Capítulo XVII: era uma vez Cacau

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Taehyung não saberia dizer se de fato não se lembrava de sua primeira infância ou se simplesmente se negava tão veementemente em lembrá-la que era como se nunca tivesse acontecido.

O fato é que quando Taehyung foi vendido a Sir. James, ele não tinha passado. Era muito magro e ainda muito jovem para assumir os trabalhos mais necessários em plantações de arroz, por menos de um vintém ele passou a ser propriedade do homem.

Ao chegar naquelas terras de verde esmeralda ele ficou encantado com as pessoas, aquela língua estranha que falavam e seus costumes. Tudo era como um mundo completamente novo. Ele tinha quatorze anos quando se permitiu ter esperança pela primeira vez.

Sir. James era um homem de classe, parente direto do rei, era o atual governador de Tortuga, uma ilha pequena porém próspera. Taehyung nunca entendeu bem o porquê de o homem ter decidido comprar logo ele, mas era grato.

Descobriu com o passar do tempo que o homem comprava garotos como ele para que realizassem os serviços da casa e também fizessem "vista" para seus convidados. Conheceu Jimin ainda em seus primeiros meses ali e a amizade do mais velho se mostrou a coisa mais valiosa que já tinha tido.

O apreço de Lady Catherine, filha única do lorde, veio por causa da destreza de Taehyung em tocar o piano. Uma habilidade tão incomum para alguém como ele, e que se transformou em algo impressionante aos olhos da pequena garota. Taehyung então foi dispensado de seus afazeres domésticos para que se dedicasse apenas a fazer companhia e manter a segurança da garota.

Pensou que tinha finalmente encontrado seu lugar, até que Catherine se foi.

— É normal a febre? — Namjoon tirava o cabelo suado da testa do marido enquanto Taehyung lavava o lenço em água fria colocando mais uma vez sobre a tez pálida.

— É sim, ele sente muita dor, por isso a febre — explicou se sentando e levando uma mão às costas.

— Tudo bem?

— Hum? Sim — sorriu amarelo e se levantou para deixar os dois a sós.

— Não sei cuidar dessas coisas como vocês, mas posso fazer o que me mandar — Namjoon falou e Taehyung negou sem entender o que dizia. — Está ferido, não está?

O padre falhou em conter a expressão de choque e Namjoon sorriu enquanto sinalizava para que se aproximasse.

— Não é necessário — Taehyung falou abanando as mãos.

— Além de Seokjin, só você conhece a medicina nesse navio. Se você cair doente, estamos todos mortos — insistiu abrindo as pernas e batendo a mãos no espaço entra elas. — É uma medida de contenção de danos, não pense nisso como um favor ou como cuidado, se isso acalmar seu coração. Agora, sente-se.

Taehyung olhou em volta como se procurasse uma desculpa aceitável, mas por fim suspirou se dirigindo ao lugar indicado. Engoliu em seco e ficou o mais rígido possível enquanto sentia o calor de Namjoon chegando diretamente em suas costas.

— Com sua licença — o capitão falou antes de levantar a camisa suada do mais novo para ver de onde vinha a dor. — Está roxo — lamentou vendo Taehyung concordar. — E bem inchado, não está com dor? — Namjoon teve que segurar o instinto de abraçar o mais novo ao ter o vislumbre das cicatrizes em suas costas.

— Está um pouco dormente — explicou se virando inutilmente para ver. — Vê aquele vidro ali? — apontou para um frasco de álcool com ervas que tinha achado no armário de Seokjin e Namjoon assentiu. — Pode passar um pouco? Logo estará normal, é só um hematoma.

Protagonistas do Caos | TaeNamJinWhere stories live. Discover now