Capítulo 60

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18 de dezembro

William

"Estava sentado próximo a escada na casa da vovó pérola, odiava ter que esperar dar meia noite para poder comer, coisa mais desnecessária que existe é isso. Bufei pela milésima vez apertando a droga do suéter patético que eu fui obrigado usar, vovó pérola achava que eu amava isso, mas na verdade eu odiava aquele maldito suéter de renas.

Deixei as mãos apoiando meu queixo enquanto fitava todos meus tios, e alguns primos sentados pela sala, a conversa dos mais velhos era cheia de risadas e também extremamente entediante. Foi então que ele passou rápido, meu primo Louis corria de um lado para o outro me irritando. Odiava ver aquele risinho na cara dele, parecia viver feliz a todo instante, qual sentido de alguém ser feliz assim todo dia, toda santa hora, odiava Louis.

Tia Patrícia mimava demais ele, por isso ele era daquele jeito, tosco como sempre. Corria brincando com alguns primos nossos, a família tinha a mania de reunir todo mundo, e era uma das poucas vezes que eu via ele. Ele não parecia se incomodar usando o suéter de boneco de neve, mas é claro, pessoas estranhas gostam de coisas estranhas, e definitivamente Louis se sentia confortável com aquela porcaria no corpo dele.

— Feliz Natal Will — Ele disse me abraçando bem forte mas empurrei ele para longe."

Sorri ao lembrar disso, é meio engraçado a situação que eu passava agora, se alguém me falasse a alguns anos atrás, que eu ia achar a coisa mais maravilhosa do mundo ver o Lou de suéter, eu provavelmente chutaria a pessoa e xingaria. Mas era a verdade, estava fodidamente fofo daquele jeito, eu continuava odiando essa merda, mas só estava usando por Yasmin ter ameaçado raspar meu cabelo enquanto eu estivesse dormindo.

Estávamos os quatro usando a roupa felpuda feita de lã, o meu tinha um biscoito de gengibre como estampa, do Lou um urso polar, da Yas uma rena e do Caio um doce em forma de bengala. A situação era estranha, Yas simplesmente saiu e voltou com isso nos obrigando a vestir.

— Então, hoje nós vamos fazer uma coisa diferente, inscrevi a gente para trabalho voluntário. Vamos distribuir cobertores e lanches para as pessoas de rua que estão nos abrigos — Yas diz sorridente, assenti, a neve já tinha começado a alguns dias, mas era o suficiente para os abrigos estarem lotados, era uma época foda, e na verdade essas pessoas só estavam tentando não morrerem de frio pelas ruas geladas.

Agradecia por poder ter um teto e um aquecedor, ficamos sentados ouvindo a Yas terminar de falar, íamos lanchar em casa e depois ir em direção ao The Sun, uma ONG que tinha cerca de dez abrigos pela cidade, e estava convidando pessoas para trabalhos voluntários. Era óbvio que a gente ia, em alguns pontos da cidade também tinham lugares que davam abrigo para animais de rua no inverno, normalmente alguns moradores também acabavam fazendo isso e adotando. Particularmente eu era bem contra isso, tipo do que adianta fazer uma boa ação se na primavera tudo vai voltar a ser como sempre foi, mas depois parei de pensar assim, porque eram nesses pequenos atos que muitas pessoas ainda mantinham a esperança.

E querendo ou não a esperança é algo que move o ser humano, se existe aquele pingo de esperança que amanhã algo vai mudar, então você se agarra nisso e usa como energia para suportar só mais um dia.

Estava nevando quando saímos de casa, mas não era tão forte ao ponto de atrapalhar o trânsito, Lou e Caio estavam bem distraídos no banco de trás, um jogo de celular era o motivo da distração deles. Yas estava batucando alguma música do Arctic Monkeys no painel do carro, era engraçado como ela viciou nessa banda desde o baile, que foi onde ela ouviu a música pela primeira vez.

Continuei concentrado no caminho, vez ou outra observando as decorações de Natal quando tinha de parar em algum semáforo, quando chegamos no The Sun estacionei o carro, e apenas segui Yasmin. Algo me dizia que ela já estava arquitetando aquilo, tivemos de preencher um formulário bem básico de participação, depois fomos encaminhados para uma sala. Eu quase tive uma crise de risos quando vi mais pessoas de suéter, não era possível aquilo.

Um Amor Proibido (Obra Reescrita)Where stories live. Discover now