Meu corpo todo ardia, eu pensei que não sobreviveria .Todos pensaram , era uma ardência infinita , a criolina era um veneno em meu corpo ; Eu urrei como uma louca .
Me deram diversos banhos , minha pele era pura brasa , vivi momentos tenebrosos .
Enquanto eu convalescia e lutava para permanecer uma semimorta, sentia que alguma coisa não estava bem, aliás nunca estava , mas é que ninguém chegava perto de mim .Era como se eu não existisse e embora acamada eu intuia o pior dos piores, mas como saber?
Os dias passaram como num flash e meu coração apertava de saudade e preocupação por Otto, meu menino.
Aos poucos fui melhorando, e apesar da sopa rala com meio pedaço de uma batata dentro para ajudar a me fortalecer que me davam de vez em quando; eu estava reagindo bem e ao final de dez dias estava já de pé e disposta para ir à padaria , eu tinha que trabalhar.
- Agradeça ao doutor ali me falou Eva uma das mulheres que me levava a sopa.
- Quem?
- O doutor Frank , ele que a examinou e disse que queria fazer uma experiência com você , você se tornou útil e se não fosse por isto você já não estava mais aqui.
Eu olhei para o homem que Eva me apontou com o queixo e não entendi no momento .
Que tipo de experiência poderia fazer comigo , uma cigana ?
Eu dividia a residência com sete pessoas porque a cada dia chegava no gueto mais gente e entre elas tinha o homem que segundo Eva me salvou . Ele era médico e pelo que sabia foi parar ali por um desvio de condução, um equívoco, iria ser fuzilado mas como era médico , tornou- se indispensável e foi poupado.
Agora soube que me ajudou a não ser morta.
Refleti o seu gesto durante todo o dia em que me concentrava no trabalho na padaria alternando meus pensamentos em Otto ,e como poderia vê-lo e saber se estava bem.Quem era aquele homem? e o que queria de mim? Que experiência faria comigo?
Meu coração ficou apertado quando me lembrava do que me fora dito .
Nós ciganos éramos vistos como seres indesejáveis e deveríamos morrer.
Eu trabalhava fazendo o pão, mas a minha cabeça estava longe .
De alguma forma o banho de criolina me deixou vulnerável e mais afetada.
Na volta para o que chamava de casa me deparei com o médico que me salvou a vida .- Dr, obrigado , soube que me ajudou , gaguejei sem jeito.
Dr Frank me observou , e sorriu de canto de boca me reverenciando com o abaixar dos olhos para depois levantar e me fitar fixamente.
Fiquei em sobressalto eu tinha medo de perguntar e saber o que ele queria de mim .
Era tão prisioneiro quanto todos ali e mesmo assim eu estava apavorada.
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AMOR EM TEMPOS DE GUERRA
RomanceCORRIA O ANO DE 1940. MILHARES DE PESSOAS FORAM PERSEGUIDAS, ATACADAS , E MORTAS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, ENTRE ELES OS ROMA, CIGANOS. APENAS 10% DA POPULAÇÃO QUE VIVIA NO PROTETORADO DA BOÊMIA E MORAVIA SOBREVIVEU AO HORROR DA ERA NAZISTA...