36. lovely disaster

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MADS

Atualmente...

Meu peito parecia pesado. A ver descendo aquelas escadas foi intensamente dolorido, como se a cada passo que ela desse uma parte de mim fosse brutalmente cortada. Todo aquele odio que eu guardei no meu corpo começou a fermentar a minha alma.

Ela iria embora. De novo. E eu não fiz nada para a impedir.

Eu pensei nas gotas de chuva caindo pelos seus ombros nus naquele terraço, ela as limpou antes de sair. Eu quis ser aquelas gotas. Eu tive ciumes de gotas de chuva. Eu tinha ciumes do ar gelado balançando a seda fina do seu vestido branco. Eu estava com ciumes do seu gloss que ela sempre gostava de passar na boca. Eu estava com ciumes de qulquer coisa que estava junto ao seu corpo e não iria sair até ela remover. Eu queria ser isso. Eu queria a força de esquecer todos esses sentimentos ruins e apenas me grudar a ela, até ela não querer mais. Eu não queria me importar mais. Eu não queria mais me importar que ela iria me deixar. Eu queria aquela sensação de quando ela foi embora se apagasse da minha mente... A ver indo embora por mim, me pareceu doer mais do que lembrar da sensação dela me deixando por ela. Era por mim dessa vez.

Eu suguei o ar um pouco mais forte, com a impressão que eu estava ficando sem. Eu a amei por muito tempo em silencio, antes dela finalmente me desculpar por ser um estupido quando nos conhecemos. Eu sempre a amei, esse sentimento nunca foi embora. Eu senti tanta sua falta, eu senti tanto a falta de estar ao lado dela e sentir que nada iria ferrar aquele sentimento. Ela sempre me entendeu e me ajudou em momentos que eu não deixava ninguem mais me ajudar, mas eu... Ela perdeu as únicas duas pessoas que ela conheceu e a amou a vida toda dela, em questão de segundos. Ela foi quebrada naquele dia e eu não vi atrás daquela mascara de força o que ela relmente sentia. Eu fiquei vidrado nas suas duras palavras e virei as costas pro que ela poderia estar sentindo ao querer ir embora. E todos sempre me disseram isso, mas só a ver indo embora que foi capaz de cortar a cegueira que a magoa fazia.

Eu já errei. Muito. Eu magoei pessoas importantes pra mim, mas ninguem nunca virou as costas pra mim, eu tinha tudo. Eu tinha mais pessoas que eu sequer achava que eu precisava ter. Eu tinha mais do que bilhares de pessoas. Enquanto ela, só tinha ela. E apesar de sempre pensar que ela tinha a mim ou Indie, nós nunca deixamos isso claro.

Esse local trouxe o pior momento da sua vida. Ela veio e eu desejei que fosse embora. Até ela realmente ir. E eu sabia que ela não iria voltar.

Eu achava que eu era forte, eu achava que seria forte, eu achava que estava sendo forte. Eu aguentei até agora não expressar o que eu realmente queria atrás daquele ódio todo. Realmente tinha uma linha tenue entre o amor e o ódio.

Mas eu não era forte o suficiente pra vê-la me deixando novamente.

Porra, isso não.

– Luna... – eu sussurrei saindo daquele local e correndo escada abaixo. Ela iria se despedir de Indie primeiro. Eu precisava acha-la.

Eu não deixaria ela ir embora dessa vez. Não sem tentar que ela me aceite de novo. Não sem mim.

Olhei entre os convidados e não havia ninguém. Eu rodei pelo local e todos dançavam. Eu olhei os banheiros, os quartos e nada dela. Ela não iria embora antes de se despedir de Indie.
Ela podia ter voltado para o hotel. Era pra lá que eu iria. Desci as escadas novamente querendo ir em direção da porta.

Senti uma mão em meu ombro e eu me virei. Era Dag.

– Me segue, tio Will pediu com urgencia que nos reunissemos agora...

– Agora não dá, eu preciso ir procurar a Luna – eu o cortei tentando passar por ele.

– É urgente, Mads. Aconteceu algo sério.

After Dark ── Devil's Night | Mads MoriWhere stories live. Discover now