Capítulo 38

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Marcola 🌪️

Respirei fundo e abri a porta a do quarto do Benício. Ele estava deitado na cama olhando para o teto. Não me olhou, não se mexeu, não reagiu. Continuou olhando para o teto e fechei a porta.

Criar um filho é um bagulho sinistro. Você quer dar aquilo que não teve quando menor, mas isso acaba tornando ele mimado se for em excesso. Quer dar uma boa educação, mas não consegue porque ele é exatamente igual a você quando criança.

Eu tinha esse gene de pirralho quando tinha a idade do Benício. Mas eu tinha motivo, minha mãe tinha morrido e quem me criou foi minha tia. Cresci revoltado com tudo isso, mas no final, me tornei um bom homem.

As coisas estavam indo bem com o Benício, estávamos criando ele bem, até que a Serena descobriu a gravidez. Depois disso, o moleque mudou, ficou birrento, fazendo de tudo pra chamar atenção. Tava foda lidar com isso e ainda lidar com os hormônios da Serena e o trabalho.

Cocei a sobrancelha e me aproximei do meu filho. Me sentei na cama dele, apoiando meus braços nas minhas pernas.

Marcola: No que tá pensando? - perguntei.

Benício: Volta às aulas. Escutei a mamãe falar no telefone que segunda tem escola.

Graças a Deus.

Respirei fundo.

Não posso mandar meu filho pra escola mal educado assim. Tenho dó da professora que vai lidar com ele.

Marcola: Entende que o que fez com a sua mãe foi errado? - perguntei. De canto de olho, vi ele assenti. - Porque fez?

Benício: Eu não sei. - o olhei.

Marcola: Benício, o que você fez hoje não foi legal, foi errado. Sua mãe não merece isso. Ela te ama, te da carinho, amor e tu trata ela assim? - me olhou e se sentou na cama.

Benício: Desculpa, papai.

Marcola: Não é a mim que você deve desculpas. - olhou para as mãos. - Eu errei em ter gritado com você e te peço desculpas por isso. - me olhou. - Mas o que você fez, me magoou e tenho certeza que desapontou sua mãe também. - abaixou a cabeça. - Da próxima vez que isso acontecer ou algo parecido, como aquele negócio da tinta, não vou responder por mim. Você vai aprender a lidar com as consequências das suas ações. E eu sei que você entende isso, porque fez aquilo por querer.

Benício: O Renato tava comigo, não fiz sozinho. - semicerrei os olhos.

Marcola: Não tenta tirar o teu da reta, porque tenho certeza que o Renato não faria isso se você não tivesse dito que eu não ligo. - suspirou. - Eu te conheço, Benício, não adianta mentir pra mim.

Benício: Tá, pai. Não vou mais fazer isso.

Marcola: Nem isso e nem nada. Você era um menino educado, o que aconteceu? - deu de ombros e neguei com a cabeça. - Trate de voltar a ser quem nós ensinamos a ser. Um menino que respeite os outros, que tem educação e que brinca da forma certa, ok?

Benício: Ok. - resmungou.

Marcola: Eu e sua mãe só queremos seu bem, te amamos pra caralho. - me olhou com os olhos brilhando.

Benício: Pai, não pode falar isso. - cocei a cabeça.

Marcola: Não fala pra sua mãe que disse isso. - assentiu e ri. - O que eu quis dizer é que te amamos daqui até a lua, tá bom? - assentiu.

Estiquei os braços e ele me abraçou. Beijei sua bochecha e me separei dele, me levantando da cama.

Marcola: Não vai mais fazer isso, né?

Sintonia Where stories live. Discover now