Sr. Xiao

12

Capítulo 12

    Xiao Zhan

    Mentirei para manter você a salvo.

    Mentirei para manter você aquecido.

    Mentirei para manter você longe da

    tempestade mais feia e fodida.

    Romeo’s Quest

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    Algumas semanas tinham se passado desde que Yibo e eu descobrimos a nossa realidade. Quando outubro chegou, fiquei chocado com o quanto ainda o queria.

    Um dia de manhã, chegamos à escola ao mesmo tempo. Nossos olhos se encontraram por um ou dois segundos. Foi só um mero momento em que olhamos um para o outro, mas o vi engolir em seco, seus nervos à flor da pele. Quando ele se virou, tive vontade de segui-lo.

    Mas isso era errado, não era?

    O que estava acontecendo comigo?

    Achei que a intensidade do que eu sentia diminuiria se não interagíssemos em um ambiente mais íntimo. Mas não. Meus sentimentos só cresciam cada vez que o via entrar na minha sala de aula. Às vezes o observava andando com Ryan, e o jeito como sorria quando falava com ele me fazia sentir como se estivesse flutuando. Seus sorrisos eram viciantes, e eu desejei que tivessem sido causados por mim.

    Odiava não poder lhe dizer todos os dias quão bonito ele era. Odiava que, quando ele entrava na minha aula, eu tinha de fingir que ele não estava em meus pensamentos. Odiava que ele não participasse das discussões em sala, mesmo que eu soubesse que ele teria todas as respostas corretas.

    Odiava o modo como os outros alunos olhavam para ele. Como o cobiçavam. Como o intimidavam. Odiava que ele tivesse de chorar a morte do irmão sozinho. Odiava que ele se sentisse solitário, sem jamais demonstrar isso.

    Eu odiava o quanto sentia falta da sua boca. Da sua risada. Do seu sorriso.

    Eu odiava quão perto estávamos, e quão distante nos sentíamos.

(...)

Eu amava o jeito como Yibo parecia mais bonito a cada dia. Eu amava o fato de que, quando ele entrava na minha aula, já estava em meus pensamentos. Adorava que ele não participasse das discussões em sala, mesmo sabendo que teria todas as respostas corretas.

    Eu amava não ser tendencioso quando corrigia seus trabalhos. Ele era simplesmente um gênio. Amava como, quando eu ia correr, ele se juntava a mim na minha imaginação. Amava como às vezes o flagrava em sala de aula olhando para mim com admiração.

    Adorava a forma como Yibo ignorava os insultos dos outros alunos. Como não deixava que os bullies levassem a melhor. Como não hesitava. Eu amava como ele era lindo sem fazer esforço. Como sempre usava roupas justas, embora encobrir seu corpo pudesse ajudar a calar os idiotas.

    Amava que ele usasse as roupas porque eram de seu  irmão gêmeo. Amava como honrava a memória do irmão com gestos tão simples. Amava o jeito como caminhava com confiança, mesmo nervoso.

    Eu amava seu jeito de andar. Como ficava de pé. Como se sentava.

    Eu amava quão distante estávamos, e quão próximos nos sentíamos.

(...)