CÉU VERMELHO

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CÉU VERMELHO

Nathaniel

— Você realmente anda se esforçando, Nate. Devo admitir. Mas é em fracassar.

Eu fitava minhas mãos apoiadas sobre os joelhos. As abria devagar e fechava lentamente em punho, ainda tomado da necessidade de acabar com o sorrisinho no rosto de Adrian. Acho que repetia o gesto na esperança de acalmá-las, como se essas tivessem vida própria. Passei algumas horas assim, até sentir algo errado com Liza. Levantei os olhos e as luzes das dezenas de lojas e displays luminosos da Times Square tomarem forma pela primeira vez desde o minuto em que ocupamos uma das mesa vazia na calçada.

Como não admitia ser ignorada, Gaia veio para cima de mim e sentou no meu colo. A expulsei com o cotovelo:

— Está preocupada com seu namoradinho? Pensando se o machuquei? — ela cambaleou com sua bota de salto e voltou a se sentar de frente para mim. Como se não bastasse aquela vez, o pesadelo de assistir Liza beijando outro homem, ainda tive que ouvir isso do próprio desgraçado e ler a satisfação

em seu rosto. Um soco foi muito pouco para amenizar a minha cólera.
— Acha mesmo que me importo por ter batido em Adrian? Não é nada disso, Nate. Estou falando da ideia em sua cabecinha, esse desejo de ir atrás da garota.

Ignorei o comentário. Seria exatamente isso o que eu faria. Liza corria perigo agora, pois no tempo em que eu e Gaia aguardávamos Adrian, o infeliz a deixou ir sozinha para Winterhill. Inacreditável.

— Não sabia que sua permissão era necessária.

— Sabe muito bem, Nate, que sou perfeitamente capaz de te impedir. Não me teste.

— Você é perfeitamente capaz, Gaia. Admito — Gaia estreitou os olhos satisfeita, me levantei e lhe abri um sorriso olhando-a de cima:

— De tentar.

Sorri por dentro ao perceber um misto de raiva e incredulidade em sua expressão, antes de desaparecer. Finalmente me vi livre para encontrar Liza.

◆◆◆

Liza

Nós somos três. Nós somos três. As palavras se repetiam. Misturavam- se ao som de Ethan engasgando.

Não sei quantos minutos minha cabeça girou apoiada no chão. Demorei para compreender que estava de volta ao meu antigo quarto.

Foi assim que cheguei ali, assim sem saber como exatamente.
Levantei trôpega, dei passos curtos e vacilantes até o armário.
Minha tentativa de recuperar a memória foi inútil. Apenas somei problemas à longa lista que já possuía e, pela hora, mal daria tempo para um banho. Agradeci aos céus por estar sã e salva no momento, mesmo sem explicação para o fato. Aparentemente Noah me deixaria em paz, por enquanto.

O Templo - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora