𝟬𝟬𝟵| Parece errado.

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Josh B..

Me sinto um moleque apaixonado, não conseguindo parar de pensar naquela mulher e no quanto eu preciso dela. Ainda estou deitado no sofá, com o celular por cima do meu corpo e com a minha mente nela.
Eu decidi! Eu vou falar com ela!
É, vou falar para tentarmos novamente, não.. Talvez ela se assuste. Mas eu sei que eu vou falar algo!

Uma música, eu coloquei para tocar. As cortinas, eu mantive fechada. Meu corpo estava mais relaxado do que nunca, já minha mente.. Estava nela. Sem surpresa nenhuma, eu pensava nela desde hoje mais cedo. Essa mulher realmente é inesquecível.

Todo o meu transe é interrompido por partidas em minha porta? Quem veio encher meu saco em pleno meio-dia, a menos que não seja para almoçar, você não vai até a casa de ninguém a essa hora.

Tive que gritar que já estava indo atender a porta enquanto estava me vestindo às pressas. Coloquei um conjunto de moletom, que normalmente uso na academia — faz um tempo que eu não piso lá — e então finalmente abro a porta.

— Carol? O que.. — tento falar, mas ela leva sua mão até a minha boca.
— O que eu tô fazendo aqui? Eu vim ver como você está! Você não parecia bem ao telefone. — talvez porque eu tinha acabado de acordar?!
— Eu estou bem melhor, obrigado! - Falo para que sua dúvida seja respondida.
— Não vai me convidar pra entrar? — eu ainda não acordei do meu transe por completo.
— Que má educação, desculpa. Vem, entra! — libero a passagem e em seguida fecho a porta e sigo a mulher que foi em direção a sala.

— Tem uns dias que eu estou preocupada com você! — ela se encosta na parte de trás do sofá.
— Preocupada? Por que? — eu não imaginava que ela prestava tanta atenção em mim.
— Você anda distante, tem algo acontecendo? — mas eu nunca fui tão próximo dela.
— Problemas com minha filha e minha ex-mulher. — eu deveria ter dito logo família.
— Ah, eu sei como é.. — ela caminha até mim, que nesse momento estou encostado na parede.
Eu nunca havia sentido ela tão próxima assim. Eu não sei o que sinto sobre isso.

— Eu posso te ajudar com os problemas com sua ex-mulher, eu sou boa nisso! — era possível sentir sua respiração, de tão perto que ela estava agora.
— Eu não.. Eu realmente não sei. — dúvidas, dúvidas, dúvidas. Elas voltaram.

— Josh.. Eu também não tenho certeza de nada.. Vamos não certeza juntos? — eu encaro os seus olhos, esperando sentir algo. O sentimento de confusão que havia ido embora, parece voltar. E se for tudo o que eu preciso? Outra pessoa? Eu realmente não sei.
Há muito tempo eu não sinto outra mulher tão perto, sempre foi Any, e agora eu não sei o que sentir sobre isso. É errado? Parece errado.

"Acabou."
"Parte pra outra!"
"Se acabou é porque não dava mais certo."
"O amor de vocês acabou!"

Eu ouvi diversas coisas assim, vindo de muitas pessoas, será mesmo essa a solução? Assim que eu beijar outra pessoa, o que sinto por Any vai embora?

Ela chegava mais perto a cada segundo, suas mãos vão até o meu rosto. É errado, não encaixa ou funciona. Eu sinto isso! Mas eu também sinto dúvidas ainda maiores.

O som de batidas na minha porta faz com que minhas mãos afastem seu corpo de perto do meu.
Ó céus, eu não preciso de mais uma visita desse tipo! Eu ignoro a tensão que havia agora e caminho até a porta, penso duas vezes antes de abrir. Mas sem ter para onde fugir, giro a maceta e puxo a porta.

Meus olhos parecem ter sido iluminados, eu me perco toda vez que vejo o olhar dessa mulher. Minha hipnose é cortada quando sinto o abraço da minha filha. Abaixo para encontrar a minha pequena cacheadinha que era a única que não me confundia agora.
Subo com ela em meus braços, a feição de Any parece ter mudado, ah, merda..

— Desculpa, a gente só veio te dar um oi, mas pelo visto seu trabalho está em casa. — merda, merda, merda. A Carol!

— Ah, Carol. Já terminamos, certo? — eu sou um babaca, que merda!
— A gente se vê mais tarde?! — seus olhos focaram nos meus, agora com raiva instaurada.

— Desculpa, a gente estava apenas resolvendo umas coisas do restaurante. — mentiras, Beauchamp? Mentiras.. A coisa que ela mais odeia.
— Sem problemas.. É, a gente já vai! Vamos Sophie! — ela parecia com medo de falar comigo. Eu estraguei tudo como sempre.

Sophie acabou levando Any para o andar de cima. E caralho.. Eu só consigo pensar no quanto eu sou um babaca, eu agi mal com a Any e com a Carol.

Sentado em uma poltrona, minha perna não conseguia conter o movimento, levo minhas mãos a cabeça tentando fazer com que a dor diminua, minha cabeça está uma confusão, não sei o que sentir, o que falar, ou o que fazer.
O que Any estava sentindo sobre a Carol, ou vise-versa, eu não consigo entender isso. E dentre tudo isso, sou obrigado a controlar a raiva dentro de mim, eu não vou agir como o homem que me criou. Eu não vou.

Ouço passos e logo viro o meu olhar para a mulher parada na frente da escada, eu só quero olhá-la. Mas ela parece com raiva. Raiva de mim, das minhas atitudes. Como eu odeio essa merda de raiva.

— A mamãe adorou o meu quarto! — e eu ainda preciso fingir que estava tudo em ordem, para isso não afetar ainda mais a minha filha.
— Que bom, meu amor!

— Chama o papai pra almoçar com a gente. — Sophie falou após Any insistir para elas irem embora.
— O seu pai deve ir almoçar no restaurante dele, vamos Sophie! — Any parecia não aguentar mais aquela situação. Mas Sophie parece determinada a me levar com elas. E consegue, ela apenas convence sua mãe e sem esforço nenhum ela manda que eu vá com elas.

Any não quis ir ao restaurante, então acabou me convidando para o almoço em sua casa. Peço que elas andem na minha frente para que eu possa fechar a porta após sair.

— Ei, amanhã à noite tem reunião na escola da Sophie. — ela acabou parando de repente para falar, o que me fez ficar muito próximo de seu corpo. Mas logo teve que me afastar.
— Ah, certo. Eu estarei lá! — ela apenas continuou a andar e me deixou para trás.

[...]

O almoço em geral foi muito desconfortável, Any deixou claro em suas atitudes que não me queria ali. Não saber os motivos exatos me deixa frustrado.
Eu estava conversando sobre a escola com Sophie, por mais que agora suas palavras não me façam sentido, ouvir a voz dela me acalma, sempre me acalmou.

Odiava a parte de ter que me despedir da Sophie, porque ela sempre me pede pra ficar.

Mínimas palavras de agradecimento saíram da minha boca para Any, acho que a raiva se transforma em orgulho depois de um tempo.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨Where stories live. Discover now