Capítulo 61

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Caio

Cheguei na frente da minha casa, fiquei olhando a porta por longos minutos antes de criar coragem para bater na porta, sentia um enjoo horrível e meu estômago estava tão embrulhado que doía dentro de mim de forma latente. Minha cabeça girava como um carrossel, mas eu precisava por toda a história em panos limpos, precisava saber de tudo da boca da minha mãe, ou eu nem sabia se poderia chamar ela assim agora, me sentia tão confuso que era como se eu vivesse minha vida toda em mentira, o que me deixava mais desorientado ainda.

Dei três batidas na porta e ninguém apareceu, comecei a dar chutes para soar mais alto, só então lembrei da campainha, mas já era tarde demais, e minha mãe estava na minha frente apenas de camisola me olhando com uma cara brava.

— Filho sabe que horas são? — Perguntou relaxando o semblante, passei por ela indo para a sala e me sentando no sofá, organizando os pensamentos enquanto ela fechava a porta, não sabia por onde começar o que tinha para dizer.

— Aconteceu algo? — Assenti sentindo meus olhos ficarem úmidos.

— Você mentiu para mim — Ela fez uma cara de surpresa, mas algo me dizia que ela sabia o porquê de eu estar ali.

— Do que você está falando filho? — Disse se sentando em minha frente.

— Meu pai... Ele era um criminoso não era? Nossa família já conhecia a do Will, a do Cassius, não é? — Ela assentiu lentamente após ficar uns instantes em silêncio e eu comecei a chorar, uma mentira. Uma grande mentira era o que tinha sido minha vida, não só a minha como a do William também.

— Me desculpe filho — Ela disse e eu balancei a cabeça e comecei a rir de forma descontrolada, sem saber ao certo porque aquela reação acontecia.

— Desculpar? Sabe o que o pai do Cassius me disse? Que ele vai morrer, que eu vou ter que ir embora daqui e que você concordou com tudo isso, me diz que isso é mentira por favor — Ela baixou a cabeça e não olhou nos meus olhos.

— É o melhor para você, Simon mataria você e eu também, eu não tive muita escolha, fiz tudo que podia para proteger você — Fiquei em silêncio observando minha mãe.

— Isso não é justo, você não está me protegendo, está me entregando para um lunático — Disse andando em círculos, minha mãe apenas tentava me acalmar.

— Filho lamento que esteja passando por isso — Olhei para ela incrédulo daquilo, não fazia sentido essa dívida, na verdade nem era uma dívida. Era capricho apenas.

— Por que você não reage que nem uma pessoa normal? Eu tô sendo ameaçado mãe, e você simplesmente assente e confirma como se não fosse nada grave — Ela se retrai um pouco e vejo os olhos marejarem.

— Eu quero saber a verdade — Ela me olhou hesitante mas começou a falar depois de um longo silêncio.

— Um tempo atrás por volta da casa dos vinte, eu conheci a Bruna e fizemos faculdade juntas. Ela fez medicina e eu fiz artes, viramos amigas em alguma festa, aos poucos íamos ficando mais próximas e numa dessas festas, nós conhecemos os pais de vocês — Diz fazendo uma pausa como se tentasse alinhar as ideias dentro da cabeça.

— Mas tinha algo que não sabíamos sobre eles, eles eram membros de uma espécie de máfia, faziam roubos milionários de obras de arte e coisas antigas, estavam na nossa universidade infiltrados apenas planejando o roubo de um quadro de uma exposição. Bruna e eu já estávamos bem apegadas, então não falamos nada e quando o quadro sumiu já sabíamos quem tinha feito aquilo, era errado claro, sempre foi errado, mas estávamos tão cegas e apaixonadas que não medimos esforço em fingir naturalidade. — Ela suspirou e passou as mãos nos cabelos e continuou.

Um Amor Proibido (Obra Reescrita)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora