Capítulo trinta e seis

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Nina tinha chegado exausta , seu olhar era de uma apatia , seu rosto parecia transfigurado pela dor e era um hábito  nos reunir para conversar sobre  os nossos clientes prisioneiros , para quem quisesse se manifestar , desabafar e eu sempre permanecia calada ouvindo e Nina desabou num choro quieto para uma convulsão de lágrimas.

Esperamos ela se acalmar . O choro era visto com muito respeito entre nós  mulheres.

- O que aconteceu? Perguntou Chaya .

- Como foi ? Perguntou outra moça, que só sabia ser o número   3345 , estava tatuado em seu braço  esquerdo.
 
- Sim , o que foi? quis saber outra se ajoelhando para enxugar as suas lágrimas .

Outra mais nova, uma menina ofereceu um pano sujo ao que Nina pegou e assoou o nariz antes de relatar o seu drama.

- Eu não  gosto , foi pavoroso , ele subiu em cima de mim e  foi tudo muito rápido, mas parecia que nunca acabaria , uma dor me rasgava as partes íntimas,  eu comecei  a gritar , mas ele tapou a minha boca  , eu tentava fechar as minhas pernas à  medida que ele forçava  ir mais profundamente ; teve um momento que a minha cabeça  bateu na parede e eu nem mais sabia o que estava doendo.

Quando ele saiu de dentro de mim , eu sangrava e chorava baixinho e para piorar tinha as risadinhas do buraco vindo da parede.

Ele se vestiu e disse que era o melhor em meses que tinha ocorrido   com ele , pois tinha o corpo todo marcado e sem que eu perguntasse  alguma coisa me agradeceu.

Eu fiquei olhando as suas marcas encolhida na cama .

Ele bateu de leve e finalizou:

- Eu tomei uma carga de eletrochoque  e fui torturado , até  que tive que entregar um espião.

Depois você  foi o meu prêmio  de consolação.

-   Até  breve ele falou.

E foi  assim .

Nina esfrega  seu corpo com as mãos chorando enquanto nós alimentavámos  a nossa  solidão em solidariedade à  dela naquele instante.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Where stories live. Discover now