𝟎𝟓. 𝐎𝐬 𝐝𝐨𝐜𝐞𝐬 𝐥𝐚́𝐛𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐃𝐞𝐦𝐨̂𝐧𝐢𝐨.

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Quando ouviu aquilo da boca de Jade, Reiner sentiu seu estômago se embrulhar e um arrepio percorreu sua espinha. Jade estava, sem dúvida, se referindo ao dia em que ele e Bertholdt destruíram uma parte da Muralha Maria. Claro, ele sabia que a garota vivia lá, mas não tinha noção de que aquela experiência tivesse sido tão traumatizante a ponto de causar problemas de insônia nela, e possivelmente influenciado sua vontade de deixar as muralhas para se juntar à tropa de exploração.

- Deve ter sido terrível... - lamentou ele, baixando a cabeça e sentindo a culpa pesar em suas costas.

- Realmente, foi terrível... Mas com o tempo, eu vou superar. Porque, como me disseram um dia, a vida é assim. - disse a menor, soltando o braço de Reiner e se abraçando sob o cobertor.

De canto de olho, Reiner a observou com cuidado, percebendo que ela olhava para o chão, como se estivesse buscando as palavras certas para continuar aquela conversa deprimente.

Não era fácil ser um guerreiro enviado para destruir aquelas pessoas, especialmente quando você começa a se apegar a elas. Quando vivia em Marley, Reiner era alvo de vários insultos, e ele simplesmente aceitava todas essas humilhações sem protestar, mantendo-se em silêncio. Desde que se tornou um guerreiro, ele teve que aprender a lidar com ainda mais insultos, humilhações e agressões, tanto verbais quanto físicas. Na sua turma, ele era considerado um dos piores, e estava certo de que não herdaria nenhum dos Titãs, mas, por ironia do destino, Reiner conseguiu. Ele se tornou o portador do Titã Blindado.

O que Reiner não podia imaginar era que tinha conseguido esse posto principalmente porque Marcel, seu amigo falecido, tinha interferido em tudo.

- Obrigada, Reiner. - murmurou Jade, olhando para ele com ternura, visivelmente envergonhada.

- Pelo quê? Eu não fiz nada.

- Christa me disse que foi você quem teve a ideia de vocês passarem a noite comigo... Achei que deveria agradecer, moleque tapado. - respondeu ela, revirando os olhos.

- Bom, você pode me agradecer de outra forma. Garanto que vai ser bom tanto para mim quanto para você. - sugeriu Reiner, falando num tom malicioso.

- Hum... Eu ainda não estou pronta para fazer algo assim, sou bem nova ainda. - disse Jade, ajoelhando-se ao lado do loiro e virando o rosto do jovem em sua direção.

- Você sabe que estou falando sobre cozinharmos uma torta de batata doce, não sabe!? - perguntou o Braun, visivelmente assustado com a súbita mudança de comportamento vinda da jovem de cabelos claros.

Com cuidado, Jade retirou a coberta que os envolvia e posicionou-se entre as pernas do loiro, que permaneceu em silêncio, observando-a cautelosamente. "O que ela está planejando fazer?", questionou-se ele mentalmente. Lentamente, a Fleury foi se aproximando do rosto de Reiner, que estava praticamente paralisado, antecipando o que estava por vir. Com suavidade, a jovem loira colocou suas mãos nos ombros do rapaz e o olhou nos olhos novamente, desta vez com um olhar cheio de paixão e desejo.

- Posso prosseguir? - ela encostou a testa na dele.

- Eu não sei... - murmurou ele, evitando olhá-la nos olhos.

Sendo um guerreiro marleyano honorário, Reiner sentia bastante receio de tocar nela ou qualquer outra mulher daquela ilha. Por fora, o loiro demonstrava em seu olhar o quanto desejava Jade, mas por dentro, sentia medo de estar sendo enfeitiçado pela lábia da garota. Quando vivia em Marley, muitos lhe disseram que os demônios de Paradis sabiam enfeitiçar pessoas para fazê-las se apaixonarem por eles, e Reiner sentia medo de ser vítima de algum feitiço. Afinal, isso era o que sua mente lhe dizia, mas seu coração dizia outra coisa.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Where stories live. Discover now