38. Ele é como uma Confusão

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JUNGKOOK

Minha mãe e eu estamos jantando há dez minutos, em silêncio.

Eu ainda não consegui dizer uma palavra do que eu havia ensaiado — mentalmente — sobre o colégio Dallas.

Puxa.

Cheguei em casa há mais de uma hora e, desde então, meu coração está acelerado de nervosismo. Passei o resto das aulas pensando em tudo que preciso falar, cada um dos meus receios, medos, vontades; tudo que eu estou sentindo.

A cada segundo, fica mais difícil guardar esses sentimentos — mas mais difícil ainda, é colocá-los para fora de mim.

Puxa vida. Por que eu estou tão receoso? Mamãe é tão compreensiva... e eu estou tão bem preparado. Até cheguei a escrever o que quero dizer — como Seokjin me aconselhou a fazer. No ônibus, ele me disse que um "roteiro" me ajudaria a lembrar de todos os pontos importantes sobre a minha decisão de não ir para o colégio Dallas no ano que vem, e foi o que eu fiz.

Estou segurando esse roteiro agora, embaixo da mesa, e olhando discretamente para ele a cada cinco segundos. Mas mesmo que ele tenha tudo que mais me incentiva a dizer, a me abrir com minha mãe e falar como me sinto, ainda não consegui dizer nada.

Puxa. Por que estou tão inseguro? É porque Juna disse um monte de besteiras essa manhã? E no fim de semana? Ela não sabe de nada, e é uma idiota maldosa... então por que ela continua me causando isso?

Respiro fundo. Mamãe está colocando mais queijo ralado em seu espaguete — ela já fez uma montanha de queijo, mas não para de colocar mais — e não me percebe olhando-a com atenção.

Sinto minha boca tremer. Abro-a uma, duas, três vezes. Nada sai...

Até que...

— Mãe? — chamo. Finalmente.

Minha mãe solta o queijo ralado.

— Sim, querido?

Normalmente, mamãe e eu trocamos poucas palavras no jantar. Conversamos bastante enquanto cozinhamos, mas quando comemos, ficamos mais silenciosos — papai diz que é porque gostamos de nos concentrar no sabor da comida. Quando meu pai está presente, falamos mais porque ele é tagarela.

Agora que somos apenas eu e a minha mãe na maioria dos dias, o silêncio é comum nas refeições — o que só torna mais difícil começar o assunto sobre o colégio Dallas, puxa...

Minha mãe continua me olhando, esperando que eu diga alguma coisa. Noto que ela parou de enrolar o macarrão no talher, e sinto que preciso falar algo logo. Rápido. De uma vez.

— Mãe... eu... — Inspiro fortemente. — Eu queria falar sobre... — Olho para o papel sob a mesa de novo, voltando rapidamente para minha mãe. — Sobre o... colégio D-Dallas.

Apesar do meu aparente nervosismo, mamãe continua calma e paciente, olhando para mim com carinho.

Quando não falo nada por longos segundos, ela me encoraja:

— E sobre o que você quer falar, meu bem?

Engulo em seco, olhando para o meu prato. Puxa. Preciso começar...

— Bem... eu... não consegui comentar com vocês hoje de manhã que eu não quero... não quero estudar no colégio Dallas. Nem me mudar daqui. — Não consigo olhá-la. Ainda não. — E-eu... eu sei que é uma oportunidade incrível, mas... não consigo gostar da ideia. Me sinto muito assustado com isso e não... não me vejo fazendo nada parecido...

Ele é Como Rheya {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora