Capítulo XII: era uma vez uma amizade

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— Padre? — Jimin perguntou assim que entraram em sua cabine. Taehyung sorriu pequeno e assentiu. — O que diabos te aconteceu para terminar virando padre?

Jimin passou anos chorando em silêncio a suposta morte de Taehyung. Perdeu a conta das noites em que acordou coberto em suor frio revivendo várias e várias vezes a cena da barca virando e a tempestade levando Taehyung para cada vez mais e mais longe. Passou muito tempo procurando pelo amigo, até ouvir de um dos antigos prisioneiros da ilha em que viviam que Taehyung tinha sido resgatado por um navio e devia estar em algum lugar do alto mar.

Antes de conhecer Taehyung, ele nunca pensou ser digno do amor de ninguém e quando o perdeu pensou que a culpa era sua pelo que tinha acontecido ao mais novo. Park Jimin era um homem prático, menos quando se tratava de seus afetos.

Quando soube da história de Namjoon Kim Moth e seu desejo de retornar ao mar, soube que era sua melhor chance. Depois de todos aqueles anos com a tripulação, fugindo da Marinha, ele quase perdeu as esperanças. Mal podia acreditar que Taehyung tinha simplesmente entrado no Spine daquela forma.

— Depois que a barca virou eu acho que bati a cabeça, não consigo me lembrar bem — Taehyung falou, se sentando ao lado de Jimin na cama de colchão fino e surrado. Ainda estava de mãos dadas com o amigo como se para comprovar que Jimin estava de fato ali. — Quando acordei estava em uma ilha.

— Uma ilha de padres? — Jimin perguntou zombeteiro, mas Taehyung assentiu. — Mesmo? Isso existe? Uma ilha inteirinha de padres?

— Sim, é um lugar de retiro — suspirou antes de continuar. — Eu não podia dizer que era um fugitivo, então disse que estava ali para me juntar à causa. Esperei que você também surgisse na praia por semanas...

— Eu tentei te alcançar, mas a barca ficou em pedaços — Jimin deixou um carinho na mão do antigo amigo tentando passar a ele algum conforto. — Fiquei na água até o dia amanhecer e começava a delirar pela insolação quando fui resgatado por um cargueiro japonês.

— Eles cuidaram de você? — Taehyung perguntou espantado.

— Claro que não — Jimin riu, negando. — Eles me tomaram como prisioneiro e tive que limpar algumas privadas até conseguir me livrar deles. Tive a ajuda de uma nobre japonesa que tinha uma constelação em seu rosto... Bem, eu tive sorte. Depois disse voltei a Joseon, na esperança de te encontrar. Fiz coisas que um padre com certeza não aprovaria — riu ao ver o amigo parecer confuso. — Depois de um tempo encontrei Namjoon e comprei esse navio.

— Esse navio é seu? — Taehyung não fazia ideia como Jimin teria conseguido dinheiro para comprar um navio, mas tinha medo de descobrir.

— Mais ou menos — ele respondeu dando de ombros. — Ele pertenceu ao pai de Namjoon, mas agora é meu.

O padre olhou para o amigo completamente boquiaberto, a forma como seu passado agora também estava presente no meio daquela loucura o deixava em um constante estado de mal estar.

Piratas não deviam ser ruins? E padres definitivamente não deviam ser piratas, mas aquela altura se tivesse a chance de retornar a Joseon, seu destino seria a forca ou mais uma vez uma vida de prisioneiro. Ele preferia muitíssimo a primeira das opções.

— Mas que espécie de homem é o capitão Namjoon? — fez por fim o que de fato vinha lhe atormentando. Ele sabia muito pouco sobre o homem em que estava abraçado se entregando ao pranto poucos instantes antes daquele.

— Ele é o único e adotivo filho do lendário capitão Moth. — Taehyung piscou os olhos confuso. — Esse navio pertenceu a um dos maiores piratas de que se tem notícia. O capitão Moth foi um dos pioneiros no sistema democrático dentro da pirataria e dizem por aí que na verdade foi ele quem escreveu o código de conduta dos mares.

Protagonistas do Caos | TaeNamJinWhere stories live. Discover now