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Amanda


Optou pelo não. Aprendeu que existem certas verdades que funcionam melhor se permanecem ocultas. Pena que não pôde ocultá-la de si. Sabia que nunca mais seria a mesma, após o revelado na Casa do Mago.

Passou a viagem de volta ruminando os últimos acontecimentos, mas não chegava a nenhuma conclusão logicamente aceitável.

Desceu do avião e procurou Ben no desembarque. Mais de quarenta minutos se passaram e nada. Sabia que ele estava aprontando alguma.

Bufou impaciente e ligou várias vezes seguidas para seu celular. Caixa postal.

Que ótimo, agora teria que esperar duas horas até o próximo ônibus e mais duas horas até chegar em casa.

- Srta Amanda? - Estremeceu ao sentir um toque no cotovelo. - O sr Benjamin solicitou que eu a levasse até em casa. Por favor.

O homem fez um gesto indicando um sedan parado no lado de fora, pôde ver pela porta de vidro automática.

Arqueeo as sobrancelhas, tudo bem que ele sabia quem ela era e disse o nome de Ben, mas continuava sendo um estranho no aeroporto. Ela não sairia simplesmente entrando no seu carro.

- Ele me pediu que lhe entregasse isto. - Acrescentou o homem que deduziu ser o motorista, colocando um papel dobrado em suas mãos.

"Minhoquinha, deixe de ser desconfiada e entre logo no carro. Eu o contratei para buscar você porque estive muito ocupado esse final de semana cuidando de diversos afazeres. Vejo você em duas horas. Beijo do maridão. Ben."

Revirou os olhos incapaz de conter um sorriso. Assentiu para o motorista indicando que iria com ele até Winterhill e entrou no carro.

"...Cuidando de diversos afazeres..." Desde quando Ben fazia isso?

A curiosidade lhe corroía, mas acabou adormecendo durante o percurso.

Despertou com uma freada brusca, abriu os olhos meio grudentos e desembaçou o vidro do carro. Estavam na porta de casa.

Demorou alguns segundos para assimilar o que viu. Pétalas vermelhas contrastavam lindamente com a neve no chão, traçando o caminho que ela faria até subir as escadas para abrir a porta de casa. Sabia que Ben estava aprontando alguma coisa.

- Desculpe pela freada srta. Ele me instruiu que eu não parasse um milímetro sequer, distante do caminho das pétalas. - O motorista sorriu para mim e ela sorriu de volta.

- Sem problemas. Obrigada pela viagem tranquila.

Desceu ansiosa do carro e subi lentamente os degraus. Parou na porta, uma música alta vinha lá de dentro. Ben ouvindo piano clássico?

Girou a maçaneta e a casa estaria escura se não fossem pelas velas espalhadas em castiçais pelo corredor. Iluminavam o caminho até o quintal lá fora. Um cheiro doce preenchia o ambiente, parecia canela.

Deu alguns passos hesitantes enquanto a vista se acostumava com o escuro e esbarrou em uma banqueta de madeira.

Neste encontrou um pedaço de papel dobrado e uma máscara de dormir, com olhos de gato desenhados no lugar onde ficariam suas pálpebras.

Amanda sorriu ao ler:

"Vende seus olhos minha gatinha e deixe-me lhe guiar aos seus sonhos essa noite."

Os joelhos amoleceram e o estômago desceu uma montanha russa. Deu mais um passo a frente e se assustei quando dois braços lhe envolveram por trás em um abraço apertado.

- Bem vinda de volta, amor. Tenho uma surpresa para você. - Cochichou Ben em seu ouvido lhe deixando arrepiada.

- Que susto, Ben! O que é tudo isso?

- Shhh. Só estou aqui para garantir que coloque a venda sua teimosinha.

- Mas o que você está armando?

- Só irá descobrir se colocar a máscara. - Sua voz não deixou dúvidas. Quando Ben estava determinado a algo, era melhor não insistir.

Cobri os olhos e deixou que lhe guiasse. Ele a levou a passos lentos até a porta do quintal.

- Está preparada?

Perguntou antes de abri-la. Estava tão ansiosa que perdeu a voz, apenas mexeu a cabeça para cima e para baixo.

Ouviu o clique da maçaneta, Ben saiu de trás dela e a circulou ficando de frente. Estar vendada intensificava os sentidos. Escutou os passos de Ben e sentiu sua mão alisar seu braço. Ele respirou alto, em meio ao som do piano no fundo e sem dizer nada, removeu a máscara que cobria seus olhos. Amanda ficou extasiada, apaixonada com a cena.

O muro do quintal estava coberto de várias trepadeiras de onde nasciam rosas vermelhas e pequenas lâmpadas amareladas as circulavam dando ao ambiente um tom perfeito de sépia.

No chão havia um tapete vermelho felpudo com várias almofadas de cor vinho sobre ele. Em uma pequena mesa de centro no canto sob o tapete, viu um balde com uma garrafa e duas taças.

E na frente das almofadas, pequenas velas dentro de recipientes de vidro formavam a pergunta:

"Casa comigo?"

Diziam as letras iluminadas naquele ambiente com uma suave penumbra.

Sua respiração estava arfante. Não existia um pingo de dúvida nela quanto a isso. Ben foi o homem que sempre quis. Apenas levou muito tempo para admitir. Tomada de felicidade, não foi capaz de formar as palavras para lhe responder.

Ele a fitava do chão, sentado ao lado das velas. Sustentava um sorriso tão sincero e uma expectativa tão genuína em seus olhos, que teve vontade de se jogar nos braços dele, mas estava congelada.

Ainda do chão ele se aproximou de suas pernas e a puxou para seu colo.

- Você quer me enlouquecer? - Ben segurou seu rosto entre suas mãos e a beijou.

- Casa comigo Amanda? - perguntou de novo interrompendo o beijo.

- Sim, sim, sim. - respondeu lhe beijando e se deixou preencher daquela sensação absurdamente feliz.

Lá no fundo, não soube dizer de onde veio, uma voz serpenteou em seus ouvidos:

- Aproveite Amanda. Porque não vai durar muito tempo.


Ainnn, que romântico esse Ben! E lá vem Olaf pra estragar. Quem mais quer ver Olaf sofrendo levanta a mão: o/

Beijossss e até quinta!

O Templo - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora