Capítulo quarenta

21 3 0
                                    

Acordei com a cabeça  estourada como se tivesse estraçalhada.

Nina e Chaya estavam cuidando de meus ferimentos , eles tinham me quebrado toda até  que vinhesse um médico. 

Eu  mal podia respirar, mesmo assim gesticulei algo com meus lábios  inchados.

- xii! Não fale nada  .Vamos cuidar de você .Depois nos conta o que aconteceu, Chaya me disse em voz baixa.

Eu não tinha intenção  de nada mas queria que soubessem que estava  muito dolorida, eu achava que iria morrer.

Todos foram solidários a mim , mas ninguém entendeu nada  do que  havia ocorrido.

Dois dias depois eu havia melhorado um pouco , já  conseguia engolir um caldo quente  de batatas que me arrumaram.  Bebia devagar , consegui suar , era um caldo reforçado.

Eu não sabia se continuaria com determinadas regalias , porque não ia mais servir ao Frauher.

Batel em pessoa apareceu no alojamento e me trouxe as gêmeas.

Uma boa notícia, pensei quando as vi , nada foi em vão;  elas correram até  a mim e me fitaram assustadas, mas nada disseram ao ver o meu estado.

- O Frauher  mandou-as .
Batel , o monstro me informou e saiu pisando firme.

Eu tinha me iludido , pensei que tivesse me tornado humana e pensei que o Frauher me tratava como gente igual a ele.

Somente eu para pensar assim.

Procurei ficar bem , era um descanso para a minha alma ver que René e Renate estavam gozando de saúde .

Quando  fui melhorando aos poucos percebi as minhas pernas quebradas e isto significaria que tinha que ficar logo boa ou então  eu   iria para o crematório.

Ninguém me falou nada , se eu não  fosse de utilidade , não  escaparia com vida. Então  em um destes dias tenebrosos , fugindo um pouco mais da normalidade dos dias de Auschwitz  eu obtive mais informações  do grande terror que vinha tomando forma diariamente dentro do campo.

Soube pelas gêmeas  que houvera fugas   naqueles dias, cães  por todos os lados a procura dos fugitivos.

A segurança  tinha  sido redobrada.  Todos os guardas da SS estavam enfurecidos.

Eu temia pelos meus como um todo.

Uma verdadeira chacina estava a caminho.

Prisioneiros eram executados a sangue frio sem escrúpulos e a guerra estava a meu ver longe de acabar.

Vivia dos momentos preciosos que eram as lembranças  da ala 24 com Karl, eu aceitei o acordo e ele cumpriu com o prometido .

Eu fui brutalmente espancada e humilhada , mas ainda estava ali , sendo tratada, talvez me quisessem para outra atividade que não  a prostituição.
Mas , o que eu queria no momento era buscar a minha  recuperação e tentar sair daquele horror, mesmo que fosse pega. Os pensamentos iam e vinham numa velocidade em que eram levados os prisioneiros para morrer.

Muitos foram pegos , mas outros não.

Eu não sabia para onde eles foram, mas iria fazer o que fosse preciso; existia um grupo que estava planejando uma fuga ,  soube por Nina que estava infiltrada com um dos prisioneiros , este fingia que dormia com ela , era homossexual e se tornaram amigos confidentes. Ela fugiria com eles , iria arriscar, o que eu estava tentada a fazê- lo , mas ainda estava fraca e tinha que processar  o que tinha ocorrido comigo .

Minhas pernas estavam imobilizadas, um médico  veio me atender e eu tinha que ficar algum tempo em cima de uma cama para me recuperar , mas segundo ele eu iria ficar boa.

Meu estado Era lastimável  por hora , mas ficaria bem disse a um dos guardas que o acompanhava.

Por sorte não me mataram.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Onde histórias criam vida. Descubra agora