Capítulo 03

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Serena 🌹

Serena: O que eu te disse?

Gabi: Serena, já entendi. - revirou os olhos. - Você estava certa, desculpa. Eu só queria me divertir.

Serena: Poderíamos ter feito isso na praia. Seria melhor e mais seguro. - bufou. - Gabi, você só me mete em confusão.

Gabi: Desculpa. - me olhou fazendo bico.

Suspirei fundo e estiquei meus braços para abraçar ela.

Meu país de origem é a Itália, mas amei o Brasil assim que pisei os pés aqui. Me mudei totalmente depois que terminei a faculdade e acabei aceitando o emprego que o pai da Gabi me ofereceu.

Minha família é toda tradicional italiana e bem grande. Tenho três irmãos, dois são mais velhos e um deles, o Saulo, é meu irmão gêmeo. Todos eles são médicos e meu pai também queria isso para mim, mas acabei tomando outro rumo. Não ficaram decepcionados comigo, pelo contrário, me apoiaram tanto! Amo la mia famiglia!

Todos eles, inclusive meu pais, sempre quiseram muito a minha felicidade. Então se o direito é o que me fez feliz e me mudar para o Brasil também, recebi todo amor e apoio deles.

A Gabi foi um anjo na minha vida. Uma das melhores amigas e mais fiéis que já possui na vida. Amo sua amizade e seu companheirismo, mas na maioria das vezes, preferia não ter confiado tanto, como agora.

Pela janela minúscula que tinha na parede, vi que o dia já tinha amanhecido. Não aproveitamos nada da noite e ainda por cima, não dormimos nada e o homem não voltou.

Gabi: Seu celular descarregou? - assenti. - Meu Deus! Cadê esse homem? - suspirou. - Se pelo menos pudéssemos sair, mas aquele infeliz trancou a porta.

Suspirei frustrada. Isso já estava virando um pesadelo!

Ouvi um barulho na porta e a Gabi me olhou. Nos  levantamos do chão e a porta foi aberta, mas não era o mesmo homem de ontem e sim outro. Un puro succo di piccantezza!
(Um puro suco de gostosura!)

Gabi: Quem é você? E porque demorou tanto? Cadê o seu amiguinho?

- Tu gosta de fazer pergunta, hein, garota. - ele se encostou na parede. - Me chamo Marcola. Estávamos limpando o morro, por isso a demora. E o Paraguai está na goma dele. - respondeu cada uma das perguntas.

Gabi: Já podemos ir? - ele negou com a cabeça. - Como assim? Porque não?

Marcola: A invasão acabou a pouco tempo e até que tudo esteja em ordem, ninguém entra e ninguém sai do morro.

Serena: Mas precisamos ir. - disse e ele me encarou. Tentei ao máximo não gaguejar e falar bem em português. - Nós precisamos trocar de roupa, comer, dormir.

Marcola: Eu arrumo comida e um barraco para vocês, mas só vão sair quando eu der a ordem.

•••••••••••••

Sai do banho e vesti uma roupa que estava na encima da cama. Sai do quarto e fui para a sala, onde a Gabi estava comendo.

O tal do Marcola, nos guiou até uma casa. Ele falou que era do amigo dele e que poderíamos ficar, desde que não tocassemos em nada.

Não estava muito satisfeita com o rumo que essa história está tomando. Estávamos presas aqui e só quero minha casa. Não sei do que esse pessoal era capaz, nem estava querendo descobrir.

Serena: Não acha melhor irmos embora? - peguei um pão de queijo na sacola e me sentei ao lado dela no sofá.

Gabi: Sê, eu sei que... deveria ter te contado um poucos mais sobre como funciona uma favela, antes de virmos.

Serena: Gabi, eu entendo de algumas coisas, não sou tão bobinha assim. - ela negou com a cabeça.

Gabi: Serena, aqueles dois homens são os donos desse lugar. Essa casa é do dono da favela. Eles são traficantes perigosos e procurados pela polícia.

Serena: Eu já saquei isso, Gabriela.

Gabi: Então, amiga. Não podemos sair daqui até que eles digam que sim. - assenti e comecei a comer o pão.

•••••••••••••

Levei um susto quando a porta foi aberta e me virei para olhar quem havia sido. Eram eles, os dois homens.

As horas haviam passado bastante. Não sabia exatamente qual hora era, por conta dos celulares descarregados, mas sabia que já tinha passado da hora do almoço.

Paraguai: Sejam bem-vindas a minha favela. - falou irônico.

Gabi: Bela recepção. - falou e se levantou. - Já podemos ir?

Marcola: Pra que a pressa, loira? - se sentou no sofá, bem ao meu lado. - Aproveita mais, o dia tá tão lindo lá fora.

Gabi: Muito obrigada, mas deixa para a próxima.

Serena: Não haverá próxima. - falei e o cara me encarou.

Marcola: Vem cá, tu é de onde? - levantou a sobrancelha. - Esse bagulho aí que tu fala não língua brasileira.

Paraguai: Itália, não é? - assenti.

Serena: E você? Por carregar esse nome, deve ter vindo do Paraguai, não é? - ele e o Marcola riram. - Qual foi?

Marcola: Ih, alá. - riu. - "Qual foi?" - me imitou. - A patricinha tá cheia de onda, hein.

Paraguai: Sou daqui mesmo. - disse.

Gabi: E porque "Paraguai"?

Paraguai: Porque sou contrabandista. - respondeu.

Gabi: Faz sentido. - ele riu.

Com certeza é piada com nossa cara.

Paraguai: Estão liberadas. - levantei as mãos para o céu. - Mas fiquem a vontade para voltar novamente.

Serena: Isso não vai acontecer nunca!

Marcola: Nunca diga nunca, gatinha.

Gabi: Já dizia o filósofo Justin Bieber. - eu e ela rimos.

Marcola: É sério, pô. - fechou a cara. - Algo me diz que ainda vamos nos ver muito.

Como eu queria que ele estivesse errado disso.

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Não irei colocar muitas coisas em italiano, pois poderá ficar muito confuso, então irei colocar apenas algumas frases de leve, mas pensem que a Serena fala com um sotaque italiano forte.

Os capítulos não serão tão longos quando os das outras histórias, mas será tão bom quanto.

Sintonia Where stories live. Discover now