𝟬𝟭𝟰| Uma chance.

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Any G..

[...]

— Ele me disse que não beijou a Carol porque não quis. Por que não? Por que ele não quis ela? Eu tenho algo haver com isso? — questiono para Joalin.
— Você deveria... — antes que ela possa terminar, eu complemento sua frase.
— Já sei! Eu deveria perguntar pra ele. — após eu ter comentado, ela faz um joinha com a mão para mim.

— Ah, sei lá... Eu acho que já fui invasiva demais ao perguntar se eles estavam juntos! — falo e começo a mexer nos anéis em minhas mãos, o receio dominou a minha cabeça.
— Não! — ela grita — Se você tivesse sido invasiva, ele não teria respondido. — o tom de voz da Joalin está mais convencido que nunca.
— Será? — questiono mais uma vez a ela.

Com um movimento rápido ela atravessa o balcão da cozinha e gira a cadeira para que eu pudesse ficar cara a cara com ela, segura meus ombros com força e fixa seus olhos nos meus.

— Any.. Você tem uma chance para fazer o que você quiser; você tem uma chance de passar a noite na casa dele; você tem uma chance para trazer ele de volta. Você tem uma chance! — ela diz muito próxima ao meu rosto.
— Consequências, Joalin! — respondo, mesmo sabendo que uma parte minha já está convencida.
— Quando você tem apenas uma chance, você não se importa com o que vem depois disso. — ela finaliza e volta a beber o seu café.

É sempre assim, Joalin me diz as palavras que ficaram na minha cabeça pelo resto do dia e volta a fazer qualquer outra coisa. Já me ferrei muito com os concelhos de Joalin, mas quem sabe esse não seria o concelho.

— Eu preciso ir, vou na farmácia e depois vou encontrar a Sophie. — falo indo em direção a minha amiga para me despedir.
— E o pai da Sophie! — junto com isso ela solta uma risada.
— Melhoras para a minha princesinha, viu! — ela diz enquanto me acompanha até o lado de fora.
— Tantas e tantas coisas estão acontecendo agora. Mas vai dar tudo certo!
Eu espero.
[...]

Caminho até a porta de Beauchamp com as sacolas de coisas da farmácia em minhas mãos, respiro fundo e tento soltar a tensão dos meus ombros. O que será que Josh irá achar de eu ter vindo tão cedo? Eu falei que iria dormir com Sophie, não que eu ia chegar às sete da noite.
Sem pensar mais, eu finalmente toco a campainha.

— Oi! — foi possível ouvir após ele abrir a porta.
Merda, ele está com uma roupa mais despojada e de academia, a roupa destaca todo seu tronco. Por que tão gostoso?
— Eu vim mais cedo, com alguns remédios pra Sophie. — é um milagre se eu não babar em seu abdômen colado à roupa.
— Pelo visto você comprou a farmácia inteira! — ele se refere à sacola em minha mão.
— Foi uma piada, Gabrielly. — ele completa ao ver a minha reação confusa.
As coisas parecem estranhas.

— Onde está a Sophie? — falo ao seguir ele até a cozinha.
— Se for essa pequena, tentando roubar alguns morangos. — Sophie estava na ponta do pé, tentando pegar morangos que haviam na bancada.
— Mamãe! — ela gritou.
— Princesa! — ela anda até meus braços.

— Eu e o papai vamos assistir o filme da princesa da neve! Vem com a gente! —  ela me convida e automaticamente meus olhos se viram para Josh.
— Vamos, meu amor. — me dirijo a Sophie.

Eu estava sentada com Sophie deitada ao meu colo, acabo deixando ela no sofá para poder falar com Josh na cozinha.

— Josh? — encontro ele de costas.
— Oh, oi! Eu só estou terminando de fazer a pipoca que Sophie pediu. — ele explica.
— Ah, não é isso. Eu quero saber... Você sente que a Sophie está melhor? Porque pra mim não parece muito. — eu o digo.
—Pra mim ela não parece tão melhor do que antes, mas ela fica mais alegre quando você está por perto! — ele diz e isso arranca um sorriso de mim.

[...]

— Ela dormiu! — digo após descer do quarto da Sophie.
— Que bom! Eu pensei que você iria ficar lá com ela. — Josh comenta.
— É que... Eu pensei... Eu vou pra lá! — eu não quero incomodar Josh.
— Não! Você pode ficar aqui! — ele parece entender a minha interpretação de sua fala.

Eu caminho até o sofá e sento com uma distância relativa de Josh. Não parecia que ontem ele passou horas acariciando minha perna, talvez por vergonha de ambas as partes não temos atitude para conversar um com o outro.
Mas, merda... Uma chance, é a única chance que eu tenho e essa chance é agora. Se eu não fizer nada, eu tenho certeza que alguma outra mulher irá fazer por ele.
O ambiente está escuro, apenas a luz ilumina a sala. Talvez seja mais fácil falar algo sem precisar olhar para o rosto dele.

— Josh... É... — a minha pausa entre as palavras foi relativamente grande, o que foi o suficiente para eu sentir os olhos dele sobre mim.
— Ah, esquece. — eu perdi toda a minha coragem ao sentir ele olhando pra mim. Era esquisito ele olhou para mim durante anos e apenas hoje eu sinto medo.
— Any? — foi sua vez de me chamar.
— Sim? — eu respondo.
— Eu... — ele é interrompido pelo barulho de batidas frenéticas na porta.

Ele caminhou para ir atender a pessoa que esperava na porta, uma curiosidade se despertou em mim, quem queria ver Beauchamp às onze da noite?
A porta foi aberta e liberou Noah que entrou até a sala e pareceu surpreso ao me ver.

— Any? — ele falou completamente sem jeito.
— Olá, Noah. — minhas mãos se fecham de raiva ao saber quem fez com que Josh parasse de falar.
— Vamos para a cozinha! — Josh pôs seu braço sobre o ombro do Noah e ambos caminharam até a cozinha.

Será que Josh trazia sempre os amigos dele a essas horas? Será que ele se sente mais livre agora que está sozinho? Dúvidas sempre viam.

Acabei ouvindo meu nome sendo pronunciado na conversa deles, fico mais atenta o possível para compreender o que falam.

"— Uma mulher tudo bem, só pensei que iria ser outra, tipo a Carol ou a Lucy. Sei lá, é estranho ter a sua ex aqui!"

Foi possível ouvir essas palavras saírem da boca de Noah. Carol? Lucy?
Meus olhos encaram o chão, uma sensação de terremoto toma o meu coração. Não existe uma chance, não existe chance nenhuma. O que existe é uma idiota que insiste em algo de acabou. Meus olhos retomaram a TV, onde ainda passava desenhos infantis, eu queria que as coisas ainda fossem fáceis.

Minhas mãos tremem diante a sensação que estou sentindo, Josh é só mais um homem, só mais um que seguiu adiante. Felicidades para ele, e para a Carol — qual ele disse que não queria e eu acreditei — ou para essa Lucy, tal mulher que eu nem conheço.

Todos os sentimentos que se faziam presente na noite passada pareceram sumir. Eu não vou deixar nunca que ele saiba que continuei sentindo algo por ele. A partir de hoje tudo de mais belo que eu possa ter vivido ao lado dele será esquecido.
Eu seguirei em frente! Com lágrimas nos olhos talvez, mas eu seguirei.

Olho fixamente para a televisão enquanto eles saem da cozinha, o Noah parecia se despedir do Josh.

— É... Tchau Any. — ele diz antes de sair e eu aceno para o mesmo.

Após isso o Josh voltou para o sofá, porém agora mais perto, bem mais perto, o que adianta se agora estamos a milhas de distância.

— Sobrou morangos na geladeira, você quer? — ele pergunta quebrando o terrível silêncio que havia agora e educadamente eu nego com a cabeça.

Pela minha visão periférica foi possível ver Josh jogar a sua cabeça para trás, seus ombros parecem tensos tanto quanto pedras.

Nada parecia bem, ao melhor... Nada está bem. Estava tudo mais frio do que nunca. Eu preferia nunca ter vindo aqui, eu preferia nunca ter passado a noite aqui, eu preferia nunca ouvir Noah falar sobre outras mulheres. Eu prefiro não manter Josh Beauchamp na minha vida.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨Where stories live. Discover now