𝐒𝐮𝐛𝐥𝐢𝐦𝐞 𝐀𝐦𝐨𝐫 - 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐝𝐞 é𝐩𝐨𝐜𝐚

𝐀𝐥𝐠𝐮𝐦𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐬ã𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐚 𝐚𝐜𝐨𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐫💞

  Para a sorte do jovem casal Steve havia conseguido o seu trabalho de Capinagem nas terras de Lingre perdurar por mais um mês, intercalando o horário de manhã para a faculdade e de tarde para o trabalho, onde também tinha a companhia assídua de Phillipa, e constantemente faziam piqueniques.

  - Como anda a faculdade? - Phillipa perguntou em um dia muito bonito em que Steve descansava no seu período de intervalo, rodeado de comidas que Phill havia preparado e que ele também tinha trazido de casa. - Esse pão está divino!

  - Receita de família. - Ele responde, também dando uma mordida. - Está indo muito bem. Estou na reta final, o que significa que no próximo mês ficarei um pouco ausente, pois será o meu último, finalmente depois de cinco anos. Mas não se preocupe, eu irei na sua peça!

  - Que ótimo! Você será um psicólogo maravilhoso, excepcional. Saberá ouvir os pacientes e dar a eles conselhos e boas direções, pois és a pessoa mais sensível e sensata que eu já conheci. - Steve abre um sorriso com o elogio.

  Seus dentes de cima eram alinhados, mas os de baixo nem tanto, o que tornava o seu sorriso adorável.

  Poderia ser só a magia do amor, mas Phillipa tinha a impressão de que, a cada encontro, Steve ficava ainda mais bonito.

  Seus ombros eram largos e seus braços tinham músculos visíveis por conta do trabalho, e o seu cabelo crespo estava mais baixo, pois ele havia cortado. Seu rosto estava um pouco queimado pelo sol e em suas mãos rígidas haviam calos, resultados de um trabalho pesado de praticamente toda a sua vida. Mas mesmo assim a sua beleza se destacava de uma maneira que deixava Phill impressionada.

  Ao notar tudo isso, Phillipa refletiu por um momento o quanto que ele já não havia trabalhado e sofrido na vida. Sua família era gigante e ele era o segundo homem da casa, era nítido que desde sempre fora esforçado e dedicado quanto ao ajudar na casa.

  Em um de seus encontros ele revelara que já quase havia passado fome aos 7 anos, mas que só não havia passado de verdade porque a igreja juntamente com os seus vizinhos os ajudaram. Ele havia dito isso com leveza como se isso não o afetasse, mas ela sabia que em seu íntimo isso o pegava bastante e que era um dos motivos pelo qual ele trabalhava arduamente ao mesmo tempo que estudava para uma melhoria de vida.

  Sempre que se encontravam e Steve contava sobre sua vida ela percebia o quanto a vivência de ambos eram diferentes, quase que opostas. Ela nunca havia precisado tocar em algum instrumento de trabalho, tampouco trabalhar. Mas sabia que quando se casasse iria viver uma vida muito confortável e privilegiada, e se sentia feliz em saber que Steve iria poder desfrutar dos privilégios com ela.

- Às vezes eu esqueço que os seus olhos são tão diferentes, o que é praticamente impossível! - Ela comenta após divagar pelos seus pensamentos.

- É mesmo, geralmente as pessoas apontam muito para essa característica.

  - Acho que eu nunca lhe perguntei, mas como você é o único da sua casa que nasceu com eles de cores diferentes?

  - Bom, isso foi fruto da escravidão. - A morena sente o seu coração apertar, se arrependendo de ter perguntado. - Minha avó paterna era escrava e sofreu abuso sexual do seu senhor, que tinha olhos claros. Ela acabou tendo o meu pai e eu fui o único que herdei um pouco da genética do meu "avô". Calma, não precisa ficar assim. - Ele acha graça da morena que estava com uma das mãos na boca, chocada.

  - Como não?! - Questiona. - Que história triste! Como vocês são fortes... Mesmo com tantas dificuldades conseguem permanecer com alegria e gratidão. Isso é milagroso.

  - Sim, é. Acontece que ao invés de olharmos para as coisas ruins da vida, nós focamos nas boas. Nesse triste cenário algo de bom aconteceu: meu pai nasceu, eu nasci e agora estou com você! - Ele fala, sorrindo. - Na verdade todas as minhas irmãs sentem inveja dos meus olhos diferentes. - Phillipa ri.