᪥𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝕾𝖙𝖔𝖗𝖒᪥ - 𝓐𝓮𝓶𝓸𝓷𝓭 𝓣𝓪𝓻𝓰𝓪𝓻𝔂𝓮𝓷

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Pedra do dragão  era silenciosa  a aquela hora da noite, como um septo. A única coisa que se ouvia eram as ondas batendo fortes contra as paredes de rocha que se erguiam ao redor do castelo. O ar estava mais úmido que o normal e o cheiro de sal, fumaça e o agridoce aroma dos dragões era proeminente como uma nuvem envolta da fortaleza.

Visenya Targaryen descia os degraus  longínquos com veracidade, ansiosa em seus passos rápidos, sempre olhando para trás de suas costas como se temesse um intruso em seus planos. A hora da coruja se estendia pelo céu escuro quando a princesa atingiu o último degrau e virou em direção ao fosso dos dragões.
Trajada em vestes grossas para a montaria, ela trazia consigo poucas coisas em uma bolsa lateral, nem mesmo a espada foi trazida naquela madrugada gelada.

Visenya tinha pouco tempo, e sabia que corria riscos ao deixar o castelo a aquela altura da noite, sem avisar ninguém com antecedência, somente deixando um bilhete a seu marido, Aemond. Dizia em palavras simples que fora atrás de seus problemas para enfrenta-los, e caso não voltasse até o sol estar a pino no outro dia, ele devia esquecer-se dela.
Não deu qualquer localização ou pista de seu destino.

Ela correu pelo gramado úmido e macio até chegar ao fosso dos dragões, subiu alguns degraus até chegar a cratera imensa e suspirou aliviada por ter chego até ali sem ser vista, os guardiões a aquela hora descansavam dentro do conforto do castelo e ela tinha passe livre para entrar e encontrar Canibal lá dentro.

O calor que vinha de dentro da abertura era reconfortante diante do frio que o vento marítimo trazia até a pele dela. Anya passou para a escuridão e suspirou, ouvindo os sons de grunhidos e respirações pesadas dos animais que ali descansavam.
Ela pegou uma tocha que se prendia a parede rochosa, com as chamas quase inexistentes mas que eram suficientes para guia-la dentro das profundezas calorosas.
Anya franziu a testa e apertou os olhos na tentativa de enxergar o dragão negro, que se camuflava na negritude da caverna rochosa e úmida.

Ela ouvia água pingando em algum lugar, junto dos ressonares suaves dos dragões adormecidos pelos quais passava, primeiro Caraxes, que se enrolava junto de Syrax num ninho fervente e depois Vermax com Moondancer e Arrax, Tyraxes dormia sozinho esparramado contra as brasas que havia feito no chão.

O fosso em pedra do dragão era diferente do da capital. Ali os dragões não ficavam acorrentados e não tinham cavidades solitárias para cada um, ficavam juntos e livres para sair e entrar quando quisessem.
E por isso Anya temeu que canibal tivesse saído para caçar e a deixado sem montaria para sua fuga do castelo. Seu coração palpitava em ansiedade a cada passo que dava mais para dentro, sentindo o suor escorrer por sua testa e pingar no couro de suas vestes.

Ela tinha a respiração tão rápida quanto as asas de um passarinho apressado, sentindo o nervosismo correr como veneno nas veias e a deixar num pico de estresse grande o suficiente para tenta-la a desistir. Mas ela não tinha feito tudo aquilo para abrir mão de seus objetivos agora, não. Ela estava determinada a chegar até Harrenhal e assim o faria.

Nem que precisasse ir a pé ou a cavalo.

Visenya ergueu a tocha tentando avistar algo a frente, com receio de acabar chegando ao fundo e batendo contra as rochas mas ela ainda não estava tão perto dele, nem de longe pois encostado contra a parede de pedra vulcânica, e tomando conta do duto final da caverna Canibal dormia preguiçoso, com as asas relaxadas e a cabeça apoiada no chão arenoso.

— Canibal? — Chamou ela, o alto valiriano suave ecoando através das galerias.

O dragão pareceu então notar a presença sorrateira de sua montadora e abriu os olhos, o verde incandescente deles  brilhando na escuridão. Ele levantou parcialmente o dorso e chacoalhou a areia do couro fervente, rosnando delicadamente para ela.