[EM ANDAMENTO] Melissa Carter tinha uma vida tranquila até seu pai se casar novamente com uma mulher que já tinha um filho, na época adolescente. Por não aceitar o que lhe foi imposto antes do matrimônio, Mel decide sair de casa e percorrer seu próp...
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Carol não escondeu a surpresa em seu olhar quando mencionei o destino perfeito para a "nossa fuga com propósito".
Mamãe havia deixado para mim sua casa de praia em Cancun. Não era algo grande e extraordinário, sequer suntuoso como nossa casa em Miami, mas era um lugar significativo e em cada parede, lembro-me bem, exalava amor. Fiquei sem ir até lá desde que faleceu, mesmo prometendo ir ao menos uma vez ao ano e sinto que falhei nisso também. Acho que ela entenderia se visse o quanto fiquei quebrada quando a morte finalmente a levou pelas mãos.
Ela apenas desenhou um rascunho, levou até um engenheiro e assim construiu seu refúgio isolado quase em meio a uma vila de pescadores, mas ainda afastada de qualquer interação humana. Fez questão de ter na propriedade apenas a tecnologia necessária para que passássemos as férias com conforto. Na época a casa dispunha apenas de energia elétrica da companhia local, que posteriormente fora substituída por placas solares e uma linha de telefone fixo, que durante as tempestades ficava facilmente muda.
Era proibido nos distrair com aparelhos televisores e também computadores. Ela sempre planejava atividades em família com suas habilidades incríveis no artesanato. Decorou praticamente toda a casa com móveis e objetos que nós mesmo confeccionávamos.
Com pouco mais de uma hora e meia de voo estávamos em Cancun. O lugar estava entre os desejos de Carol para conhecer já que sempre conversava com ela sobre as coisas incrivelmente bobas que fazíamos em família. Não herdei as habilidades manuais de mamãe, infelizmente minha mente se voltava sempre aos interesses de meu pai.
Ao adentrarmos no imóvel não contive lágrimas emocionadas ao ver como tudo ainda se mantinha do mesmo jeito que me lembrava. A decoração rústica e artesanal que fazíamos em períodos chuvosos quando não dava pra ir até a praia. Os porta-retratos espalhados com momentos únicos que vivemos durante anos naquele lugar. A ausência de itens eletrônicos como TV por exemplo, eram coisas que nunca nos fizeram falta.
Nos ocupávamos tanto cuidando do jardim, trançando suportes em cordas de sisal tramando um estilo macramê, pinturas com corantes naturais que mamãe mesma preparava, Hilary Carter era sinônimo de habilidade, não havia nada no mundo que ela não pudesse fazer e isso me impressionava. Recolho meu olhar para os vasinhos tortos e alguns defeituosos pela pouca precisão em dominar a técnica com argila que eu tinha, tudo ainda estava ali em seu devido lugar como se o tempo não tivesse passado. E tantas coisas ocorreram desde então.
