XII

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Já são 07:30 da manhã.

Estamos saindo do hospital, e Pietro acaba de receber alta. Passamos a noite em claro.

Giovanna ficou com ele no quarto e eu aguardando na recepção. Não quis incomodá-los ou ser invasivo.

Eu já havia ultrapassado muitos limites.

Quando o médico passa na sala e libera o Pietro, uma das enfermeiras me chama pra avisar e eu vou vê-lo.

Está bem melhor e até animado. Parece ter gostado da ideia de poder desenhar e escrever no gesso.

- Tio Nero! - Ele chama minha atenção do banco de trás do carro. - O senhor quer escrever no meu gesso?

- Mas é claro, rapaz! Vou ser o primeiro. - Olho para ele pelo reflexo do espelho retrovisor.

- E o Enzo pode ir lá em casa?

- Pode sim, pode deixar que eu levo ele pra ir te visitar.

-Ele tá mais calmo? Sua irmã falou alguma coisa? - Giovanna fala pela primeira vez desde que iniciamos o percurso dentro do carro.

-Tá sim.

Ela passou a maior parte do tempo em silêncio ao meu lado. Me dispus a ir dirigindo pois ela estava com um semblante muito cansado hoje pela manhã.

- Nero, se não for incômodo, você pode passar em uma farmácia, por favor?! Preciso comprar os remédios.

- Oxi! Claro, Dona.

- Dona... - Ela diz rindo. - Você não para, né?!

Dou de ombros.

Estaciono o carro em frente a uma farmácia.

- Tu quer ficar no carro e eu vou lá comprar?! - Pergunto.

- Não, obrigada! Eu preciso ir comprar algumas coisas também.

- Então nós esperamos aqui, né cabrinha?! - Digo olhando para o banco de trás.

- Ah, mas eu também quero ir tio.

- Então vamos todo mundo. - Ela diz saindo do carro e abrindo a porta de trás. - Pietro, você não vai ficar querendo que eu compre bala fini não, né?!

- Só um pacotinho, por favorzinho! Já acabou as minhas.

- Você comeu aquilo tudo, garoto?!

Sigo atrás deles escutando a conversa. Pietro vai direto para a sessão de doces e ela para o balcão de atendimento.

Pietro vem até mim.

- Tio Nero, vem me ajudar a escolher. - Ele segura minha mão e sai levando até o local de doces.

De longe, observo a Dona pegar uma cestinha e sair pelos corredores escolhendo algumas coisas.

- Esse é bom tio? - O Pietro balançar meu braço.

- O quê?

Me perco na conversa e não sei o que ele perguntou, quando volto minha atenção para ele escutamos um barulho. Vem de onde a Giovanna estava.

Aparentemente alguém esbarrou nela, ou ela esbarrou em alguém.

Essa mulher vive esbarrando nas pessoas?!

Pela minha estatura consigo enxergar de longe e vejo que é um homem. Um homem com aparência familiar para mim. Já o vi em algum lugar, só não estou lembrado onde.

Ela não vai surtar com ele?!

Os dois engatam em uma conversa, até amigável pode-se dizer. Pietro fala comigo algo que eu não consigo entender ou me concentrar no que seja.

DonaWhere stories live. Discover now