𝟬𝟬𝟯| O encontro de nossas mãos.

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Any G..

— Então a princesa sobe no castelo, e o príncipe vem no seu carro pra pegar a princesa e eles vão assistir o filme dos peixinhos! — um sorriso surge em meu rosto vendo a Sophie conciliar a realidade com nossa brincadeira. Minha filha é muito inteligente.
— Deixa eu ver.. Esse príncipe de carro, é o seu pai? — ela tira seus olhos dos brinquedos e direciona a mim enquanto sorri e concorda com a cabeça.

— E essa princesa.. É você? — ela pareceu pensar um pouco, e logo negou com a cabeça.
— Você é a princesa do papai, mamãe! — após dito isso, ela apenas voltou a brincar com seus brinquedos. Sinto que meu coração apertou, como dizer que eu não sou mais a princesa do pai dela?

Eu deveria passar o dia organizando a casa ou trabalhando, mas a felicidade da minha filha é mais importante.

Eu não faço ideia de como vai ser no cinema, nunca tivemos um encontro em família depois de tudo que aconteceu.
Eu não sei o que vou vestir, como vou agir, ou o que vou dizer. Me sinto idiota por estar sentindo o que uma adolescente sente no primeiro encontro.

Na nossa última conversa deixamos claro que faríamos de tudo para que Sophie não sofresse. Marquei consultas com psicólogos infantis, Josh irá montar uma rotina organizada para Sophie. E prometemos tentarmos ficar mais próximos por ela, mas ainda não sei se isso é uma boa ideia.

[...]

— Qual você vai querer, bee'? — aponto para três opções de roupas para Sophie poder escolher.
— Eu quero o vestido amarelo, mamãe! — ela simplesmente ignorou todas as opções que entreguei, e foi até o seu armário em direção
ao seu vestido favorito.

Eu passei dia inteiro fazendo coisas para deixar a Sophie feliz, o que seria um vestido amarelo?! Com esse pensamento logo ajudo Sophie a vestir seu amado vestido amarelo.

Josh havia me mandado mensagem dizendo que daqui a quinze minutos estaria aqui, sendo assim eu tenho apenas quinze minutos para me arrumar, e minha aparência agora é tenebrosa.

Deixei Sophie com seus brinquedos em minha cama, enquanto tomo um banho de 5 minutos, a hora do banho é uma das minhas favoritas mas não quando estou tão apressada assim.

Apenas com uma toalha envolvida em meu corpo, me encaro no espelho. Meu cabelo estava bagunçado, eu estava com olheiras aparentes, o meu rosto inchado. Minha única alternativa é ignorar tudo isso, prender o meu cabelo e me vestir.

Ouço a campainha tocar três vezes seguidas, ele havia chegado.

Ajudo Sophie a descer da cama e ela sai com sua pelúcia de abelha em mãos, o seu ritmo não é rápido por conta dos machucados mas ainda sim peço pra que ela vá mais devagar.

Com a Sophie ao meu lado, libero a tensão de meus ombros e giro a maçaneta abrindo a porta para ele.
Ele estava completamente diferente de hoje de manhã, ele estava de uma maneira mais descontraída. Sophie pulou de animação e logo quis ir para os braços de Josh imediatamente, percebo que Josh tem medo de abraça—la e causar dor em seus ferimentos. Mas mesmo assim, Sophie já consegue estar nos braços do pai.

— Olha a minha mãe que linda papi! — a Sophie disse baixinho para Josh, o que fez ele prestar atenção em mim e em como eu estava.
— Verdade, a sua mãe está linda, meu amor. — sorriu envergonhada pela situação. Lembranças de como Josh sempre me elogiava vieram na cabeça, em toda e qualquer situação ele sempre me exaltava, acho que eu sinto falta disso.

Nós saímos seguindo para o elevador, Sophie com sua pelúcia, permanência nos braços do pai. Quando entramos no elevador, Josh sugeriu que tirássemos uma foto juntos — seria bom termos memórias para poder mostrar a Sophie depois — com isso me aproximei deles e ele capturou o momento com um lindo sorriso de Sophie, por instantes encontrei minha mão em seu ombro, mas logo me afastei dele por completo. Eu acho que ele percebeu isso, mas preferiu ignorar.

Estávamos prestes a entrar em seu carro, ele pôs Sophie na cadeirinha e eu fui para o banco do passageiro da frente. Percebo que ainda está tudo do mesmo jeito, a maneira que eu deixava o espelho e o banco permanência igual. Isso me deixou com mais dúvidas ainda, eu não tinha certeza de nada, agora muito menos.

Parece muito pouco, mas pra mim é muito.

[...]

Eu observo a conexão de Josh e Sophie enquanto cantam juntos a música favorita de Sophie. Por um curto momento Josh me olhou, como se estivesse verificando se eu estava cantando ou me divertindo.
Pelo retrovisor eu ficava de olho em Sophie, a felicidade dela estava estampada em seu semblante.

Quando chegamos ao shopping, Josh se voluntariou para carregar a minha bolsa, acabei aceitando porque eu teria que carregar Sophie para não causar dor em suas perninhas machucadas.
Seguimos em direção ao cinema, e Sophie acabou avistando uma máquina de ursinhos.

— Papai, alí tem um irmão para bibi! — Bibi é a sua pelúcia de abelha — as vezes eu sinto ela ama mais esse brinquedo do quê a mim — ela aponta para uma abelha de pelúcia que tinha uma tiara de corações.
— Amor, o filme já já começa. Depois voltamos e tentamos, até conseguir! — o pai explica.
— Mas e se pegarem o irmãozinho da Bibi? — Sophie pergunta.
— Aí, o papai roda todos os shopping do mundo, para encontrar um novo irmãozinho para a Bibi. — ele se aproxima, e deposita um suave beijo na Sophie, que parece aceitar a situação sem birra.

Josh foi até a fila para pegar nossos ingressos e Sophie estava pulando de animação.

— Então, vamos comprar pipoca e doces? — Josh chega animando ainda mais Sophie.
— Não, não, não. A Sophie já comeu doce hoje mais cedo. — meu instinto de mãe tinha que agir.
— Deixa, mamãe, por favor! — seus olhinhos piscaram algumas vezes seguidas.
— É, deixa, por favor! — Josh imita os olhos de Sophie.

Quando se trata da Sophie Josh faz coisas inimagináveis

— Ah, mas você vai escovar muito bem os dentes depois, viu! — se eu não permitisse os dois não me deixariam em paz.

Eles saíram animados para a fila de comida.

As vezes eu sentia ciúmes pela conexão que existe entre eles, mas reconheço que Josh é o melhor pai do mundo, e que é isso que mantêm Sophie tão próxima dele, esse amor que ele sente por ela é o que alimenta a conexão deles.

Depois de minutos de espera eles voltam com algumas comidas em mãos.

— Toma mamãe, o papai comprou pra você. — ela me entrega um espeto de morangos cobertos com chocolate. Talvez a melhor coisa que já inventaram no mundo.

Essa comida já esteve presente em muitos momentos importantes do meu relacionamento com Josh, fico pensando se ele lembra da gente de vez em quando.

— Obrigada. — dessa vez, direciono minhas palavras ao Josh.
— Por nada.. Bom, Vamos?! A sessão já abriu. — nada poderia conter a animação da Sophie nesse momento.

Era estranho, estávamos apenas nós naquela sala, mas acho que ninguém mais no mundo pensaria em assistir o filme de peixes falantes as cinco da tarde!

[...]

Metade do filme já havia se passado, até que pra peixes falantes, era bem legal. Como não havia ninguém na sala, a Sophie pode se divertir a vontade, sem nos preocuparmos em atrapalhar alguém.

Sophie preferiu vir para o meu colo invés de ficar em sua cadeira, ela segurava a mão de Josh o tempo inteiro, ela trouxe a mão dele para perto do seu peito. Ela de ajustou sobre mim, e logo percebi que talvez o seu sono logo chegasse.

Sophie puxou minha mão para perto também e como previsto, logo a pequena em meu colo adormeceu.

Os olhos de Beauchamp se mantiveram fixos em Sophie, a pequena se ajustou novamente e fez com que nossas mãos tivessem um choque uma com a outra. A maneira que ela ficou fez com que nossas mãos permanecessem juntas.

O encontro de nossas mãos me deixa apavorada, quando tomo coragem para olha—lo, vejo seus olhos que estavam fixos na Sophie, se voltarem sobre mim agora.

— Vê se não tira a sua mão de mim agora. — suas palavras fazem referência ao acontecido do elevador. Pensei que aquilo não tivesse o importado.
Não tenho coragem pra retrucar sua fala. Quando olho para ele, ele está novamente focado em Sophie.

Maldita dúvida que continua.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨Where stories live. Discover now