Capítulo sete

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Meu corpo todo ardia, eu pensei que não  sobreviveria .Todos pensaram , era uma ardência infinita , a criolina era um veneno em meu corpo ;  Eu urrei como uma louca . 

Me deram diversos banhos , minha pele era pura brasa , vivi momentos tenebrosos .

Enquanto eu convalescia e lutava para permanecer uma semimorta, sentia que alguma coisa não estava bem, aliás  nunca estava , mas é  que ninguém  chegava perto de mim .Era como se eu não  existisse e embora acamada eu intuia o pior dos piores, mas como saber?

Os dias passaram como num flash e meu coração  apertava de saudade e preocupação por Otto, meu menino.

Aos poucos fui melhorando,  e apesar da sopa rala com meio pedaço de  uma batata dentro para ajudar a me fortalecer  que me davam de vez em quando;  eu estava reagindo bem e ao final de dez dias estava já  de pé  e disposta para ir à  padaria , eu tinha que trabalhar.

- Agradeça ao doutor ali me falou Eva uma das mulheres que me levava a sopa.

- Quem?

- O doutor Frank , ele que a examinou e disse que queria fazer uma experiência  com você  , você  se tornou útil  e se não  fosse por isto você  já  não  estava mais aqui.

Eu olhei para o homem que Eva me apontou com o queixo e não  entendi no momento .

Que tipo de experiência  poderia fazer comigo , uma cigana ?

Eu dividia a residência com sete pessoas porque a cada dia chegava no gueto mais gente  e entre elas tinha o homem que segundo Eva me salvou . Ele era médico e pelo que sabia foi  parar ali por um desvio de condução, um equívoco, iria ser fuzilado mas como era médico , tornou- se indispensável  e foi poupado.

Agora soube que me ajudou a não  ser morta.
Refleti o seu gesto durante todo o dia em que me concentrava no trabalho na padaria alternando meus pensamentos em Otto ,e  como poderia vê-lo e saber se estava bem.

Quem era aquele homem? e o que queria de mim? Que experiência  faria comigo?

Meu coração  ficou apertado quando me lembrava do que me fora dito .

Nós  ciganos éramos  vistos como seres indesejáveis e deveríamos morrer.

Eu trabalhava fazendo o pão, mas a minha cabeça  estava longe .

De alguma forma o banho de criolina me deixou vulnerável e mais afetada.
Na volta para o que chamava de casa me deparei com o médico  que me salvou a vida .

- Dr, obrigado , soube que me ajudou , gaguejei sem jeito.

Dr Frank me observou , e sorriu de canto de boca me reverenciando com o abaixar dos olhos para depois levantar e me fitar fixamente.

Fiquei em sobressalto eu tinha medo de perguntar e saber o que ele queria de mim .

Era tão  prisioneiro quanto todos ali e mesmo assim eu estava apavorada.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Where stories live. Discover now