𝟓𝟑. 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐞, 𝐦𝐚𝐬 𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐜𝐮𝐬𝐭𝐨?

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Junto de Annie e os Azumabito, Jade resolveu que voltaria para Paradis usando um bote e estava se preparando para retornar até sua terra, dentro do navio daqueles orientais. A mulher estava entristecida com tudo de ruim que aconteceu nos últimos dias. Ela só queria chegar logo em casa e descansar o máximo possível. Tinha algumas dúvidas sobre se conseguiria enfrentar o mar sozinha e nas condições em que se encontrava, mas precisava fazer aquilo. Não queria ir para outro lugar que não fosse sua casa. Kiyomi havia lhe dado alguns cobertores, lamparinas, um pouco de alimento e água, pois não tinha certeza de quanto tempo iria demorar para que a jovem chegasse até as margens de Paradis, isto é, se ela realmente conseguisse chegar.

A Fleury estava agradecida pela generosidade daquela senhora, mesmo sabendo que a asiática nunca havia se importado de verdade com o bem dos eldianos e sim, com as preciosidades que haviam na ilha.

Jade foi até a Leonhart, que estava observando o mar pela beirada do navio, pensando em nada além de todos os arrependimentos que habitavam em seu peito. Pela última vez, a mulher dos cabelos claros queria conversar com aquela que considerava sua melhor amiga e a única que soube de tudo o que se passava em sua cabeça, antes e depois de se cristalizar para fugir das consequências causadas por seus atos no passado. Quando Annie percebeu a presença da mais alta ao seu lado, sentiu-se na obrigação de confessar o que havia feito há 4 anos atrás, no dia da invasão em Trost.

- Ainda não tivemos tempo para conversar sobre as coisas que aconteceram... - comentou a loira, olhando de canto para sua amiga.

- Você passou muito tempo ouvindo minhas reclamações diárias; deve estar a par de tudo o que aconteceu nos últimos anos...

- Sim, eu passei anos ouvindo você falar... Agora, é a minha vez.

Jade nada disse, apenas acenou com a cabeça, pedindo para que a Leonhart falasse tudo o que estivesse entalado em sua garganta, pois agora, ela seria sua ouvinte.

A loira virou-se para frente e começou a encarar um canto qualquer daquele lugar, falando sobre todas as coisas que havia feito, até sobre quando foi cúmplice na morte de Marco, coisa que sua amiga já tinha conhecimento sobre o ocorrido, porém, permaneceu calada, apenas escutando as coisas ditas pela portadora da Titã Fêmea. Annie estava arrependida, e isto era nítido. Ela nunca havia lutado por Marley ou porque odiava Paradis e seus habitantes. Aquela moça só fez o que fez para que pudesse voltar para o seu pai, assim como havia prometido ao homem. Pela primeira vez, Fleury viu sua amiga derramar lágrimas, e não eram poucas, eram muitas.

- De todas as atrocidades que eu fiz, o que mais me causa arrependimento... foi... ter tentado... matar você... - balbuciou a Leonhart, sentindo suas pernas ficarem fracas, logo caindo de joelhos no chão, com as mãos em seu rosto.

- Alguns erros são cometidos... E está tudo bem... Você pode pensar que está fazendo o certo quando está apenas com dor... - Jade abraçou sua amiga, logo depositando um beijo no topo de sua cabeça.

- Sinto muito. - lamentou a loira, retribuindo o abraço com a mesma força.

Annie nunca foi uma pessoa de demonstrar seus sentimentos, muito menos gostava de demonstrações públicas de afeto, mas já não se importava mais com aquilo. Desde que se cristalizou, não teve mais contato físico com ninguém e sentia falta de receber os vários abraços surpresas que recebia da mais nova. Entretanto, ouvir a voz da mulher dos cabelos claros já era mais do que o suficiente, mesmo que, na maioria das vezes, tivesse que ouví-la reclamar da vida ou chorar por causa das saudades que sentia de Reiner, aquele que ela tanto tentou afastar da mesma.

- Ainda somos melhores amigas? - perguntou Annie, esboçando um leve sorriso no rosto.

- Para sempre.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Where stories live. Discover now