Será que os opostos se atraem, ou apenas os dispostos se ligam?
Gabriela é uma mulher que mora na Zona Sul do RJ, junto com sua amiga, Serena, vão para um baile apenas para se divertirem. Porém, mal elas sabiam que suas vidas iriam mudar a partir de...
Eu engoli o seco e meu filho se encolheu na cadeira. Passei a mão no rosto para tirar o excesso de suco que ele havia jogado em mim e lavei minhas mãos.
Serena: Para, Marco. Não grita com ele.
Marcola: Um caralho, Serena! - me olhou irritado. Desviou o olhar para o filho. - Eu quero saber o motivo de você ter feito isso com sua mãe? - perguntou calmo, mas ainda estava bastante irritado.
Serena: Marco... - me interrompeu.
Marcola: Deixa ele responder, Serena. - falou sem me olhar. - Anda, Benício! Responde.
Benício: Porque tava ruim. - gritou na cara do Marco.
Prendi a respiração. Comecei a sentir a Clarice mexer bastante na minha barriga. Marco pegou o Benício pelo braço e arrastou ele até o quarto, escutei a porta bater, os gritos do Benício, mas antes de pensar que o Marco tinha feito alguma coisa, ele apareceu na cozinha.
Serena: O que você fez?
Marcola: Coloquei ele de castigo. - bebeu um gole do café. - Esse moleque não vai crescer sem respeitar o próximo, principalmente nós que somos pai e mãe dele.
Serena: Conversar, Marco, é o melhor remédio.
Marcola: Calma, pô. Primeiro ele fica lá, deixa o chilique dele passar e depois eu vou conversar.
Serena: Eu vou. - ele negou com a cabeça. - Ele é meu filho.
Marcola: É meu também. - revidou. - Você vai amenizar a situação como sempre faz. Porra, Serena, ele jogou suco na sua cara! - passou a mão no rosto e abaixei minha cabeça. - Eu fico pensando e me perguntando onde nós estávamos errando, porque se esse moleque já apronta nessa idade, imagina quando for maior? Caralho.
Serena: Vamos... vamos fazer isso dar certo. - levantei meu olhar e ele se aproximou de mim. - Desculpa. - me olhou sem entender. - Acho que eu sempre tento amenizar as coisas que o Benício faz e estou errando mais.
Marcola: Não, amor. - me puxou para um abraço e beijou minha testa. - Relaxa, pensa nisso não. Não é bom ficar com essas coisas por conta da Clarice.
Serena: Benício mudou depois dessa gravidez.
Marcola: Acho que ele tá com ciúmes, tentando chamar atenção.
Serena: Mas porque? Eu amo os dois igualmente!
Marcola: Criança, amor, são assim. - suspirou. - Vem, vamos tomar um banho. - saiu do abraço e pegou na minha mão.
Nós subimos as escadas devagar e entramos no nosso quarto. Marco me levou direto para o banheiro começando a tirar sua roupa, tirei a minha também e ele sorriu de lado ao ver minha barriga.
Marcola: Tá linda. - olhei para baixo.
Serena: Você acha? - assentiu. - Eu tô me sentindo enorme assim! Minha barriga cresceu tanto, sério. Meus pés estão inchados, minhas costas doem, estou toda inchada.
Marcola: Pra mim, você tá gostosa. - sorriu malicioso e bati de leve no seu peito. - Ei, quer ger outro depois desse? - franzi o cenho.
Serena: Não. - me olhou meio decepcionado. - Nossa filha nem nasceu e já está pensando no próximo? Ah, Marco, para.
Marcola: Ué, mas eu sempre quis ter muitos filhos. - levantei uma sobrancelha.
Alguns anos atrás, assim que o Beni nasceu, Marco admitiu para mim que nem pensava que formaria uma família ou que teria filhos.
Saber que eu fui a primeira mulher com quem ele teve esse sonho, faz com que eu me sinta especial. Ele sempre fala que mudei sua vida e isso é tão lindo!
Eu amo o Marco e todas as suas demonstrações de amor do jeitinho dele. Torna tudo ainda mais especial.
Todos esses anos foram bons vividos ao lado do Marco. Não passamos por nenhuma crise, a não ser agora com esse jeito do Benício. Saber que eu era um dos pilares para ele estar agindo dessa forma, me deixa triste, angústia e me sinto mal.
Eu não queria criar um filho mimado e ele se tornar uma pessoa ignorante, desrespeitosa, com um ego maior que o umbigo e que ache que tudo que faça não gere consequências maiores.
Mas era exatamente esse tipo de pessoa que meu filho iria virar se não déssemos um jeito. Gosto de como o Marco toma a frente, na maioria das vezes, porque ele tem razão. Eu iria amenizar a situação e padsar pano para o nosso filho. Mas o que ele fez não estava certo, não estava! Jogar suco na mãe, quem já se viu?
Suspirei fundo e o Marco me olhou. Sorri de lado para ele, que caminhou até o box e abriu, entramos e ele começou a me banhar. Me ajudou a lavar o cabelo e ainda fez desenhos na barriga com a espuma.
Saímos do banho tempo depois, sai do banho de toalha, entrando no closet. Vesti um vestido solto, confortável e o Marco vestiu apenas uma bermuda.
Serena: Você não vai trabalhar? - ele negou.
Marcola: Pedi folga hoje. - balancei a cabeça. - Amor. - o olhei. - Eu não vou deixar o nosso filho mais isso com você. - se aproximou de mim e colocou as mãos em meu rosto. - Ele pode me odiar para o resto da vida, mas ele não vai dirigir a palavra pra você com desrespeito, nem agir desse modo. O garoto tem que entender que somos autoridades, que somos os pais deles e não devemos ter tratados dessa forma. - assenti. - Errei em ter gritado, mas não vou errar quando disser tudo isso.
Serena: Você fez o que achou certo na hora, tá tudo bem, mas ele ficou com medo de você. - ele deu um selinho em mim e se afastou um pouco.
Marcola: É isso que eu temo. - vestiu uma camisa. - Ele crescer com medo e não com respeito.
Serena: Isso não vai acontecer. Daqui para frente, vamos fazer tudo diferente. Benício tem que entender que tudo que ele faz gera uma consequência e que o mundo não gira em torno dele.
Marcola: Eu espero, amor. - suspirou. - Eu espero.
Serena: Vamos conseguir. - ele assentiu.
Marcola: Estou indo falar com ele. Fica tranquila, não vou gritar, vou tentar dar uma de Paraguai com toda sua paciência.
Serena: Faça isso, ele vai entender melhor. - acenou com a cabeça.
Soltou beijo no ar e saiu do closet. Me encostei na parede e deixei que algumas lágrimas caíssem. Espero que o Marco aprenda a lidar com essa situação, sem tomar uma decisão que possa mudar nossas vidas. E também espero que o nosso filho, cresça sendo uma pessoa melhor, porque se isso não acontecer, eu que vou tomar uma decisão que pode mudar nossas vidas.
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Benício De Santis Santos 5 anos
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