30. pink led lights

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LUNA
Atualmente...


A porta estava trancada. Eu andei até a janela da frente, pegando um pedra e quebrando o vidro, conseguindo por o braço pra dentro e abrir a fechadura. Eu não estava pensando muito no momento. Eu poderia ser presa se Mads descobrisse e chamasse a polícia. Ou eu poderia usar meu privilégio de ser melhor amiga da prima dele pra mim. Mas eu estava com raiva. Toda aquelas emoções acumuladas desde que eu cheguei, vendo o ódio de Mads, mas ainda a descoberta sobre a casa e o bio parque. Tudo se juntou com a discussão com Gaspar... Hoje eu só queria me sentir acolhida em algo e o único lugar que eu achava que teria isso era onde eu morava com meu pai.

Foi um pouco difícil pra pular a janela e eu caí assim que entrei dentro da casa. Estava escuro, então fui procurando pela parede e acendi a luz.

Eu olhei em volta sentindo meu coro tremer com a nostalgia. Estava tudo... tão igual.

O sofá cinza com as almofadas azuis, o tapete cinza de pelos que eu havia insistido pro meu pai colocar. O lustre com um trincado no vidro, a mesa de madeira com quatro cadeiras. O piso parecia que havia sido lustrado. A casa cheiarava a limpo, igual quando eu e meu pai nos juntavamos para faxinar a casa no domingo de manhã.

Eu andei até a cozinha e os imãs continuavam no mesmo lugar. O imã com a bandeira de Cuba continuava no topo da geladeira e em baixo o bloquinho de anotações do meu pai. Eu abri o bloquinho e folheei.

"Buscar Luna depois do jogo" Meus lábios tremeram ao ver a letra do meu pai.

Eu andei até o andar de cima, entrando no quarto do meu pai e eu não consegui segurar minhas lágrimas e o choro alto. Foi como se eu nunca tivesse ido embora, foi como se meu pai ainda estivesse aqui. Até as camisas de flanela penduradas no armário. Eu coloquei a mão em uma de suas camisas, a abraçando molhando sua manga com as minhas lagrimas.

Não havia tido um dia na minha vida que eu não pensasse nos meus pais, mas principalmente meu pai. Eu havia deixado tudo aqui, com raiva do que eu descobri, querendo deixar tudo pra trás então deixei tudo dele aqui, mas eu tinha tudo da minha mãe no apartamento dela. Estar com algo do meu pai, me fez sentir mais perto.

A saudade me corroia viva. Eu nunca aprendi a ficar bem sem meu pai... Eu não sabia se um dia eu conseguiria.

Eu olhei em volta, espionando seu armario. Eu ri quando achei fotos da minha mãe e ele o decorrer dos anos. Ele fazia uma porcaria de trabalho em esconder seus sentimentos de mim sobre ela.
Eu fui até meu antigo quarto, ligando a luz e como eu esperava tudo estava como eu deixei. As paredes brancas, o jogo de cama branco com o cobertor azul. Minha mesa de estudos azul e os inúmeros de posters de coisas que eu gostava colados na parede. Meus livros de romance na estante. Minha pelucias de personagens de filmes infantis ainda estavam em cima da poltrona em baixo da janela. Eu fui até eles e peguei o pelucia do "Banguela". Ele não estava empoeirado, na verdade, nada estava. Se não fosse pelo armario sem minhas roupas, eu iria elouquecer achando que eu havia voltado no tempo.

Eu achava que depois que eu fui embora, que o próximo proprietário iria doar ou jogar a maioria das coisas fora, mas pelo visto... Mads não fez isso.
Eu andei até meu armário e ainda possuía algumas coisas como caixas de fotos que eu deixei querendo me desprender. Minha câmera analógica, minha filmadora... estava tudo aqui. Junto com a caixa de fotos.

Fotos dos meus pais, de Indie e Kyre... Minha e de Mads. Estava tudo ali.

Ele não tinha jogado nada fora.

Pelo ao contrário, ele manteve tudo no lugar.
Eu sorri vendo a foto do dia em que eu e Mads fomos a praia com os meninos e Indie. Indie havia tirado a foto da areia de mim e Mads dentro do mar.

After Dark ── Devil's Night | Mads MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora