Capítulo 29
Yibo
Vou te escrever quando estiver sozinho,
Se me escrever quando eu tiver medo.
E vou te amar mesmo depois que no
mundo só houver desespero.
Nosso amor vive.
Nunca morre.
Sempre voa, sempre voa.
Romeo’s Quest
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Fiquei deprimido com o sol. A luz do dia significava ter de enfrentar a realidade. Não tinha certeza se estava pronto para isso. Mexi meu corpo nu sobre as cobertas e fechei os olhos pela última vez. Permiti que minha mente voltasse à noite anterior com Xiao Zhan. Como me fez sentir seguro, como havia sido libertador quando me amou.
O som do meu celular apitando com uma mensagem de texto me obrigou a abrir os olhos. Sentando na cama, esfreguei o rosto com as palmas das mãos. E olhei para o lado. Ele ainda está aqui. Era bom saber que ele ainda estava ali, dormindo tranquilamente. Por um tempo fiquei apenas observando sua respiração, a maneira como seu peito se expandia e retraía sob os lençóis.
Ding. Ding. Ding.
Endireitei-me na cama ao ouvir meu telefone tocando mais três vezes seguidas. Estendendo uma das mãos até a cômoda ao lado da cama, tomei um susto.
A caixa de cigarros falsos de Ryan.
Estava ao lado do meu telefone. Apanhei-a com cuidado, como se algo terrível pudesse acontecer se ela quebrasse na minha mão.
Abri a caixa, e dentro dela havia um bilhete. O mundo começou a girar. Eu não tive coragem de ler.
Meu celular apitou novamente. Minha garganta apertou.
— Zhan, acorda — sussurrei, e ele quase não se mexeu. — Zhan — falei mais alto, incapaz de me mover. — Acorda!
Ding.
Xiao Zhan se virou e me viu tremendo com a caixa nas mãos. Eu sabia que devia ter lido as mensagens que recebi. Mas eu não podia. Estava com medo. Ele se sentou quando viu a preocupação em meus olhos.
— O que foi?
— Aconteceu alguma coisa — murmurei. Comecei a tremer mais, e o medo tornou-se mais intenso.
— Meu amor... — Ele colocou as mãos nos meus ombros. — Fala comigo.
— Pega meu celular — implorei.
Ele estendeu a mão sobre mim, roçando de leve minha barriga, e pegou meu telefone. Quando ele o abriu, vi seus olhos estudando as palavras.
— São de Qiren e Rebecca.
— Leia para mim, por favor.
— “Yibo, Rebecca quer que vocês dois voltem para casa” — disse ele. — “Yibo, onde você está?” — Ele fez uma pausa. — “Yibo, é Rebecca. Por favor, diga para Ryan voltar para casa...”
Zhan parou novamente. — “Por que vocês dois não respondem? Por favor. Por favor. Liguei quinze vezes. Traga o meu menino para casa, por favor...” — Pausa.
— Yibo, vocês dois estão bem? Estamos preocupados...”
As mensagens continuavam. Rebecca queria que ele voltasse para casa. Ela havia pensado no assunto e percebido sua estupidez.
Mas e se ela a tivesse percebido tarde demais?
— Ele se foi — gritei, a caixa tremendo em meus dedos.
Xiao Zhan olhou para mim, sem entender minha reação.
— Yibo... está tudo bem. Eles querem que ele volte. — Ele acariciou meu cabelo e beijou minha testa, mas eu sabia que não devia ser otimista.
— Não, não está.
Continuei chorando, sabendo que algo estava errado, sentindo a mesma coisa que senti quando Haiukan...
Pisquei com força. Eu não podia pensar naquilo.
— Precisamos nos vestir — ordenou Zhan.
Ele saiu do quarto e voltou com a minha roupa do dia anterior. Eu não conseguia me mover da cama. Ele começou a me vestir, colocando cada peça de roupa, uma por uma. Cada vez que ele colocava uma peça, mais pesada a situação parecia.
Atravessamos o corredor e, claro, a cama de Xiao Zhan estava vazia.
— Ele se foi, Zhan, eu sei. — Ele não falou nada. Quando olhamos para o quintal e vimos que o carro de Hailey não estava mais lá, tenho certeza de que o ouvi engasgar com o ar. Ele pegou uma mochila que estava aberta na varanda da frente.
— Ele tinha dinheiro? — perguntou Xiao Zhan.
Minha mente congelou, confuso. Ele repetiu a pergunta, desta vez mais sério.
— Qiren lhe deu trezentos dólares...
— Haoxuan... — murmurou antes de correr até o galpão do barco.
Corri atrás dele. As portas se abriram e Xiao Zhan marchou até o barco, sem parar para respirar. Ele pegou o dinheiro que estava no deque. Trezentos dólares. Seu irmão estava dormindo e Xiao Zhan começou a sacudi-lo.
— Haoxuan! Juro por Deus, se você fez isso...
Haoxuan abriu os olhos, se mexendo.
— O que foi?
— Você vendeu para um garoto! Meu aluno, Haoxuan! — Ele jogou a mochila vazia no rosto de seu irmão. Meu rosto ardia. Minhas pernas estavam dormentes. Meu estômago tinha dado um nó.
— O acidente de Yao não foi culpa sua. A morte da minha mãe não foi culpa sua. Mas eu juro por Deus que, se alguma coisa acontecer com aquele menino, a culpa vai ser sua! Vai ser sua, Xiao Haoxuan!
Haoxuan se sentou, confuso, sem nem saber onde estava.
— De que diabos você está falando? Zhan, eu não fiz nada.
— Temos que ir — disse Xiao Zhan, agarrando meu braço para me arrastar para fora do galpão.
— Se ele morrer, Haoxuan... Se ele morrer, foi você! Foi você!
Se ele morrer?
Comecei a chorar de novo.
Porque eu sabia que ele já estava morto.
(....)
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Sr. Xiao
ФанфікиA todos os Tonys do mundo. Eu os vejo. Eu os escuto. Eu os sinto. Eu os amo. E vocês não estão sozinhos