𝐒𝐮𝐛𝐥𝐢𝐦𝐞 𝐀𝐦𝐨𝐫 - 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐝𝐞 é𝐩𝐨𝐜𝐚

𝐂𝐨𝐦𝐨 𝐬𝐞 𝐧ã𝐨 𝐩𝐮𝐝𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐩𝐢𝐨𝐫𝐚𝐫🌩️

Nunca, nem mesmo no dia em que Roberta morrera, a propriedade May ficara com um ar tão pesado como naquele dia.

Após a discussão de Donald e Phillipa a casa estava em completo silêncio. Beth fizera de tudo para que Vitória não escutasse a gritaria dos dois, mas fora impossível, e agora a tensão naquela casa pairava. A pequena não estava entendendo nada e estava muito nervosa com toda aquela situação jamais vista em sua pequena trajetória de vida.

   Assim que a gritaria abaixa, Vitória e Beth vão para o quarto de Phill para tentar compreender o que tinha acontecido.

Phillipa estava trancada no quarto, sem forças para colocar o pé para fora, o que achava uma covardia para com Steve, que estava a esperando por todo esse tempo. Mas como ela iria encará-lo nos olhos e dar-lhe uma notícia daquelas?

Quando permite as duas a adentrarem o seu quarto, ela pede a Beth para que fosse explicar a situação para Steve em seu lugar.

- Mas eu não posso me meter nisso... - Beth intervém, relutante, mas com muita pena.

- Por favor, Beth! - Ela suplica. - Eu não vou conseguir olhá-lo e dizer que o meu pai não aceitou... Pelo menos não agora. Por favor, eu imploro.

Ela estava visivelmente aflita. Seu estado estava deplorável e seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Beth nunca a vira daquela forma.

Ela não queria se meter na história, mas ao olhar para a situação da garota era como se ela se visse há muitos anos atrás quando também foi impedida de viver seu amor. Na verdade era como se ela estivesse revivendo aquele trágico momento, tendo um vislumbre de tudo novamente.

A razão de Beth não queria, mas o coração dela a mandava ir. O que iria acontecer com o garoto se nada lhe fosse dito? Iria ficar em completo estado de agonia, esperando. E se ele resolvesse vir até a casa? Não, ela não poderia deixar mais uma possível tragédia acontecer.

- Está bem, eu falo. - A senhora cede. - Mas prometa para mim que você esclarecerá tudo com ele.

- Sim, eu prometo.

Beth sai do quarto, deixando a garota e a sua irmã a sós.

Phillipa se deita novamente na cama, sentindo-se a pessoa mais covarde de todas. Nem mesmo falar com ele ela tinha coragem! O coitado estava a esperando... Ele estava com tanto medo que não desse certo...

Mas como ela iria se encontrar com ele? O seu coração fora pisoteado pela pessoa a quem ela mais amava na vida: o seu pai, a quem ela tanto depositou confiança, quem sempre demonstrava ser uma pessoa boa, um pai admirável, que iria apoiá-la em tudo... Essa atitude rude fora como um tiro em Phillipa, e ela estava aos pedaços, como um vaso lindo que acabara de cair, com seus muitos cacos espalhados ao chão.

Mas, de alguma maneira, ela sentia que já esperava por isso.

Ela não entendia o porquê relutava tanto para contar a ele sobre o seu relacionamento com Steve, mas no fundo sabia que a sua reação não seria a das melhores, como um pressentimento que ela não entendia o porquê de sentir.

Jamais, em toda a sua vida, ela havia visto um relacionamento interracial. Na verdade ela quase nunca via pessoas negras, e não sabia qual era a opinião do seu pai a respeito, mas de jeito nenhum esperava uma parecida com a que ele teve.

Ela não entendia o porquê de ele não concordar com isso. Steve era um homem incrível e sem dúvidas ele iria gostar dele...

Mas sentia que a culpa por todo aquele lamaçal era dela.

Sim, era dela por ter escondido por tanto tempo. Se já estivesse contado para o seu pai no começo talvez não doeria tanto a rejeição...

Pobre Steve, ansiava tanto para que Phill revelasse de uma vez para que, enfim, eles se casassem. Mas ela não o fez. Se deixou levar pelos momentos e sempre colocava de lado a possibilidade de tornar público essa relação. E agora tudo estava acabado por conta de sua tolice.