PESADELO

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Pesadelo

Liza

Ethan deitou por cima de mim, nu.

E meu grito me fez despertar.

Abafei a voz com o travesseiro e levantei de sobressalto da cama.

Mesmo sabendo que nada havia acontecido de verdade, sentia repulsa de mim, os flashes se repetiam em minha cabeça, Ethan me beijando, eu o desejando...

Chorei convulsivamente. Dominada pela falta desesperadora do algo. O algo que eu não sabia o que era. Algo morno, algo que eu amava, algo que me acalmava, mas eu me encontrava incapaz de lembrar.

Enxuguei as lágrimas com o dorso da mão e levantei.

Precisava sair de meu quarto. Andei até a escada e de cima pude ver Raquel no sofá.

Desci e sentei ao lado dela:

- Oi Raquel, o que você está assistindo?

- Shhhhhh – pediu erguendo a mão sem se virar para mim – O noticiário, veja – ela apontou para a televisão.

Uma tarja transparente com os dizeres: Breaking News intitulava a matéria, e a voz do jornalista narrava o que parecia ser mais um caso de desaparecimento:

- A última vítima, deixou sua casa na noite de ontem e teve seu corpo encontrado essa manhã, no banheiro da loja Macys, em West 34th Street, Herald Square.

De acordo com Christian, funcionário do local, a menina parecia ter falecido, assustada. Seus olhos estavam arregalados em terror e não havia cor em sua face.

A polícia informou ao jornal que está apurando os detalhes e optou por não se pronunciar, enquanto não tiver um depoimento concreto.

A jovem de 17 anos, se torna agora mais uma vítima dos crimes que veem assombrando Nova Iorque desde a segunda noite de janeiro, que infelizmente, já soma um total de dez vítimas, em trinta dias.

Todas jovens de 17 anos, com morte causada por enfarto súbito do miocárdio, segurando uma flor desconhecida, aparentemente de pétalas negras.

Ainda não se sabe se o caso se trata de um mais novo serial killer, ou uma gangue que pode supostamente drogar suas vítimas. Até o momento não há suspeitos.

Se você possui qualquer informação, ligue diretamente para 212 - 789-4661

Os cabelos de meu braço se arrepiaram enquanto eu assistia o noticiário.

As mortes começaram no dia em que chegamos a Nova Iorque.

Fotos das meninas foram aparecendo enquanto o jornalista falava, todas tão novas, sorrindo, felizes. Se o padrão era a idade, Raquel poderia estar entre elas. Esse pensamento me deu enjoo. A olhei de esguelha mas ela parecia tranquila, alheia a esse detalhe.

Voltei ao quarto e passei a noite me revirando na cama. Os pesadelos se alternavam em meninas mortas, e Ethan deitando por cima de mim.

Flocos de neve caíam pela janela sem parar quando acordei.

Imaginei o gelo que estaria fora de casa e pensei na mesma hora em Toffee, sozinho pelas ruas, congelando de frio. E se ele fizesse como todos os outros dias, estaria lá me esperando no nosso banco no Central Park.

Sai decidida a arranjar uma maneira de tirá-lo da rua. Não sabia exatamente o que faria, mas precisava fazer alguma coisa, afinal era o único amigo que eu tinha no momento, quer dizer, o único amigo que eu conseguia me lembrar.

O Templo - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora