares britânicas, resultando em invasões e embates entre a dinastia Joseon e o Reino Unido que se estenderam por um período de dois anos sangrentos na história das duas nações.

Diante de situação tão calamitosa, o Papa Clemente XIII propôs ao rei Jorge redigido um acordo de paz entre o Reino Unido e Joseon.

O acordo exigia que Joseon disponibilizasse força militar e suplementos para a marinha britânica, além de se submeter à fé cristã como forma de se redimir por suas ações, segundo o Papa, pagãs e pecaminosas provenientes da prática do Xamanismo. Apesar das condições humilhantes, o acordo foi firmado após o despreparado exército de Joseon ser dizimado pelos intermináveis ataques comandados pelo Rei Jorge.

Além do monumento construído em frente ao palácio de Joseon em memória de Alfredo, o catolicismo passou a ser implantado entre a cultura da família imperial e seu povo.

A dinastia, apesar das promessas tratadas com palavras de honra, não abandonou por completo o Xamanismo e não se tornou necessariamente adepta da fé cristã, mas o conhecimento da mesma passou a ser reconhecido como ferramenta diplomática importante para que se evitasse danos ainda maiores.

Protagonistas do Caos | TaeNamJinWhere stories live. Discover now