Capítulo 28

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Serena 🌹

Desci as escadas da casa meio desanimada. Me sentei no sofá da sala e olhei pela janela o quintal lá fora.

Já havia se passado quatro dias e nenhuma notícia se a guerra já tinha acabado e que a gente poderia voltar para casa ou não. Marco não retorna minhas ligações e a última mensagem que ele me mandou foi ontem, dizendo que estava bem e que não precisava me preocupar.

Mas como não me preocupar? Ele estava no meio do perigo. Me preocupo com ele, porque amo aquele homem. Amo. Com ele a vida ficou muito melhor e sem ele, nada parecia fazer sentido.

A sensação de vazio aumentava a cada momento. Busquei algo para me distrair, mas falhei em todas. Até cuidar das flores que tinham no jardim, eu tentei.

Sem contar que estava me sentindo estranha, carente demais e precisando do Marco mais do que nunca. E desde que chegamos, não venho me sentindo bem, um mal estar estranho.

Todos aqui estão cuidando bem um do outro. A Gabriela tem se mostrado forte, algo que eu não estava, Larissa também havia se tornado uma grande amiga para nós e o Júlio é um ótimo cara. Eles contaram toda a história deles, do Rian e do Marco. Foi bom conhecer mais um pouco deles.

Gabi: Amiga? - me chamou e a olhei. - Está se sentindo bem? - se sentou ao meu lado.

Serena: Melhor que ontem. - respondi. - Alguma notícia?

Gabi: Nada. - suspirei e desviei o olhar dela. - Rian disse ao Júlio que logo ligaria. Estamos esperando. - acenei com a cabeça. - Serena, você não pode ficar assim. - engoli o seco. - Eu sei que está sofrendo com tudo isso, todos nós aqui estamos, mas tem que se distrair. Não pode ficar todos os dias chorando, se lamentando por isso. Nada disso é culpa de alguma de nós, nada. - a encarei. - Amiga, eles sabem se cuidar, logo estarão aqui de volta.

Serena: Eu só queria ter a certeza disso. - sussurrei. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e funguei. - Isso nunca aconteceu comigo, Gabi, nunca cheguei tão perto assim de perder alguém que amo.

Gabi: Nem eu, meu amor. - ela me abraçou de lado. - Só que nessa hora, agora, devemos ser resilientes. Pensar que tudo vai ficar bem e logo nós estaremos junto deles. Eu sei, que é difícil, mas não podemos ficar tristes, isso é pior ainda. - suspirei.

Talvez ela tivesse razão. Eu estava me isolando dos outros, ficando sozinha no meu quarto e dormindo mais para esquecer um pouco de tudo. Não estava pensando positivo.

Serena: Tudo bem, está certa. - sorriu de lado. - Eu amo o Marco e só de pensar que talvez eu não possa mais viver com ele ao meu lado, sinto uma coisa ruim no meu peito, um... mal estar.

Gabi: Venho percebendo isso. Você mal está comendo. - olhei para as minhas mãos.

Serena: Da última vez que comi, a comida nem parou no estômago. Foi direto pra privada. - Gabriela ficou um tempo em silêncio e levantei meu olhar. Ela me olhava pensativa e depois semicerrou os olhos. - Que foi?

Gabi: Você tá grávida? - arregalei os olhos.

Serena: Ham? Non. Sei pazzo?

(Você está louca?)

Gabi: Calma, eu só.. pensei.

Serena: Questo non poteva passargli per la mente... não estou grávida, no, no. - mordi o lábio nervosa.

(Isso não poderia passar por sua cabeça...)

Gabi: Amiga, não precisa ficar nervosa. - alisou meu braço.

Serena: Não estou nervosa. - me olhou com deboche.

Gabi: Está sim. Quando começa a falar muito misturado, português e italiano, está nervosa sim. - suspirei. - Foi só uma suposição, calma. - assenti.

Eduarda: Meninas. - entrou na sala e olhamos para ela. - Eles chegaram. - nos olhou sorrindo.

Eu e a Gabriela levantamos rápido, corremos para fora da casa e lá estavam eles. Marco estava com o braço esquerdo enfaixado, enquanto o Paraguai tinha um curativo na perna. Marco me olhou e sorri, sentindo meu nariz arder.

Corri e abracei ele forte. Não consegui controlar minhas lágrimas e chorei de felicidade por estar finalmente com ele ao meu lado novamente e bem.

Sai do abraço e o encarei. De perto, pude ver que seu rosto estava um pouco machucado perto do sobrancelha e no canto da boca e estava com a palma da mão enfaixada.

Serena: Eu senti tanto a sua falta. - ele encostou a testa na minha.

Marcola: E eu a sua. - me beijou.

Estava com tanta saudade dele, mas tanta, que achei que meu peito iria explodir de tanta felicidade ao ver ele.

Saímos do beijo e vi a Gabi e o Rian agarrados. Eu sorri feliz por finalmente estarmos juntos.

Larissa: Graças a Deus vocês estão... bem. - sorriu pequeno. - Tirando o braço e a perna, né.

Paraguai: Isso foi só um arranhãozinho, nada demais. - disse.

Júlio: Menos o do Marcola, né. O cara tá todo enfaixado. - ele e o Rian riram e eu olhei preocupada para o Marco.

Ele riu também e beijou minha bochecha.

Marcola: Pelo menos eu tô vivo. - abracei ele de lado.

Gabriela: Já acabou tudo? Podemos voltar? - perguntou e encarou o Rian. - Podemos?

Paraguai: Podem. - respondeu, mas não senti tanta firmeza na sua fala. Gabi sorriu e beijou o canto da boca dele.

Marcola: O que andaram fazendo? - olhou para nós. - Não me digam que ficaram sem fazer nada todos esses dias.

Larissa: Claro que não, né, Marco? Cuidados das plantas, tomamos banho na piscina.

Enrico: Brinquei no parquinho. - falou animado.

Eduarda: Peguei alguns livros na biblioteca, se não se importar, tio. - piscou o olho.

Marcola: Pode levar todos, se quiser. - ela sorriu.

Júlio: Foi muito bom realmente ficar aqui. Mas não tem nada melhor do que voltar para o nosso lar. - falou e sua mulher assentiu.

Concordo plenamente com a fala dele.

Melhor ainda foi perceber que o meu lar não se tratava de casa ou país. Se tratava de pessoas, dele especificamente, do abraço dele.

Aqui era o meu lar e jamais quero sair.

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Sintonia Where stories live. Discover now