¹⁸ Vingança

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— Antes de ler, lembre-se que essa fanfic foi feita no intuito de entreter e agradar os fãs. Caso não goste do shipp, apenas não leia.

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Capítulo 18

Lucifer sabia pouca coisa sobre contratos de alma.

Ele preferia não se envolver com os pecadores até pouco tempo atrás, então nunca se interessou por acordos beneficentes, e os únicos que firmava eram tão esquecíveis quanto o que ele comeu na janta.

Tudo que o rei sabia era que quando alguém entregava a alma em troca de poder ou outra vantagem, apenas o contratante poderia se desfazer do acordo. A outra maneira de acabar com o contrato era matando uma das partes.

Não era justo. Definitivamente não era. Lucifer queria entender o que levava demônios a sacrificarem a própria liberdade, em troca de qualquer coisa. Afinal, para o ex-anjo, tudo se tornava fútil comparado ao preço de uma alma.

Mas Alastor caiu nas garras do desejo. A ânsia pelo poder o fez recorrer a um contrato com Lilith, a própria rainha do inferno. O demônio do rádio não estava menos fodido que qualquer outro contratante.

Lucifer já ouviu falar de pecadores que se arrependeram de seus contratos e tiveram que conviver com ele, mas Alastor não era do tipo que voltava atrás. Obviamente o Overlord estava bastante satisfeito com suas habilidades e faria de tudo para mantê-las. Matar o rei do inferno apenas lhe garantiria o sucesso desejado.

Entretanto, algo estava estranho naquela equação.

Não foi uma ou duas vezes que Lucifer se mostrou vulnerável frente a Alastor. Ele poderia tê-lo matado em uma dezena de ocasiões, as quais o rei tampouco perceberia a intenção assassina. Porém, irrelevante a isso, o demônio do rádio nem ao menos tentou tocá-lo.

— O que você quer de mim, Alastor? — O rei clamou, sozinho, em seu escritório.

A melhor hipótese era que o demônio de fato enxergava Lucifer como uma fonte de entretenimento, e se recusou a matá-lo para não perder um brinquedo valioso.

O rei do inferno estava grogue de tanto chorar. Parecia envenenado pelas próprias lágrimas e incompetência. Afundar-se na lamúria era um recurso válido, levando em conta seu estado atual, então, quando ele não aguentava mais sorrir diante de outras pessoas, inventava um compromisso e se escondia no breu.

Ver Alastor era o que mais lhe causava ânsia. A mistura de amor e arrependimento o consumiam e o deixavam tonto. Ainda assim, Lucifer se recusava a ceder. Perder o afeto de quem gostava, outra vez, era um pesadelo pior do que qualquer outro.

Lucifer tinha medo do abandonado, da solidão, da eternidade sozinho. Ele temia a perca e a forma como o sentimento de frustração e rancor contra si mesmo o devoravam.

Lucifer preferia prender-se a mentira a aceitar a verdade.

O rei encarou a aliança prateada em seu dedo. O objetivo parecia queimar no local, lembrando-o a todo instante do relacionamento perturbado. Ele teve vontade de tirá-la e esquecer por um único segundo a dor, mas temia não conseguir colocá-la novamente.

— Agora eu entendo. — Murmurou, com a voz rouca. Sua garganta estava dolorida por conta do choro. — Todas as vezes que você se aproximou, sempre que aparecia do nada e agia como se fosse outra pessoa... — Ele engoliu em seco, fechando a mão em punho até as unhas arranharem a pele. — Foi tudo planejado.

Corações Partidos | RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora