Capítulo 14

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Paraguai 🍁

Quando digo que um homem é capaz de fazer qualquer coisa pela sua amada, não estou mentindo. Marcola está sendo a prova viva disso.

"Nega da pista é só problema."

Dizia ele a algumas semanas atrás. Só que ultimamente, ele anda se contradizendo demais. Tudo que ele diz, faz o contrário.

Por isso que nem dou trela pra esse Zé Mané, apenas tento colocar ele na linha, porque se não tiver ninguém para fazer isso, o cara faz cada merda.

Mas é bom ver meu mano finalmente gostando de alguém e provando isso para ela. E parecia que a Serena, também estava a fim dele. O que era bom, só não sabia se daria certo.

A porta foi aberta e olhamos, Serena havia voltado do mercado e a loira ainda tava no banho. Gastou a água do mundo todo.

Serena: A Gabi já chegou? - perguntou, colocando as sacolas em cima do balcão.

Marcola: Sim e tá até agora no banho. Nem imagino o valor da conta de água que vem. - ela riu.

Serena: Nem nós sabemos. - falou e a olhamos. Ela bateu a mão na testa e levantei uma sobrancelha. - Não era pra ter falado isso.

Paraguai: Ué, o que tem de mais? - ela respirou fundo e se sentou ao lado do Marcola.

Serena: A Gabi não sabe, prometi a mãe dela que não contaria. - se aproximou mais e abaixou o tom de voz. - A mãe dela é quem paga as contas do apartamento. - suspirou. - Ganhamos bem no trabalho, mas.. esse apartamento custou caro e ainda estamos pagando. A mãe dela soube e quis ajudar, mas a Gabi negou ajuda, porém eu.. aceitei. Gabi não sabe e não quero que contem a ela.

Marcola: Mas porque ela não aceitou a ajuda da mãe? O que tem de tão absurdo nisso? - cruzou os braços.

Serena: Porque o dinheiro é do pai dela. A dona Gisele tem sim seu dinheiro, mas a maior parte é dele. E ele e a Gabi não se dão bem.

Paraguai: Tu não trabalha com ele? - balançou a cabeça.

Serena: Ela sempre quis meu sucesso e sabe que a empresa do pai, é uma das maiores do país. Me deu total apoio, apesar de não ter uma boa relação com ele.

Caralho, que foda. Não a parte da Gabriela ser intrigada do pai, mas sim ela ter apoiado a amiga a seguir seu sonho e se dar bem na vida. Se fosse outra, teria dado um show e não teria deixado a Serena trabalhar para o pai, só porque não se dá bem com ele.

Gabriela: Do que estão falando? - a olhamos.

Marcola: Do quanto você demora no banho. Deve ter gastado toda a água do Oceano Pacífico.

Gabriela: Nossa, como você é exagerado. - se sentou ao meu lado no sofá. - Nem demorei tanto assim, querido.

Marcola: Ah, não, claro que não. Só deu tempo da Serena voltar do mercado, já ter feito o jantar e advinha? Amanhã será o nosso casamento. - ela revirou os olhos e eu ri.

Gabriela: Dava para você ser comediante. Ia ser lotado seu show.

Marcola: Se o crime não desse dinheiro, acho que eu tentaria. - ela negou com a cabeça.

Serena: Gabi, me ajuda no jantar?

Gabriela: Ué, você já não tinha feito?

Serena: É mentira dele. - puxou ela pelo braço. - Vem.

As duas foram para a cozinha e começaram a mexer nas panelas. Enquanto isso, o Marcola havia ligado a tv e colocado em um jogo que estava passando.

Tempo depois, as meninas nos chamaram para comer e fomos. Sinceramente? Dava nada pela comida delas e estava muito boa.

Marcola: Caralho, aprenderam a cozinhar assim a onde?

Serena: Mia nonna lavorava in un ristorante e mi ha insegnato a cucinare in quel modo.

(Minha avó trabalhava em restaurante e me ensinou a cozinhar assim.)

Serena falou tudo em italiano e olhamos para ela sem entender, que riu.

Marcola: Traduz, parceira. - Gabi riu.

Gabriela: Ela disse que aprendeu a cozinhar com a avó, que trabalhou em um restaurante.

Paraguai: Ah, tô ligado. Deve ser boa então a comida dela. - Serena sorriu concordando com a cabeça.

Serena: Sí. Sinto muita falta dela. - suspirou olhando para a pulseira em seu pulso.

Depois disso, não falamos mais nada, apenas comemos em silêncio.

Bagulho sinistro. Nunca pensei que estaríamos jantando na casa dessas patricinhas, que de patricinhas não tem nada. Era diferenciado o modo como elas tratavam a gente, como se conhecessem a anos e sem medo.

Depois da janta, Serena e Marcola ficaram no sofá, conversando sobre alguma coisa. E eu ajudei a Gabi a retirar a mesa.

Gabriela: Sabe, achei que fossem diferentes. - disse me olhando. Ela riu de alguma coisa e andou em direção a varanda, apenas fui atrás dela. - Que fossem... babacas como todos os outros caras.

Paraguai: E não somos? - me sentei em um banquinho e ela se encostou na grade. - Sai daí, pô. Tu pode cair.

Gabriela: Não, vocês não são. Pelo contrário, são... pessoas boas. - levantei uma sobrancelha e ri. - Você entendeu o que quis dizer. Que são pessoas fáceis de conversar e divertidos, não são arrogantes nem nada. Só o Marcola que é um pouco chato, mas dá pra aturar.

Paraguai: Vocês também são diferentes, não são metidas e nem se gabam por morar em um AP na ZS, de frente para o mar.

Gabriela: Nunca fui dessas pessoas. Sempre tive tudo que quis, mas nunca me gabei. - suspirou. - Todas as amizades, namoros que tive foram a base de interesse. Apenas a Serena que foi verdadeira comigo. - balancei a cabeça e ela abraçou seus braços olhando para o mar.

Os cabelos dela balançavam com o vento e aquela imagem, era divina. A luz da lua iluminava a sua pele e seus olhos. Seu rosto estava meio corado e a boca carnuda e rosada, parecia ser mais gostosa.

Me levantei indo na sua direção e fiquei ao seu lado na grade. Ela estava de costas para o mar e eu de frente. Era boa a calmaria que passava.

Paraguai: Você está linda. - sussurrei e ela me olhou.

Continuei olhando para frente e, de canto de olho, vi ela sorrir.

Gabriela: Obrigada. - sussurou de volta.

Paraguai: Isso passa uma sensação de paz. - ela concordou com a cabeça e virou para frente.

Gabriela: É o meu lugar preferido. - falou.

Seus olhos brilhavam enquanto olhava para o mar. Sorri com aquilo. Passei meu braço pelo seu pescoço e ela me encarou.

Paraguai: Você é linda.

Gabriela: Você já disse isso.

Paraguai: E não me canso. - sorriu.

Me aproximei mais dela e fui me inclinando. Gabriela ficou parada e apenas fechou os olhos. Nossos lábios se encostaram e uma chama ascendeu dentro de mim.

Nunca havia sentido aquilo antes com um beijo. Porra, que sintonia!

Nos separamos pela falta de ar e ela me olhou com os mesmos olhos brilhantes. Ela deve ter sentido a mesma coisa. Quando ia beijar ela novamente, o Marcola chegou atrapalhando.

Marcola: Porra, Rian! Temos que ir. - o olhei sem entender. - Os vapores disseram que o Alemão tá sendo invadido e.. podem ir lá pro nosso morro.

Paraguai: Quem tá invadindo o Alemão?

Marcola: A Rocinha, porra. - respirei fundo.

Mal sabia eu a dor de cabeça que isso iria nos dar.

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Sintonia Where stories live. Discover now