Capítulo 46

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Paraguai 🍁

Quando eles saíram de casa, me levantei e tentei me controlar para não meter o soco na cara do Matteo, que tinha um sorriso afetado no rosto.

Eu estava péssimo. Me sentia cansado, culpado e um idiota. Bosta de plano do Rafael e porque eu segui um conselho de um moleque de 23 anos? Porra, esse é literalmente o fundo do poço.

A ideia do Rafael era o seguinte: Matteo precisava ter totalmente confiança em mim e contar tudo que ele sabe sobre o pai da Gabriela, e eu sei que ele sabe alguma coisa. Em uma noite, ele acabou delirando e soltou uma coisa do tipo "estou quase conseguindo, Hernando, logo estaremos com você."

Estaremos.

No plural. Eu poderia ter acabado com nele nesta mesma noite, mas pensei na Serena. Sabia que ela não queria isso para o irmão e mesmo sabendo do que ele fez, ela ainda não tinha visto. E era isso que queria, um flagrante, que ele admitisse tudo na frente de todos. Para que isso acontecesse, teria que fingir brigar com todos e ganhar mais ainda a confiança dele.

Se isso é estúpido? Muito. Mas não tive muita opção e na hora, pareceu certo.

Me dói saber que o Marco agora tem raiva de mim e caralho, como vou explicar essa porra a ele? E a Gabriela? Perdi minha mulher para sempre.

Apenas o Rafael sabia disso e achava melhor, quanto menos gente souber, era menos arriscado. Destruir minha imagem da minha família, não era a parte principal do plano, mas se tornou necessária quando coloquei o Matteo aqui dentro. Não quero ele perto de ninguém da minha família, principalmente da Gabi e dos meus filhos.

Andei cambaleando até o sofá e me sentei. Coloquei as mãos no rosto, logo sentindo uma mão em meu ombro.

Matteo: Finalmente você começou a enxergar tudo que estava ao seu redor. - seu sotaque era forte e cara, como eu queria quebrar a mão desse idiota.

Espero que o Rafael cuide logo do próximo passo, antes que eu perca minha cabeça. Me levantei do sofá, com ele me olhando a cada passo que dava.

Paraguai: Obrigado... - engoli o seco. - Por me avisar.

Matteo: É para isso que servem os amigos. - acenei com a cabeça.

Paraguai: Vou para o meu quarto. O seu fica naquele corredor, última porta no fundo. - balançou a cabeça. - Tem tudo que precisa lá.

Matteo: Obrigado pela recepção. - acenei novamente.

Paraguai: Vou indo, amanhã o dia vai ser longo.

Comecei a subir as escadas e escutei sua voz baixa.

Matteo: Ah, vai sim.

Filho da puta!

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Me sentei em uma mesa afastada e sinalizei ao garçom para trazer uma bebida, logo ele se aproximou com uma garrafa de cerveja e um copo.

Paraguai: Valeu. - murmurei.

Ele saiu de perto e derramei o líquido no copo, em seguida bebi tudo de uma só vez.

Comecei a balançar a perna na ansiedade. Olhei a hora no relógio e marcava dez da noite. Olhei para o lado e observei o bar. Era um ambiente simples, tinha retratos do Flamengo espalhado pelas paredes e algumas camisas com autógrafos duvidosos emoldurados. Atrás do balcão, havia várias garrafas de bebida e a música tocava baixo, no meio do salão havia uma mesa de sinuca e desde que entrei, recebi uns cinco convites para jogar.

Sintonia Where stories live. Discover now