Serena 🌹
Desci as escadas da casa meio desanimada. Me sentei no sofá da sala e olhei pela janela o quintal lá fora.
Já havia se passado quatro dias e nenhuma notícia se a guerra já tinha acabado e que a gente poderia voltar para casa ou não. Marco não retorna minhas ligações e a última mensagem que ele me mandou foi ontem, dizendo que estava bem e que não precisava me preocupar.
Mas como não me preocupar? Ele estava no meio do perigo. Me preocupo com ele, porque amo aquele homem. Amo. Com ele a vida ficou muito melhor e sem ele, nada parecia fazer sentido.
A sensação de vazio aumentava a cada momento. Busquei algo para me distrair, mas falhei em todas. Até cuidar das flores que tinham no jardim, eu tentei.
Sem contar que estava me sentindo estranha, carente demais e precisando do Marco mais do que nunca. E desde que chegamos, não venho me sentindo bem, um mal estar estranho.
Todos aqui estão cuidando bem um do outro. A Gabriela tem se mostrado forte, algo que eu não estava, Larissa também havia se tornado uma grande amiga para nós e o Júlio é um ótimo cara. Eles contaram toda a história deles, do Rian e do Marco. Foi bom conhecer mais um pouco deles.
Gabi: Amiga? - me chamou e a olhei. - Está se sentindo bem? - se sentou ao meu lado.
Serena: Melhor que ontem. - respondi. - Alguma notícia?
Gabi: Nada. - suspirei e desviei o olhar dela. - Rian disse ao Júlio que logo ligaria. Estamos esperando. - acenei com a cabeça. - Serena, você não pode ficar assim. - engoli o seco. - Eu sei que está sofrendo com tudo isso, todos nós aqui estamos, mas tem que se distrair. Não pode ficar todos os dias chorando, se lamentando por isso. Nada disso é culpa de alguma de nós, nada. - a encarei. - Amiga, eles sabem se cuidar, logo estarão aqui de volta.
Serena: Eu só queria ter a certeza disso. - sussurrei. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e funguei. - Isso nunca aconteceu comigo, Gabi, nunca cheguei tão perto assim de perder alguém que amo.
Gabi: Nem eu, meu amor. - ela me abraçou de lado. - Só que nessa hora, agora, devemos ser resilientes. Pensar que tudo vai ficar bem e logo nós estaremos junto deles. Eu sei, que é difícil, mas não podemos ficar tristes, isso é pior ainda. - suspirei.
Talvez ela tivesse razão. Eu estava me isolando dos outros, ficando sozinha no meu quarto e dormindo mais para esquecer um pouco de tudo. Não estava pensando positivo.
Serena: Tudo bem, está certa. - sorriu de lado. - Eu amo o Marco e só de pensar que talvez eu não possa mais viver com ele ao meu lado, sinto uma coisa ruim no meu peito, um... mal estar.
Gabi: Venho percebendo isso. Você mal está comendo. - olhei para as minhas mãos.
Serena: Da última vez que comi, a comida nem parou no estômago. Foi direto pra privada. - Gabriela ficou um tempo em silêncio e levantei meu olhar. Ela me olhava pensativa e depois semicerrou os olhos. - Que foi?
Gabi: Você tá grávida? - arregalei os olhos.
Serena: Ham? Non. Sei pazzo?
(Você está louca?)
Gabi: Calma, eu só.. pensei.
Serena: Questo non poteva passargli per la mente... não estou grávida, no, no. - mordi o lábio nervosa.
(Isso não poderia passar por sua cabeça...)
Gabi: Amiga, não precisa ficar nervosa. - alisou meu braço.
Serena: Não estou nervosa. - me olhou com deboche.
Gabi: Está sim. Quando começa a falar muito misturado, português e italiano, está nervosa sim. - suspirei. - Foi só uma suposição, calma. - assenti.
Eduarda: Meninas. - entrou na sala e olhamos para ela. - Eles chegaram. - nos olhou sorrindo.
Eu e a Gabriela levantamos rápido, corremos para fora da casa e lá estavam eles. Marco estava com o braço esquerdo enfaixado, enquanto o Paraguai tinha um curativo na perna. Marco me olhou e sorri, sentindo meu nariz arder.
Corri e abracei ele forte. Não consegui controlar minhas lágrimas e chorei de felicidade por estar finalmente com ele ao meu lado novamente e bem.
Sai do abraço e o encarei. De perto, pude ver que seu rosto estava um pouco machucado perto do sobrancelha e no canto da boca e estava com a palma da mão enfaixada.
Serena: Eu senti tanto a sua falta. - ele encostou a testa na minha.
Marcola: E eu a sua. - me beijou.
Estava com tanta saudade dele, mas tanta, que achei que meu peito iria explodir de tanta felicidade ao ver ele.
Saímos do beijo e vi a Gabi e o Rian agarrados. Eu sorri feliz por finalmente estarmos juntos.
Larissa: Graças a Deus vocês estão... bem. - sorriu pequeno. - Tirando o braço e a perna, né.
Paraguai: Isso foi só um arranhãozinho, nada demais. - disse.
Júlio: Menos o do Marcola, né. O cara tá todo enfaixado. - ele e o Rian riram e eu olhei preocupada para o Marco.
Ele riu também e beijou minha bochecha.
Marcola: Pelo menos eu tô vivo. - abracei ele de lado.
Gabriela: Já acabou tudo? Podemos voltar? - perguntou e encarou o Rian. - Podemos?
Paraguai: Podem. - respondeu, mas não senti tanta firmeza na sua fala. Gabi sorriu e beijou o canto da boca dele.
Marcola: O que andaram fazendo? - olhou para nós. - Não me digam que ficaram sem fazer nada todos esses dias.
Larissa: Claro que não, né, Marco? Cuidados das plantas, tomamos banho na piscina.
Enrico: Brinquei no parquinho. - falou animado.
Eduarda: Peguei alguns livros na biblioteca, se não se importar, tio. - piscou o olho.
Marcola: Pode levar todos, se quiser. - ela sorriu.
Júlio: Foi muito bom realmente ficar aqui. Mas não tem nada melhor do que voltar para o nosso lar. - falou e sua mulher assentiu.
Concordo plenamente com a fala dele.
Melhor ainda foi perceber que o meu lar não se tratava de casa ou país. Se tratava de pessoas, dele especificamente, do abraço dele.
Aqui era o meu lar e jamais quero sair.
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Sintonia
RomanceSerá que os opostos se atraem, ou apenas os dispostos se ligam? Gabriela é uma mulher que mora na Zona Sul do RJ, junto com sua amiga, Serena, vão para um baile apenas para se divertirem. Porém, mal elas sabiam que suas vidas iriam mudar a partir de...