𝟬𝟬𝟰| Esses sentimentos me confundem.

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Josh B..

— Eu tô te falando, Beauchamp. Vocês ainda vão voltar! — Bailey afirma.
— Sei lá, May. As vezes parece que ela quer isso, já outras vezes ela parece me odiar. — Bailey dá um gole em sua bebida enquanto ouve minha reclamação.
— Ah Beauchamp, a sua Any nunca foi fácil de entender. — ele tem razão, mas se ela não fosse um desafio, eu não teria me apaixonado por ela.
— Ao mesmo tempo que quero falar com ela tenho medo. — digo.
— Segundo você, não foi por falta de diálogo que vocês terminaram?! — suas palavras me refutaram instantaneamente.
— Bebe a sua bebida e não me faz lembrar um dos piores momentos da minha vida. — reclamo.

Lembro da turbulência do fim do nosso casamento. Meu trabalho não me deixava ficar próximo de Any e ela também já não fazia mais questão de conversar comigo quando tínhamos tempo.

Quando ela me pediu divórcio implorei para conversarmos todos os dias que nos restaram juntos, mas não foi possível.

O amor não é e nunca vai ser a única coisa necessária em um relacionamento.

— Você ainda não meu falou o que aconteceu depois que suas mãos ficaram juntas! — Bailey me tira dos meus pensamentos.
— Nada demais, nos ignoramos a presença um do outro o resto do filme inteiro. Então quando o filme acabou, eu deixei elas em casa e vim pra cá. — eu queria que tivesse acontecido algo.

— Caraca, vocês só se enrolam, eu já teria tacado um beijão nela. — queria ter a coragem para beija-la.
— A minha situação é complicada May.. E além do mais esses sentimentos me confundem. — desabafo e o homem do meu lado dá tapinhas em minhas costas como forma de apoio.

— Eu já vou indo, eu preciso organizar umas coisas do restaurante. — comento para Bailey.
— Vai beauchamp, que eu vou ficar aqui, tenho uma coisa pra resolver aqui também. — Bailey direcionou seu olhar para uma loira, me levando a crer que isso era a coisa que ele tem pra resolver.

Me despeço do meu amigo e entro no meu carro.

O cheiro dela ainda permanência no carro. Meus pensamentos frequentemente sobre ela me levam a dúvidas dos meus próprios sentimentos.
Eu não entendo, não entendo o que eu sinto, e isso me frustra.

O amor de certa forma é uma coisa que eu não entendo. Eu não aprendi a amar, eu apenas ouvia minha mãe dizer que me amava e dizia o mesmo a ela, sem nem ter noção do que significava. Será que todos nós já nascemos com o amor instaurado dentro de si?

Eu descobri o que era o ódio, quando ouvi meu pai bêbado, ameaçando a minha mãe.

Mas o amor.. Eu tive tantos momentos que eu tenho certeza que senti o mais puro e verdadeiro amor, como quando beijei Any pela primeira vez ou como quando ouvi o choro da minha filha pela primeira vez.
Um novo amor foi descoberto nesses momentos.

[...]

Tenho certeza que a música que toca no inferno é o toque do alarme do celular.

Ontem, assim que cheguei me joguei em cima da cama, nem troquei de roupa, nem nada. Hoje é sábado, eu preciso ir pro restaurante de qualquer jeito, é um dos dias mais movimentados.

Já no banheiro, disposto a começar meu dia, ponho uma música no celular e o coloco sobre a bancada da pia. Meu corpo nu se coloca sob a água do chuveiro, a água fez meu corpo acordar por inteiro. Minhas mãos percorrem meu corpo, cumprindo a função de um banho.

Com a toalha posta sobre minha cintura e gotas ainda caindo pelo meu abdômen, caminho até meu armário, onde havia uma curta variedade de roupas, eram apenas roupas sociais e roupas que usava para sair e ir a academia. Pego uma calça escura e uma camisa branca e coloco em meu corpo.

[...]

Ao chegar no restaurante, percebo o quão lotado está. Caminho até a cozinha e cumprimento todos os funcionários que vejo pelo caminho. Eu sinto falta de trabalhar nessa cozinha todos os dias, era mais fácil do que administrar o restaurante inteiro. Com isso em mente eu decido que hoje irei cozinhar, irei voltar aos velhos tempos. Onde era apenas eu e a cozinha.

[...]

O dia foi muito agitado, sem dúvidas a minha ajuda foi fundamental para conseguir atender toda demanda. Como é bom fazer algo que você ama, todo peso que tinha sobre mim, sumiu assim que comecei a cozinhar.
Me fiz responsável para fechar o restaurante, já se eram onze da noite, tudo já estava em seu devido lugar, eu só preciso ir pra casa mas eu sei que quando chegar lá a única coisa em que irei pensar serão essas drogas de sentimentos.
Talvez eu devesse sair, espairecer e esquecer tudo o quê anda acontecendo. Tenho certeza que se eu ligar para Bailey agora, ele irá listar muitas opções de programas para fazermos. Assim faço.

— Alô, May?
— Oi Beauchamp, tá precisando de algo? Pra você ligar a essa hora..
— Não preciso de nada, apenas queria saber se você tem alguma coisa para fazermos, tô no restaurante ainda e não tô afim de ir pra casa.
— Vem aqui, aí resolvemos o que fazer.
— Você só quer que eu vá para você não gastar gasolina, seu pão duro!
— Xi-xi-xi tá cortando, vem logo e eu aproveito e chamo o Urrea.

Após essa pequena desculpa esfarrapadas desligo sem dar mais tempo para que ele não fale mais nada.
Já com o restaurante completamente fechado, sigo para o meu carro que era o único em todo o restaurante devido a tarde hora.
Ligo o rádio em qualquer estação, uma qual passava músicas do The Weeknd, o cara tem talento, suas músicas podem levá-lo até para outra dimensão.

Sem noção do tempo com as músicas tocando seguidamente, percebo que já estou na frente do edifício onde May mora, me pergunto o que iríamos fazer, conheço esses caras há muito tempo, sei que todas as vezes que estivemos juntos, era uma nova história para se contar.

Já de frente para porta de Bailey, bato três vezes na porta, que logo é aberta por Noah que está com uma garrafa de cerveja na mão.

— Quanto tempo, irmão! — realmente fazia tempo desde a última vez que o vi. Mas nada nunca muda entre nós três, podemos passar anos sem conversar, nada irá mudar.
— É mesmo, como anda a sua vida? — entro no apartamento e sigo com mão sobre o pescoço de Noah.
— Antes de falarmos da desgraça, você não quer uma cervejinha?
— Esqueceu que eu não bebo?
— Cara, você é meu ídolo! Queria ser mais como você! — pelo visto, a bebida atingiu seu interior.

— Oi, meu garoto! — Bailey chega acompanhando por copos com bebidas. Acho que a solução para todos é a fuga no álcool.
— Whisky pra mim, suco pra você. — ele diz e eu pego o copo de sua mão e então questiono.
— Então.. O que vai ser? O que vamos fazer? — me sento no sofá e sou seguido por Noah e Bailey.
— Terapia em grupo séria uma boa. — Noah diz, o que me tira uma risada. Do jeito que as coisas estão, não era uma má idéia.
— Eu pensei em ficarmos mais de boa. Sabe, ficar aqui bebendo e conversando, como nos velhos tempos. — hoje o dia estava cheio de momentos nostálgicos. Sem mais opções fizemos o sugerido por Bailey.
[...]

" — She wears high heels
I wear sneakers
She's Cheer Captain, and I'm on the bleachers
Dreaming about the day when you wake up and find
That what you're looking for has been here the whole time
If you could see that I'm the one
Who understands you
Been here all along
So, why can't you see?
You belong with me "

Um coro era formado em um único microfone, nós três cantamos como se nossa vida dependesse disso, gritos como "Any volta pra mim" saíram pela minha boca, mas sem me preocupar com nada naquele momento.
Quem diria que aos 28 anos de idade eu estaria em karaokê na casa do meu amigo cantando Taylor Swift, enquanto peço ao universo para que minha ex-mulher volte pra mim?!
O que seria uma noite conversando com os amigos se transformou nisso.

Por mais que isso tudo pareça bizarro, era momentos como esse que me traziam felicidade.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨Where stories live. Discover now