Capítulo sessenta e seis

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Sobrevivente .
Como sobrevivente  fomos eu e meus companheiros acomodados em centros para refugiados e alguns para os campos deslocados de guerra .

A vida parece que estava sorrindo para mim.  No centro para refugiados eu obtive agasalhos , alimentação adequada , tratamento médico  e o conforto de ser livre e conversar o que quisesse.
Embora estivesse bem, meu coração  não  estava doendo por que eu nada soube de kal , eu sabia que milhares de oficiais foram capturados, muitos foram mantidos em cárcere na França, mas era tudo muito vago , realidade de informações  fracas e distantes.

Eu nada sabia e ainda por cima tinha que ser cuidadosa , afinal era de um oficial alemão  que estava falando.

Então  fui cautelosa mas nada soube de kal , eu somente sabia seu primeiro nome.

Vendo- me agora e depois que   abri a minha mente eu tive a certeza de que eu fui  amada . Ninguém  se arriscaria desta forma por uma cigana.
Chorei de saudades de nossas noites , chorei de vergonha por ter Amado pouco , visto que o meu orgulho foi maior do que eu supunha.

Fui má com nosso amor. Se ele não  disse que era casado ele tinha seus motivos e eu não  o deixei explicar .

Tarde .  Tarde para mim . Tarde para nós  dois.

Os meses se passaram e eu fui me habituando com a minha vida . Um futuro de paz embora sozinha . Não  sobrou ninguém que eu pudesse chamar de parente .
René e Renate ficaram para um passado distante .

Nunca mais soube delas , minhas meninas.
Procurei me agarrar a vida que me foi devolvida com unhas e dentes numa alegria ora expontânea ora forçada  .
Não  tinha como não  ser , havia traumas em mim .

Havia destroços  de emoções  em todos que viveram a guerra de Adolf Hitler e seu exército.

A cura talvez vinhesse com o tempo  ou não  , cada mente um mundo.

Quanto a mim eu estava vivendo. Não demorou muito e eu consegui um emprego numa livraria .

Eu gostava  dos livros , eu os lia e tinha um salário  decente que dava para eu me manter.

E assim  fui tirando a amargura que partia meu coração.  Fui vivendo e até  estava namorando um rapaz de origem cigana , muito inteligente e respeitador . Vladimir.

Eu passei a gostar dele mas era com kal que eu sonhava quando colocava a cabeça no travesseiro. 

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Where stories live. Discover now