𝟑𝟑. 𝐑𝐮𝐦𝐨 𝐚𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐨.

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No final da tarde, os reforços finalmente chegaram às margens da ilha de Paradis em um navio, onde os quatro poderiam partir daquele local. Levou algum tempo até que Zeke aparecesse e desse ordens para que se dirigissem ao navio. Estranhando a presença de Jade e Ymir, ele também notou a ausência de Annie e Marcel, tendo uma suposição do que poderia ter ocorrido durante os cinco anos em que estiveram ali. Quando se aproximaram da praia, diversos militares apontaram suas armas para as duas jovens, que imediatamente adotaram uma postura de defesa, preparando-se para enfrentar qualquer ataque. O mais experiente dos Jaeger permaneceu em silêncio, seguindo em direção ao navio e deixando os outros para trás. Afinal, ele não tinha qualquer envolvimento com os acontecimentos e, portanto, não havia necessidade de dar explicações.

Reiner e Bertholdt se posicionaram à frente das duas jovens, com as mãos erguidas em sinal de calma para tranquilizar os militares, e isso surtiu efeito. Com cuidado, o loiro conduziu as garotas à sua frente, solicitando que se apresentassem.

- Ymir, apenas Ymir. - declarou a mulher de cabelos escuros, mantendo seus braços apoiados na cintura.

- Jade Fleury. - acrescentou a mulher de cabelos claros, um tanto assustada com as armas que anteriormente estavam direcionadas a ela.

- Quando chegarmos a Marley, forneceremos uma explicação mais detalhada sobre a situação das duas. Por favor, permaneçam tranquilos; elas são confiáveis. - solicitou Braun, com um tom de voz firme.

Os homens, ainda que hesitantes, permitiram a entrada das duas no navio, fitando-as com olhares de desaprovação e repulsa, conforme era de se esperar. A jovem de cabelos claros estava profundamente preocupada e assustada com a situação, mantendo firmemente a barra da blusa de Ymir, sem ceder em hipótese alguma. Isso ocorria independentemente do fato de ambas talvez nutrirem ódio mútuo e desejarem a morte uma da outra. De tempos em tempos, a garota morena lançava olhares à menor, comparando-a à Historia, e então revirava os olhos, emitindo risadas de como Jade, que frequentemente se mostrava audaciosa, no fundo não passava de uma alma apreensiva.

As duas jovens foram conduzidas a uma cabine distinta daquelas ocupadas pelos três guerreiros marleyanos, onde foram confinadas, como se estivessem em uma cela. No interior, encontravam-se duas camas, um banheiro e uma pequena janela que proporcionava vista para o mar, concedendo-lhes um mínimo de ventilação. Ainda que a cabine fosse exígua e sufocante, Jade não percebia sua tendência à claustrofobia, pois sua mente estava absorvida por outros pensamentos. Lentamente, aproximou-se da janela diminuta e contemplou o mar através dela, permanecendo maravilhada com a vastidão e a infinitude que ele representava. Enquanto ela se deixava absorver pela paisagem, passou despercebido o momento em que a jovem morena rompeu em choro em sua própria cama. Somente mais tarde notou que a morena estava soluçando alto, mergulhada em tristeza.

Intrigada pelo som, Fleury voltou-se para trás e deparou-se com sua colega em um estado de desolação total. Esta chorava de maneira desesperada, como se o amanhã não existisse. No mesmo instante, aproximou-se apressadamente de Ymir, sentou-se ao lado dela e gentilmente levou as mãos até o rosto da moça, enxugando as lágrimas da companheira.

- Por que você está chorando? - indagou ela, demonstrando preocupação e confusão.

- Eu sequer tive a oportunidade de expressar a ela meus sentimentos... E agora não terei essa chance! - respondeu a jovem de cabelos escuros, puxando os próprios cabelos.

- Diga-me, Ymir... Por que a deixou para trás? Por que não a trouxe consigo? Viver enclausurada dentro daquelas muralhas é um verdadeiro inferno!

Ymir permaneceu em silêncio, continuando a chorar, enquanto agarrava seus cabelos com certa intensidade, incapaz de lidar com a presença tão próxima da outra moça. Apesar das circunstâncias, Fleury nunca conseguiu compreender o motivo do ódio que a morena de sardas nutria por ela. Nenhuma ação maldosa havia sido perpetrada, e se em algum momento algo inadequado ocorreu, foi apenas em resposta a provocações. Ciente de que poderia ser alvo de um golpe que a fizesse colidir contra a porta, ela desafiou os próprios instintos e emoções, estendendo os braços para abraçar a colega e apertando-a contra si. Logo após, uma das mãos dela gentilmente pousou no topo da cabeça da outra, acariciando a área.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Where stories live. Discover now