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Capítulo 36

    Yibo

    Quero saber quem você era antes de mim.

    Quero ver o mundo que você vê assim.

    Romeo’s Quest

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    Fizemos uma rápida parada antes de ir para a casa da mamãe. Quando Xiao Zhan parou o carro alugado na calçada, eu sorri. Um dos carros na garagem estava coberto de adesivos de algumas das melhores bandas do mundo.

    O carro de Mingjue.

    Enfiei a mão no baú do tesouro e tirei o anel de compromisso de Haiukan e a carta endereçada a Mingjue. Sentir o anel em meus dedos me fez suspirar. Eles teriam sido tão felizes juntos.

    — Vou esperar aqui — disse Xiao Zhan, percebendo meu olhar.

    — Por favor, vem comigo — pedi, saindo do carro.

    Ele abriu a porta e saiu também, fechando-a sem fazer barulho. Cada passo em direção à casa era doloroso. Cada vez que minhas botas de inverno levantavam, sentia como se estivesse sendo apunhalada no estômago.

    Segurando o anel e a carta com uma das mãos e a mão de Xiao Zhan com a outra, subi os degraus até a porta da casa. Olhei para o balanço da varanda, que estava coberto de neve. Pisquei rapidamente, e as lembranças começaram a ressurgir.

(Memórias)

    “Acho que amo o Mingjue”, sussurrou Haiukan no meu ouvido enquanto balançávamos para a frente e para trás na varanda de Mingjue em uma noite de verão úmida. Ele tinha entrado para pegar alguns refrigerantes antes de irmos à feira.

    Eu sorri para o meu irmão.

    “Você ama o Mingjue.”

    Ele me deu um sorriso malicioso e assentiu.

    “Eu amo.”

….

    Balançando a cabeça de um lado para o outro, afastei a lembrança. Apertei a campainha por um segundo. Com o som, porém, tive vontade de recuar.

    Nesse momento, Xiao Zhan apertou mais a minha mão.

    Relaxei.

    A porta se abriu, e quando vi Mingjue pela porta de tela, prendi a respiração. Primeiro, ele pareceu surpreso e um pouco triste. Eu quis não ser tão parecido com ele. Provavelmente bastou me ver para a dor invadir seu coração.

    Mingjue deu um passo para a varanda e seus olhos se arregalaram.

    — Yibo— sussurrou ele.

    Comecei a mover os pés. Meus nervos estavam inquietos.

    Xiao Zhan soltou minha mão, e quando o olhei, ele me deu um pequeno sorriso.

    — Oi, Ming.

    Ele sorriu, seus olhos marejados.

    — “Oi, Ming”? Isso é tudo o que recebo? Venha aqui. — Ele me envolveu em um abraço. Senti seu cheiro, abraçando-o mais forte. — Você está tão bem — sussurrou ele.

    — Você também, Ming. — Nos afastamos e ambos enxugamos os olhos, rindo. — Ah, Feliz Natal! — exclamei, coçando minha nuca.

    Ele abriu um grande sorriso.

    — Então, quem nós temos aqui?

    Virei-me para Xiao Zhan, que estava ao lado, esperando calmamente. Corei.

    — Este é Xiao Zhan, meu... — Fiz uma pausa, sem saber o que éramos no momento.

    — Namorado. — Zhan sorriu, estendendo a mão para Mingjue. — Prazer em conhecer você.

    Mingjue me deu um olhar tímido.

    — Ah, também é um prazer conhecer você. — Ele empurrou a bochecha com a língua.

— Ele é bonitão, não é? — Eu ri e empurrei Mingjue no braço.

— Bem, não fiquem aqui fora. Vamos entrar.

    A hesitação tomou conta de mim. Por alguma razão, senti como se não pudesse entrar sem Haiukan ao meu lado.

— Nós não podemos demorar. Eu só... . Estendi-lhe a carta e o anel. — Eu queria te dar isso. — Pousei o anel em suas mãos e ele deu um suspiro profundo.

— Ele deixou na caixa que você me deu. E pediu que eu te desse essa carta.

    Ele segurou o pedaço de papel bem firme em sua mão.

    — Isto é de Haiukan?

    Assenti.

    Enquanto o observava abrir lentamente a carta, uma sensação estranha de paz tomou conta de mim. Parecia que um livro estava se fechando, o capítulo final da história de amor de Nie Mingjue e Liu Haiukan.

    Ele chorou ao ler suas palavras. É claro que chorou. As cartas de Haiukan sempre faziam qualquer um chorar.

    — Ele era meu favorito. — Sua voz falhou enquanto ele continuava a ler a carta.

    — Eu sei.

    — Às vezes me pergunto como vou conseguir começar de novo, sabe? Como vou... — Ele tossiu e passou a mão no rosto encharcado de lágrimas.

— Como vou ser feliz de novo um dia?

    — Você começa devagar. — Xiao Zhan avançou, colocando a mão no ombro de Mingjue.

— Você se permite sentir o que quer que esteja sentindo. E quando começar a se sentir feliz, não se sinta culpado.

    — Começar devagar — repetiu Mingjue para si mesmo, e inclinou a cabeça. — Nossa! Ele é bonitão e inteligente. Muito melhor do que SuShe.

    Eu ri com o comentário dele e o puxei para um abraço de despedida.

    — Se cuida, tá?

    Ele se afastou e beijou minha testa.

    — Você também, Yibo. — Virando-se para Xiao Zhan, Mingjue apertou sua mão.

— Xiao Zhan... Cuida do meu  irmão mais novo, tá?

    Xiao Zhan segurou a mão de Mingjue por um segundo a mais e sorriu. E então enfiou as mãos nos bolsos.

    — Vou cuidar.

    Ele ia.

(...)

Sr. XiaoWhere stories live. Discover now