Capítulo 20

631 34 1
                                    

Marcola 🌪️

Terminei meu serviço na boca e sai, antes que alguém viesse atrás de mim com mais trabalho. Desci o morro andando e parei em frente a quadra ao ver os meninos jogando.

Me encostei na grade e fiz careta ao ver o Rafael sendo derrubado. O juiz apitou falta, mas ele nem ligou, correu para cima do cara e meteu o soco nele. Neguei com a cabeça quando vi o cartão vermelho.

Ele andou puto em direção a saída e tirou a camisa. Parei ele, que me encarou sem entender.

Marcola: Você tá muito nervosinho, caralho. Tem que aprender a manter a calma.

Rafael: Aquele filho da puta fez porque ele quis. Arrombado do caralho, eu devia ter acabado com ele quando tive a oportunidade. - levantei uma sobrancelha.

Marcola: O que ele fez?

Rafael: Xingou a minha mãe. - suspirei. - Não suporto quando falam dela.

Marcola: Quer que eu dê um jeito? - ele me olhou pensativo e depois negou com a cabeça.

Rafael: Deixa. A vida um dia vai cobrar ele. - assenti. - Tá fazendo o que aqui?

Marcola: Não tô a fim de ficar em casa sem nada pra fazer. - franziu o cenho.

Rafael: Tu não tem mulher?

Marcola: Tenho, mas acho que fiz algo errado. A maluca não me atende.

Rafael: Caralho, tu só faz merda, Marcola. - colocou a camisa no ombro e cruzou os braços. - Disse algo que ela não gostou?

Marcola: Não. - busquei na memória. - Não, não disse.

Rafael: Fez alguma coisa?

Marcola: Não, porra!

Rafael: Olhou pra alguma mulher?

Marcola: Caralho, não! Eu não fiz nada. Ela que é maluca mesmo. - negou com a cabeça. - Vem, vamos beber uma.

Rafael: Não posso, pô. - o olhei. - Tenho que ir pra casa e cuidar da minha mãe.

Marcola: Te acompanho.

Rafael: Não precisa. - se afastou e negou.

Marcola: Faço questão. - ri. - Qual o nome dela?

Rafael: Hagnes. - respondeu. - Não comenta nada com ela sobre o trabalho.

Marcola: Deixa comigo, pô. - suspirou fundo.

Descruzou os braços e começamos a andar em direção a casa dele. Não tinha mais nada pra fazer e ainda não conhecia a mãe do moleque, seria bom isso.

Subimos o morro em silêncio e quando chegamos em frente a uma casa verde, ele me olhou, abriu a porta e nós entramos. A casa era simples, mas bem bonita, era aconchegante, moraria aqui fácil.

Hagnes: Filho? - escutei uma voz. - Você já chegou do futebol?

Rafael: Sim, mãe. - respondeu.

Uma mulher de aparência jovem e com um lenço na cabeça apareceu. Ela me olhou surpresa, mas sorriu simpática.

Hagnes: Porque não me disse que ia trazer uma visita? Eu teria.. feito algo melhor pra comermos.

Marcola: Relaxa, senhora, eu não tô afim de comer.

Rafael: Mãe, esse é o Marco. - coçou a cabeça. - Ele é...

Sintonia Where stories live. Discover now