Capítulo vinte e seis

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Eu sabia que existia um programa de prostituição estabelecido , então fiquei com aquela idéia na cabeça. Eu queria participar , eu tinha que salvar a minha sobrevivência e a das gêmeas e de quem mais eu pudesse.

Eu já tinha sido desonrada , era um nada , diante de todos do sexo masculino. Na dor crescemos muito e foi
Depois que vi , uma de minhas companheiras de alojamento se degladiando às escondidas , lutando para comer comida de cachorro ali , eu vi que era preciso se libertar.

A moça de número z - 25687 , cujo nome verdadeiro era Elda , em uma das insondáveis noites de fome e de distribuição de caldo mais que passado de ser ingerido, presenciei- a pegando a comida da tigela de um dos cachorros que auxiliava os guardas a vigiarem onde dormiamos.

A que ponto chegamos , pensei na hora e em silêncio saí sem que ela me visse .

Elda repetia este gesto várias vezes e não a culpo , em dias de muita fome até a invejo.

Mas pensando neste ato visto por mim e tantos outros de feroz atrocidade que resolvi fazer o que estava querendo e assim o fiz.

Eu seria a prostituta deles em troca de um resto de vida para mim e as gêmeas. Eu não tinha saída, já estava quase morta mesmo , e mesmo assim, a vida tinha que ser lutada.

Aquela proposta indecente poderia me custar ir para Câmara de gás, mas felizmente não foi.

Fui encaminhada para fazer exame junto a um dos médicos, um ginecologista.

O médico foi claro comigo :
- Você passará por uma cirurgia para retirada de útero.

- Eu? Porque?

- Para o trabalho que vai fazer, está cirurgia evitará que engravide.

- Não quero que tire meu útero, eu não vou engravidar.

- É... acho pouco provável,
pelas condições em que vive ; sua saúde é ruim , mas tenho que obedecer às ordens deles.

- Não . Ninguém saberá . É tudo por minha conta e risco, por favor ...

O médico de aparência cansada me fitou com pesar e depois disse :

- Você ainda tem esperança de sair viva daqui, Barbel Zoka.

Eu o olhei de volta e só gesticulei:

- Não sei ; realmente eu não sei e nem quero saber , penso em viver e deixar os meus viver.

O médico então sem nada dizer , furou superficialmente o meu abdômen e depois colocou um esparadrapo de gases para camuflar a cirúrgia que não fora realizada.

Eu ficara em observação para disfarçar e tornar real o que tinha fingido. Tinha que parecer real. Estava também em jogo a vida do Dr , poderíamos acabar muito mal , tudo isto.

Saí de lá aliviada após três dias e com o peito cheio de gratidão, mas antes de sair , travei um diálogo com aquele médico que cuidou de mim como se eu fosse um tesouro, fato muito emocionante dentro de um campo de concentração de Auschwitz.

Eu ainda tinha Todos os meus órgãos, mesmo que não servissem para nada era como se eu tivesse um tesouro em meu ao caos presente.

O Dr me perguntou antes de sair:

- Porque te aceitaram ? Você, uma cigana, uma raça ruim para eles, talvez pior do que todos os prisioneiros juntos.

Eu simplesmente balancei a minha cabeça e respondi:

- Eu acho que foi Deus.

- Deus?

- É , Deus e fiz uma pergunta a ele:

- Porque que você deixou de realizar a cirurgia em mim? Você corre risco de morrer ao simular algo que não ocorreu , e prossegui falando:

- Você nunca me viu na vida, não sabe quem eu sou , de onde vim.

- Ele me respondeu :

- Porque Deus existe e você é uma garota de sorte.

- Sorte , sei ..., ali ... é, podia ser , porque Deus ainda existe.

AMOR EM TEMPOS DE GUERRA Where stories live. Discover now