𝟬𝟮𝟭| Me desculpa Sophie

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Josh B..

Me direcionei até a sala de estar e sinto os passos da mulher atrás de mim. Uma gigantesca curiosidade habita em mim, o que ela tinha para falar? Era sobre nós? Sobre a Sophie? Heyoon, talvez? Eu não faço a mínima idéia, como sempre essa mulher é indecifrável.

— Josh! — ela chama após sentarmos ao sofá juntos
— Sim? — respondo com um alto nível de curiosidade.
— É... Você sabe que toda sexta-feira a Sophie tem psicólogo, certo? — ok... É sobre a minha pequena, por favor sejam boas notícias.

Como resposta apenas concordei com a cabeça.

— É... — seus dedos se movimentam rapidamente sobre suas coxas e um nervosismo ainda maior me toma.

—Sabe a Síndrome que gera pânico, que a Sophie poderia ter? Então... — olhei em seus olhos caídos e tristes, reconhecendo a sua tristeza.

Uma dor instantânea veio ao meu peito, a dor maior do que a de uma facada. Tudo de repente pareceu ficar em silêncio, na cabeça, um milhão de momentos felizes com a minha filha.
Aos poucos sendo obrigado a digerir o que acabou de ser dito, o ar parece ir embora. Meu pulmão não consegue fazer a sua função e ao meu redor Any continua a falar, mas tudo o que ouço é um enorme som abafado.

— Any! — levo minhas mãos em suas pernas e a olho em um ato rápido, e ela reage com um completo silêncio.
— Desculpa. Eu preciso da minha filha! — encaro seus olhos castanhos e pela primeira vez não sinto nada além de uma enorme culpa e um grande vazio ao encará-la.

Saio da sala com pressa segurando lágrimas, apoio meu corpo na parede, meu peito está com uma dor de mil facadas. Deixo minha boca entreaberta a procura do ar que me falta, mas é uma tentativa falha.

Eu fiz de tudo, de tudo mesmo, para ser diferente do meu pai. Eu fiz questão de fazer tudo para que a minha filha não seguisse o mesmo caminho que o meu, não sofresse dor na infância, mas não consegui.

Realmente... É um grande ciclo sem fim, onde filhos que foram machucados se tornam pais que machucam seus filhos. Eu queria poder ser um bom pai, mas não tive quem me ensinasse. Me desculpa Sophie.

Com muita dificuldade pelo ar que ainda me falta, eu caminho lentamente para a cozinha. Sem entrar na cozinha, espio Sophie dançando e sorrindo com a Heyoon. Eu nunca mais verei minha filha da mesma maneira, lembro de vezes que ela me pediu para ficar com ela. Me arrependo de todas que tive que ir embora.

Dou um último suspiro com o pouco de ar que consigo e entro na cozinha chamando a atenção da pequena que larga a Heyoon e corre até mim.

— Então papai, você abraçou a mamãe? — a Sophie abraça minhas pernas e por muito pouco, lágrimas não saem dos meus olhos.
— O que é que tem a mamãe? — nossos olhares se voltam para a Any que entra na cozinha.
— Mamãe, o papai te abraçou? Da última vez que vocês conversaram sozinhos, ele te abraçou! — encaro Any, esperando a sua resposta.
— Amor, o papai não precisou me abraçar hoje. — o ânimo de Sophie diminui e ela acaba subindo para os meus braços.

Minha vontade é abraçá-la, abraça-la muito forte e para todo o sempre, garantindo que ninguém nunca a machucasse mais.

[...]

— Papai, não tem a boneca bailarina que eu te falei? Eu queria muito a de vestido azul, quando você for comprar, procure a de vestido azul, por 'favooor! — ela diz enquanto brinca com os objetos de decoração, na mesa central da sala de estar.

— O papai procura o que você quiser, pode deixar que eu vou trazer a de vestido azul! — volto a prestar atenção novamente na pequena já que os últimos minutos eu encarei qualquer local aleatório mas com pensamentos muito específicos.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨Where stories live. Discover now