𝟑𝟒. 𝐌𝐚𝐫𝐥𝐞𝐲.

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No início da tarde, o navio atracou no porto de Marley, onde diversos militares marleyanos se reuniram para receber os guerreiros. Surpreenderam-se ao notar que apenas dois dos que partiram em missão há 5 anos estavam presentes. Murmúrios surgiram entre eles, com a suspeita de que a missão poderia ter sido um fracasso. A surpresa cresceu quando, entre os militares, surgiram duas jovens, ambas eldianas de dentro das muralhas. Mais uma vez, armas foram apontadas para as duas, que permaneceram silenciosas e destemidas desta vez, aguardando a intervenção de Reiner e Bertholdt para amenizar a situação em favor delas.

Imediatamente, Jade e Ymir foram conduzidas ao quartel-general de Marley, onde passariam por um interrogatório. Se tudo ocorresse bem, seriam liberadas, porém permaneceriam sob a vigilância de alguns guardas. Braun já havia conversado com ambas, garantindo que faria o máximo para mantê-las seguras, embora a de cabelos claros ainda sentisse apreensão. A garota estava nervosa, mal acreditando que agora estava do outro lado do mar e diante de pessoas tão diferentes das que estava acostumada a ver em Paradis. A pele negra das pessoas era novidade para ela, e ela não conseguia deixar de encarar um dos militares que a guiava, cativada por aquele homem.

Enquanto caminhava, observou o ambiente ao redor, cada vez mais surpresa com o que via. Tudo era tão diferente e moderno em comparação com a ilha; ela jamais imaginara ver tanta diversidade em sua vida. A grandiosidade de tudo a fascinava a ponto de não perceber o perigo iminente que representava um deslize, podendo custar-lhe a vida a qualquer instante. Finalmente, chegaram a uma sala pequena e fracamente iluminada, contendo apenas uma mesa e duas cadeiras. Ali, cada palavra que proferissem seria minuciosamente analisada, decidindo-se assim se valeria a pena mantê-las vivas.

Os olhos castanhos de Jade não se fixavam em mais ninguém na sala, pois estavam demasiadamente absortos na luz brilhante do teto, como uma criança diante de um brinquedo novo. Ela estava impressionada com a iluminação elétrica que preenchia o ambiente.

- Se me permitem a pergunta, poderiam me dizer o que é aquilo? - inquiriu ela, de maneira inocente, enquanto indicava com o dedo indicador a lâmpada no teto.

- É uma lâmpada.

- Entendi... - respondeu a jovem, com seu foco fixado naquele elemento suspenso no teto.

Theo Magath finalmente adentrou o recinto, seus olhos direcionando-se imediatamente ao rosto de Fleury. Ela, contudo, estava mais absorta em contemplar a lâmpada do que em prestar atenção aos acontecimentos ao seu redor. O homem aproximou-se da mesa com passos pausados e, ao chegar suficientemente perto, bateu com a palma das mãos na superfície, gerando um som alto que reverberou por toda a pequena sala. Todos os presentes voltaram seus olhares em sua direção, incluindo Jade, que prontamente ergueu-se e realizou a reverência habitual de sua nação.

- O que você está fazendo?

- Peço desculpas... A questão é que... lá... nós... Digo, eu... Na verdade... Bem... - Consumida pelo nervosismo, a jovem mal conseguia formular frases, limitando-se a gaguejar.

- FALE DE FORMA COERENTE! - Ordenou Magath, batendo novamente com as mãos sobre a mesa.

‐ Trata-se apenas de uma reverência, senhor! - Respondeu Jade, mantendo os punhos sobre o peito e inclinando-se ligeiramente.

O homem prosseguiu fixando seus olhos no rosto e no corpo da jovem, analisando cada detalhe: altura, peso, musculatura e, especialmente, as pequenas cicatrizes que ela ostentava. O olho cego e desprotegido, sem a cobertura do tapa-olho, foi o aspecto que mais despertou a atenção do superior. Magath sentiu curiosidade sobre a origem daquela ferida, mas preferiu adiar a pergunta para um momento posterior. Após um breve período de observação, Magath permitiu que Jade se sentasse e ocupou uma cadeira ele mesmo, mantendo seu olhar fixo nela, atento a qualquer movimento suspeito por parte dela.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Where stories live. Discover now