Capítulo três

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Os guardas se multiplicavam em questão  de segundos.

Eu via muitos de nós sendo arrastados como eu .

Mulheres sendo atacadas e depois levadas de suas casas , a ordem era  banir todos .

Eu vi muitos dos meus conhecidos saindo de suas casas chorando e sendo empurrados , alguns conseguiam catar poucos pertences , outros nem tantos.

Tudo ficara para trás. 

Porque?

Aquela palavra não  conseguia sair da minha mente. Porque e porque .

Virou uma música, enquanto me arrastavam ; eles não  paravam e eu continuava a cantar sem pensar ou registrar outra coisa .

Meus pais ficaram lá, Ida também  se foi ,  brutalmente morta.

Consegui ficar de pé ,  o sangue escorria de minhas pernas, eles agora berravam para que entrassemos em um  vagão como animais para sermos transportados .

Gritos e choros eram misturados com tiros e espancamentos sem dó  nem piedade.

Meu povo , mais revoltado era logo ameaçado e os desesperados fuzilados.
Entrei com um bando no vagão. 

Eu sentia dor e ao mesmo tempo olhava meu corpo , o sangue seco entre minhas pernas e minhas partes íntimas.

Eu precisava de um banho .

Não sabíamos aonde estavam me levando, nos levando.

- Ei moça .

Ouvi quando me chamavam , quem estava me chamando?

Dentro do vagão encurralada por tanta gente ouvi a voz de um menino ao inclinar levemente  a minha cabeça.

Parecia um menino, estava com um chapéu na cabeça, olhei-o fixamente e ele a mim.

- Onde está  a sua mãe?

- Não  sei , me perdi dela.

Ele começou  a choramingar .

Falei baixinho :

- Engula o choro , por favor cochichei ao seu ouvido e  Abracei - O , cobri o seu rosto com as minhas mãos  sujas.

Parece que ele entendeu  o meu clamor e ficamos ali assustados e calados.

Não  tínhamos forças para nada .

Horas mais  tarde soube que havíamos chegado pois  o  vagão  havia parado.

Fomos empurrados  juntamente com uma  aglomeração  constante , eu praticamente seminua, devido ao meu vestido rasgado.

Peguei na mão do garoto , apertei forte e ele a minha e fomos.

Éramos  cúmplices na dor e no pânico.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Where stories live. Discover now